Capítulo 6

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America Singer

Aqui no internato não temos acesso à internet e nem sinal de telefone, por isso o único jeito de nos comunicarmos é por carta. Eu sempre amei cartas, apesar de parecer uma coisa de gente velha elas são uma forma linda de ser expressar. O único dia que temos para enviá-las pra nossa família é no domingo, passei várias horas escrevendo pra todos meus familiares ( menos Kota, que não considero meu irmão), depois de enviá-las passei o dia tocando violino. O final  de semana inteiro praticamente trancada no quarto.

Depois das aulas da parte da manhã na segunda feira eu e Marlee fomos almoçar na cantina, confesso que amo esse lugar. A comida é deliciosa e tem várias mesas, onde cada um senta com seu grupinho. Não me levem a mal, eu não gosto daqui por causa da disputa de popularidade, eu gosto pela comida!

- America pra onde vai tudo o que você come? - Marlee me pergunta incrédula quando sentamos na nossa mesa de costume e ela observa minha bandeja lotada de comida.

- Marlee eu estou em fase de crescimento de acordo com meu pai. Aqui temos o prato principal, um suco de laranja, uma maçã como sobremesa e um pedaço de bolo de chocolate como pós sobremesa. - Mostro as comidas que peguei e Marlee me olha chocada.

- Olha olha, não sabia que essa escola aceitava pessoas da sua classe. - Celeste para na minha frente.

- O que você disse? - Pergunto me levantando e ficando frente a frente com ela.

- Todos nós sabemos que você só está aqui por causa da bolsa, você jamais teria condições de pagar uma escola como essa, olha pra você é uma morta de fome! - Celeste me humilha na frente de todos. Marlee me chama pedindo pra sairmos desse lugar, mas sou orgulhosa demais pra deixar isso barato.

- Poxa vida, a patricinha mimada acha mesmo que vai me ofender com essas palavras medíocres! Se eu sou morta de fome, você é morta por dentro. Do que adianta ser rodeada de pessoas, sendo que elas só querem ver você cair? - A enfrento e dou um sorriso de satisfação por ver que a pose dela de durona desmoronou.
Celeste me dá um empurrão e se eu  fosse um pouco mais magra teria me esborrachado no chão, graças a minha sorte só cambaleio pra trás e logo recobro o equilíbrio. Pego meu suco na bandeja e jogo na cara da esnobe que solta um grunhindo.

- Você é maluca! - Celeste grita chamando ainda mais atenção.

- As duas pra sala do diretor! - Um dos professores que presenciou tudo nos ordena e como sei que não tenho escolha sigo pra sala do capeta. O professor vai com a gente e a morena ao meu lado caminha pisando duro e seus saltos fazem barulho no piso, ela praticamente mudou todo o uniforme, mas ninguém parece ter brigado com ela.

- Você me jogou suco e me enfrentou na frente de todos, vou fazer você pagar por tudo isso! - Ela diz com um sorriso diabólico quando o professor não está olhando. O homem bate na porta hesitante e o diretor pede pra entrarmos. Ele parece mais furioso que o normal.

Depois de o professor contar toda a história da "briga" o Clarkson pede pra ele se retirar e sobra só eu e a nojenta.

- Senhor Clarkson, não foi minha intenção empurrar essa garota, o senhor conhece minha família e sabe que os Newsome sempre ajuda o internato financeiramente e que me deram uma ótima educação. Essa menina que oferece risco a reputação daqui. - Celeste diz como se fosse a inocente da história.

- Sem querer!? Você fez de propósito sua insuportável! - Aumento meu tom de voz pra falar com ela.

- Silêncio - O capeta em pessoa grita e nós duas nos calamos. - Quem decide as coisas aqui sou eu, senhorita Newsome pode se retirar. - Nem acredito nas palavras desse homem e o pior de tudo é a expressão vitoriosa que Celeste faz pra mim.

- Ela que tá errada. - Questiono a decisão dele quando Celeste bate a porta.

- Não me questione! A senhorita é um risco pra integridade desse internato, eu estarei de olho no seu comportamento, qualquer passo em falso você será expulsa. Como castigo pela sua atitude, irá limpar e organizar os livros da biblioteca.

- Mas aquilo lá é gigante! - Reclamo e ele me fulmina com o olhar.

- Eu não estou pedindo, estou ordenando. Fique tranquila, a senhorita terá ajuda de outro baderneiro como você. Agora vá cumprir seu castigo imediatamente. - Saio da sala desse velho pisando duro.

- Você tem que entender que eu sempre ganho, não importa como, eu ganho! - Celeste que provavelmente estava me esperando pra rir das minhas custas, diz e depois sai desfilando pelo lugar. Eu ainda vou dar o troco nela ou não me chamo America Singer.

Me dirijo até a biblioteca, quanto mais cedo eu acabar esse castigo melhor vai ser. Entro no lugar mais está vazio, cadê a pessoa que vai me ajudar? Eu que não vou fazer tudo sozinha!

- Oie Meri. - Escuto a voz familiar atrás de mim e quando viro vejo Aspen com o uniforme de educação física.

- Oi, então quer dizer que você é o baderneiro que o diretor falou que vai me ajudar? - Pergunto achando graça.

- Nunca tente jogar bola no quarto, a janela pode quebrar. - Aspen me conta rindo.

- Vamos começar logo. - Começo a organizar os livros que estavam fora da prateleira e Aspen limpa o chão.

- Você fica muito linda com esse uniforme, na verdade sempre fica linda. - Ele diz e eu gelo, logo agora que eu tinha achado que tinha superado ele!

- Obrigada, mas não é verdade, esse uniforme é ridículo. - Tento mudar o assunto.

- Pode ser ridículo, mas não fica ridículo em você.

Quando tento alcançar uma prateleira que fica no alto acabo torcendo o pé e caindo da pequena escada, Aspen vem correndo de onde estava pra me ajudar.

- Meu Deus você se machucou? - Ele pergunta com a voz preocupada.

- Meu pé está doendo. - Minha voz fica trêmula por causa da dor e ele analisa meu pé.

- Acho que na verdade você torceu o tornozelo. Deixa eu te colocar na cadeira. - Ele pede e me leva no colo até uma cadeira qualquer. Quando me sento ele se agacha na minha frente e continuando analisando meu pé. - Vamos ter que te levar a enfermaria.

- Tudo bem. - Respondo e faço cara de dor quando ele aperta forte demais meu tornozelo sem querer. - Só espero não estar tomando seu tempo.

- Olha pra mim America. - ele diz e segura meu rosto delicadamente com as mãos. - Você não toma meu tempo, sempre que eu puder te ajudar eu vou. Não importa o que aconteça eu sempre vou te amar, nunca se esqueça disso. - Quando olho naqueles olhos verdes percebo a sinceridade de suas palavras.
Aspen aproxima sua boca da minha e....

(...)








Triângulo amoroso? Temos...

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