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— Por aqui. — Jeno direciona Jaemin enquanto ele acena em direção à escada. Jaemin segue logo atrás quando o garoto começa a subir as escadas.

Jaemin percebe rapidamente que cada passo parece ser mais estridente que o anterior. Embora ele não esteja tão assustado quanto antes, o som ainda causa um pouco de desconforto em seu intestino e uma tensão em seu corpo. Ele odiava cada segundo disso.

Quando os meninos chegam ao topo da escada, Jeno continua. Jaemin hesita um momento ao perceber que as escadas levam diretamente a um corredor com apenas portas dos dois lados. Ele estava sendo atraído para uma sala, e o pensamento de ser horrivelmente assassinado como um sacrifício passa por sua mente. De repente, Jeno para, no meio do corredor. Ele se vira lentamente e encara Jaemin.

— Você está vindo? — ele pergunta: — Ou você acha que estou tentando te sacrificar a Satanás? — Os olhos de Jaemin se abrem o mais humanamente possível. Ele quase engasga com a própria saliva, tendo que tossir um pouco para evitar fazê-lo. Sua reação faz com que Jeno ria ofegante para ele.  — Estou só brincando. Acalme-se. Preciso ir para a minha... sala de trabalho... tenho um livro que deixei lá que preciso.

— Tudo bem — Jaemin gagueja enquanto ele relutantemente continua seguindo-o.

Parte de Jaemin espera que Renjun chame a polícia ou arquive o relatório de uma pessoa desaparecida se ele não conseguir sair vivo da casa de Jeno, mas quanto mais ele pensar nisso, mais ele perceberá que provavelmente o repassará como que ele queria passar a noite, e Donghyuck ficaria extremamente preocupado para ele tomar qualquer tipo de ação sólida.

Porra, Renjun.

— Aqui — anuncia Jeno ao abrir a porta do último quarto à direita. Ele prontamente entra, e Jaemin segue logo atrás. Velas acesas vermelhas são colocadas por toda a sala quase árida. Uma estante de livros está embutida na parede à esquerda, com um grande pódio de madeira à sua frente. Os olhos de Jaemin então caem em uma pequena cruz na parede logo atrás.

— Você é religioso? — Jaemin deixa escapar.

— Na verdade não. Minha mãe era. — Jeno responde honestamente.

— Oh... — Jaemin murmura enquanto Jeno se aproxima cada vez mais perto dele.

— Não é verdade o que eles dizem, você sabe — sussurra Jeno no ouvido de Jaemin.

— O quê? — Jaemin gagueja.

— Eu não sou um demônio enviado do inferno — especifica Jeno — Os demônios não podem andar entre os vivos. — Jaemin olha inexpressivo para o garoto estranho por alguns segundos. — Mas às vezes gosto de brincar com fantasmas. — ele admite. — Você já chamou um fantasma antes, Jaemin?

— Eu-eu... Uma vez, meus amigos tentaram me fazer brincar com um tabuleiro Ouija. Mas eu disse que não. — Jaemin o informa, encolhido pelo fato de perceber que Jeno não pediu uma história;  apenas uma resposta sim ou não simples. Ele então se torna conscientemente consciente de como ele aparentemente se importa com a forma como se apresenta a esse garoto. Certamente era apenas tentar ser amigo dele, certo?

— Interessante. — Jeno murmura com um pequeno sorriso malicioso. — Vê isto.

Jeno avança no meio da sala e se senta. Ele dobra as pernas em uma posição cruzada e fecha os olhos.

— Não acho que seja uma boa ideia. — Jaemin fala cansado, mas Jeno apenas o cala.

O garoto respira fundo, devagar, expirando.  Quando ele libera todo o ar de seus pulmões, ele respira fundo outra vez. Desta vez, porém, ele começa a recitar algo em uma língua que Jaemin nunca ouviu em sua vida. Parece vagamente aterrorizante como Jeno murmura indistintamente as palavras em uma espécie de estado de transe.  Sua voz começa a ficar cada vez mais alta quando o rosto de Jeno começa a se contrair de desconforto.

Jaemin ouve algo mudando do outro lado dele, e seus olhos disparam para a fonte do som, encontrando a cruz na parede agora estava virada de cabeça para baixo. 

Os foles de Jeno cessam subitamente e Jaemin volta sua atenção para ele. Seus olhos se abrem, revelando que estavam completamente brancos agora. Quase como se tivessem rolado na parte de trás da cabeça dele. Jeno abre a boca e gritos saem. Mas não gritos normais. Não era nem um grito singular. Parecia que os gritos de um bilhão de almas torturadas estavam saindo da boca de Jeno.

Jaemin cobre os ouvidos enquanto sua respiração se eleva e seu coração bate forte no peito.

O corpo de Jeno de repente se endireita no chão, forçando-o a deitar de costas. Ele de repente se levanta, sem sinal de qualquer esforço para se levantar. Seu corpo ainda está rígido como uma prancha, mas não permanece assim.

Num piscar de olhos, Jeno se afasta de alguns metros de Jaemin e a poucos centímetros de seu rosto. Ele agarra os ombros de Jaemin com força, seus dedos delgados cavando-o com força.

— Sua espécie perecerá com os vivos. Nós destruiremos todos vocês. A Terra será nossa e não há nada que você possa fazer para nos impedir. — diz Jeno em uma voz rosnada anormalmente baixa e profunda. Não parece nada que ele possa produzir naturalmente. Dificilmente soa como o tipo de voz que um ser humano pode fazer. Jaemin olha com os olhos arregalados quando uma mistura de medo e confusão toma conta dele.

Jeno engasga alto enquanto sua cabeça voa para trás.

Ele abaixa lentamente a cabeça, o rosto agora a meros centímetros da cabeça de Jaemin. Seus olhos agora estão de volta ao normal, mas ele parece muito mais pálido do que antes. Ele pisca algumas vezes em Jaemin, parecendo incapaz de falar. Antes que Jaemin possa perguntar se ele está bem, Jeno cai no chão de madeira a seus pés.

— Jeno! — ele grita quando cai de joelhos e começa a sacudir o garoto inconsciente: — Jeno! Acorde!

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