Harley Woods ✔

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APRESENTAÇÃO

Se existe pessoas de cabelos tão vermelhos como o carmesim e olhos também vermelhos? Não... Acho que não, claro, tirando eu como excessão. Se fosse para considerar uma das criaturas mais bizarras existentes no mundo, é bem capaz que eu apareça no meio deles. As pessoas me evitam de uma tal forma que é quase impossível não pensar que você seja realmente um monstro, parece que temem que a qualquer momento eu apareça com uma nave espacial e saia abduzido todos que estão pela frente.

Vivo como um animal enjaulado dentro de um quarto de orfanato. Não faço nem ideia de quem seja meus pais, devem terem me largado na porta desse maldito orfanato e sumido no mundo. Talvez tenham se assustado com uma criança de olhos vermelhos e a abandonaram em um lugar no meio do nada. O que me faz duvidar, mesmo que seja uma dúvida mínima, sobre isso, é um  colar prata com o formato de duas luas crescentes, uma vermelha e outra azul, que sempre esteve comigo. Se meus pais realmente não me quisessem, por que deixariam um colar comigo? Seria alguma pista para encontrar minhas origens?

Prefiro não ficar pensando muito nisto.

Não sou permitida a ir a escola, não posso me sentar na mesa e me alimentar junto com as outras pessoas que aqui estão, não posso sair desse quarto para nada. Mas não reclamo disso, prefiro ficar aqui no meu mundo onde só existe eu.

Mas bem, tem uma pessoa que cuida de mim desde que entendo da minha existência. John é o nome dele, o zelador do orfanato. Ele é quem trás alimento todos os dias para me alimentar, me ajuda quando preciso... Ele é a figura mais próxima de uma família que tenho.

Ah! E sobre ficar somente dentro do quarto? É claro que não obedeço. Toda tarde vou na floresta que tem aqui perto, o Jhon me treina, me ensina a lutar e manosear uma espada, me ensina também arco e flecha. Tenho uma paixão muito grande pelo arco e flecha, é como se ele fizesse parte da minha extensão, parte de mim. A floresta, sim, é que me faz sentir em casa, de alguma forma estranha ela me cativa, me chama. Se pudesse largava esse quarto de orfanato, eu iría fazer morada na mata.

Todos os humanos ouvem conversas a metros de distância? Claro que não! Então por que raios eu consigo ouvir? Sei que a Clara e a Violetta são melhores amigas e que entre as conversas entre elas ouvi a Violetta contar para a Clara que estava gostando de um tal de Marcelo da turma dela da escola. Ouço a bruxa da diretora conversando sozinha no seu escritório reclamando do quanto odeia esse orfanato. Se não gasta dele então por que raios trabalha aqui? O pior é que tenho que ouvir todos os murmúrios das pessoas falando sobre "a monstra do quarto dos fundos", isso graças as histórias criadas pela diretora para que os outros habitantes daqui não chegassem perto do meu quarto. Já me acostumei com isso, mas as vezes incomoda, incomoda muito. Minha vontade é ir até lá e tampar a boca de todos.

As vezes acho que sou algum tipo de ser sobrenatural, mas me lembro que isso não existe.

Eu estudo aqui no orfanato mesmo, dentro do meu quarto.

Tenho vontade de corta a língua de quem escolheu meu nome. Onde já se viu nome masculino em uma mulher?

Bem, esta sou eu, Harley Woods de 16 anos.

...🌕🌘🌓🌒🌑...

Acordei exatamente 6:30 da manhã com os raios solares batendo em meu rosto me deixando cega por um instante, fiquei ali até meus olhos se acostumarem com a claridade. Levanto meio relutante indo até o banheiro, faço minha higiene matinal e tomo um banho bem relaxante. Saio e vou direto procurar uma roupa. Uma calça jeans, uma camiseta preta e uma blusa moletom rosa bebe com capuz. Só o povo do orfanato basta saber que sou assim, então para esconder coloco um capuz. Penteio meus cabelos longos onduladas e passo um blush rosinha na minha pele bronzeada. Ouço alguém batendo na porta, sei que é  o John com o meu café da manhã e vou logo atender.

