Capítulo 20 ✔️

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Ashyla narrando

Desperto com a visão turva e a mente confusa, sinto meu corpo sobre uma textura macia e me remexo para me sentar sentindo um aroma estranhamente familiar. Após devidamente enxergando observo espantada o lugar onde me encontro.  Na sala da minha antiga casa.
 
Como raios vim parar aqui?

Me levanto devagar observando as coisas exatamente como estavam antes de partir. Olho para os degraus que leva até o segundo andar e por um momento hesito em subir, mas acabo sendo guiada pela saudade e tristeza que tomaram conta de mim. Enquanto subia lentamente a escada observava o corrimão prateado que tanto foi motivo de repreensão para mim, e de lindos tombos quando decidi que seria uma boa ideia usa-lo como meio de chegar mais rápido até o andar inferior.

Vou a passos lentos até meu quarto, quase deixando lágrimas caírem ao observar um quadro com a fotografia minha junto de meus pais pendurado na parede.

_ Papai, mamãe, amo vocês... - susurro com a voz entrecortada e os olhos queimando.

Fungo e continuo minha caminhada até o quarto. Fico parada observando a porta tingida de branco sentindo-me melancólica e nostálgica. A abro vagarosamente e entro de igual modo observando-o agora quase vazio, apenas móveis, meus olhos vão de encontro com meu violão que se encontra posicionado em cima da minha cama, com apenas uma simples flanela tampando a boca dele.

Caminho até a cama me sento logo o tomando nas mãos, dedilho algumas notas e logo paro para não chorar. Caminho até o closet observando as poucas peças de roupa que ainda restava nele, maior parte das minhas roupas ficaram no orfanato, provavelmente já foram queimadas pela bruxonilda da diretora. Saio do meu quarto e caminho até o dos meus pais. Entro no closet e está tudo como da última vez que estive aqui. Saio logo de lá antes que seja Impossível segurar o choro.

Vou para a sala escorregando pelo corrimão e sento no sofá fechando os olhos para acalmar a confusão de emoções dentro de mim. Fico pensando em como depois de meses a casa está limpa sem nenhuma sujeira. Deixo isso de lado, suspiro e abro os olhos  me levantando assustada ao me deparar com uma figura sentada no sofá oposto me encarando.

É uma linda mulher, sua pele é tão alva quanto a minha, se possível até mais clara, com cabelo azul como o meu, a diferença é que o dela reluz, um belo vestido cristalino cobria seu corpo até os pés se estendendo em uma pequena calda no fim, as mangas longas começavam a se alargar um pouco acima do pulso, como uma calda de sereia, se suas mãos não estivessem cruzadas por cima do corpo, as cobriria.

Olhando sua face via-se um singelo e branquinho sorriso contornado por seus lábios avermelhados, seus olhos, seus tão cativantes olhos é azul cintilante, diferente dos meus suas pupilas brilham num azul mais claro.

Abro a boca sem saber o que falar. É como se já a conhecesse, tenho a sensação de já te-la visto, mas nunca a vi.

_ Perdoe-me se a assustei. - diz com a voz aveludada mantendo o sorriso no rosto.

_ É-é... - gaguejo tentando formular algo. - Quem é você?

_ Sou a Lua, quem lhe escolheu como filha. - abri a boca.

_ Você... É minha mãe?- ela sorriu mais ainda.

_ Sim. Você não sabe o quanto esperei por esse dia. - diz emocionada enquanto se aproximava.

Continuei imóvel.

_ Posso lhe abraçar? - assenti meio hesitante.

Vagamente rompeu o espaço que nos separava e me envolveu em seus braços, um abraço tão acolhedor, senti a mesma sensação de reconhecimento. Me aconchego em seus braços, mas logo o contato é desfeito.

_ Eu lhe trouxe aqui para te dar uma coisa e te dizer algumas coisas. - começa e suspira. A fito com atenção.

_ Antes me diga como vim parar aqui? - questiono olhando em volta confusa.

_ Ah! Isso é seu subconsciente. Pelo visto aqui tem um grande valor sentimental para você, automaticamente ele a trouxe para cá quando a chamei. - assinto devagar.

Logo a mesma me entrega uma chave dourada, nunca tinha visto uma igual. Ela brilhava, e durou três segundos depois de chegar em minhas mãos.

_ Use-a com sabedoria.

_ Para quê vou usar esta chave? - pergunto confusa.

_ No momento certo saberás. Até lá você terá de guarda-la com muito cuidado, lembre-te: cuidado em quem confias. - não entendi o motivo de te-lo dito. Mas concordei.

_ Como você sabe, existe o Venon, o pior e mais forte vilão que já existiu. Ele é imortal. - arregalo meus olhos. - Ele consegue isso, através do poder das trevas e se alimentando de almas. A muitos anos planejavamos como combate-lo.

"Conversando com a Lua de Sangue e o Supremo, entramos em um consenso e chegamos a conclusão que a única coisa que poderíamos fazer era escolher e capacitar  alguém para isso. O supremo designou a mim e a Lua Vermelha a escolhermos alguém como filho. Seriam companheiros, complementos um do outro. Como meio de obtermos sucesso e não fazer má escolha, criamos as relíquias exatamente para esse propósito, o próprio poder faria a escolha, ele saberia melhor que eu e a Lua em quem poderia habitar. Muito tempo se passou até que as escolhas foram feitas"

_ Você, Ashyla, foi escolhida pelo meu poder. Ele viu em você uma portadora forte que não se sucumbiria ao receber tanto poder. - diz tudo olhando diretamente nos meus olhos.

_ Mas... se o Venon é imortal, como vamos mata-lo?

_ No dia do eclipse lunar, onde Lua Azul e a Lua Vermelha se encontrarão, antes de todo o sol está coberto por mim e pela lua vermelha, vocês terão de enfiar uma adaga no coração dele, mas não é qualquer adaga tem de ser a adaga Shyloto.

_ Ainda não entendi como uma adaga vai mata-lo sendo imortal. - falo confusa.

_ Ela é amaldiçoada, quando atinge o coração de alguém, a alma do indivíduo é transportada para ela.
Não pode ser qualquer um a usa-la, tem de ser uma pessoa forte, não fisicamente, mas psicologicamente. Ela exige muito energia da pessoa, tem de ser digna e forte o bastante para sua alma não se corromper.

_ Tá! Mas como vou encontrar essa adaga?

_ No mais auto monte, no mais profundo abismo. - legal! Só me faltava ela falar em enigmas .

_ O tempo está pouco, as trevas estão se preparando, o dia mais temido chegará, preparem-se, busque aliados para juntos poderem vencer esse mau, lute com coragem e dignidade, não deixe o mau triunfar, se isso acontecer toda luz se esvaecerá e as trevas se erguerá.

.....

FILHA DA LUA AZUL _ Guardiã Onde histórias criam vida. Descubra agora