_ Bom dia, Ley! Dormiu bem?- pergunta com seu usual sorriso gentil.

_ Bom dia, John! Dormi sim, e você?- perguntei também sorrindo enquanto cedia passagem para ele entrar.

_ Muito bem! Bom, aqui está seu café da manhã e, se eu fosse você se apressava, o professor já está quase chegando.- disse me apressando. Devorei meu café em poucos minutos.

_ Obrigada John- disse sorrindo enquanto ele se retirava com a bandeja vazia, ele apenas sorriu. Esperei apenas uns dois minutinhos e já estava ouvindo os passos de alguém subindo as escadas, sei que é minha professora, então vou até a porta e a deixo aberta para que ela entre enquanto pego meus materiais necessários para hoje.

_Bom dia, senhorita Woods!- disse a professora Evelyn enquanto entrava no quarto.

_Bom dia prof, já disse que pode me chamar somente de Harley ou Ley mesmo. - disse enquanto sorria para ela, torcendo para que me chamasse de Ley e não Harley.

_ Tá bom, Ley. - falou enquanto deixo escapar um discreto suspiro de alívio. - Pronta para a aula?

_ Sim, claro! - disse enquanto pegava o caderno e o livro de matemática. Ela passou a pág 138, explicou a matéria que peguei rápido, passou as atividades, como tenho facilidade em matemática fiz rápido. Matemática é minha matéria favorita.

Hoje teria 2 tempo de matemática, 1 de língua inglesa e 2 de história. Das 7:00 horas até 12:00 dia. Depois do almoço faço as lições de casa, depois vou fazer alguns cursos online no celular de francês, italiano e espanhol faço somente essas três, sou fluente em todas, mas para não perder a prática fico conversando com outras pessoas por um aplicativo já que não tenho ninguém aqui para conversar junto comigo.

Vocês devem está se perguntando quem me deu um celular e até mesmo banca minha Internet. Bem, o John me deu esses recursos já que a diretora não movería um dedo para me dar esses caprichos.

Já são três horas da tarde e me encontro ansiosa para sair logo desse quarto, cada segundo que Jhon demora mais a chegar com o meu café mais eu fico sem minhas unhas. O motivo desta ansiedade toda? Bem, sempre depois que o Jhon vem trazer meu café da tarde eu me encontro com ele na floresta para treinar. Me sobressalto ao ouvir as batidas na porta.

_ Atrasou dois minutos, Jhon! - reclamo assim que abro a porta.

_ Calma! A floresta continua no mesmo lugar. - diz rindo e me entregando a bandeja com meu lanche.

_ Mas minhas unhas não. - murmuro pegando meu sanduíche.

_ Tá bem, tá bem! Te espero na floresta. - dá uma piscadela e saí porta a fora.

Como tudo bem rapidinho, quase me engasgando por engolir sem mastigar direito. Depois de engolir meu lanche deixo a bandeja em qualquer lugar e vou para a janela, coloco a cabeça para fora verificando se tem alguém que pudesse ver minha fuga, certificando-me que não, subo no parapeito da janela e passo para o galho da árvore próxima a minha janela, desço um pouco e pulo direto no chão flexionando um joelho no chão para me equilibrar. Corro para a floresta já sentindo a liberdade tomar conta de mim. Sorrio com a sensação do vento acariciando meu rosto. Ao chegar na floresta me surpreendo com alguma coisa sendo lançada em mim, acabo me desviando por puro reflexo.

_ Muito bem, seus reflexos estão bons.- disse enquanto ria da minha cara.

_ Não estou vendo graça. - resmungo de braças cruzados e com a cara fechada.

_ Você tinha que ver sua cara de assustada.

_ Tá bom, chega, vamos treinar logo.- falo enquanto rolava os olhos.

Treinamos a tarde toda, depois voltei para meu quarto tomei um banho e fiquei lendo até a hora do jantar dormindo logo após.

.........

FILHA DA LUA AZUL _ Guardiã Onde histórias criam vida. Descubra agora