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Jaemin

— Por que todos os seus livros estão em latim? — Jaemin pergunta enquanto folheia as páginas aleatórias de um livro com capa de couro enquanto está sentado no chão.

— Meu pai me ensinou latim desde muito jovem. Ele sentiu que era a melhor maneira de se comunicar comigo, considerando que ninguém por aqui entende — Explica Jeno, folheando o décimo livro sozinho na primeira prateleira.

— Seu pai parece uma pessoa muito secreta — Diz Jaemin. — Ele é paranóico?

— Mais ou menos — Jeno murmura enquanto termina mais um livro com um grunhido irritado. Ele a fecha com força e a joga cuidadosamente em uma pilha bagunçada à sua esquerda.

— Ele... Sabe de mim? — Jaemin pergunta em voz baixa, fazendo Jeno congelar no momento em que ele pegou outro livro.

— Uh... Sim... — Jeno responde fracamente. — Ele... Ele acha que você é perigoso.

— Eu? Perigoso? — Jaemin praticamente gargalha. — Acho que alguém concordaria que você é muito mais perigoso do que eu.

— Não posso discordar, mas também não posso concordar — Diz Jeno em um sussurro, enquanto coloca o novo livro no pódio.

— O que isso deveria significar? — Jaemin questiona com atitude defensiva presente em seu tom.

— É uma longa história — Murmura Jeno, tentando evitar.

— Você também não é paranóico, não é? — Jaemin pergunta com uma sobrancelha levantada.

— Não, na verdade não, apenas... Não sei dizer se posso confiar em você ainda. Quero... Realmente, mas ainda não posso — Diz Jeno.

Jaemin fecha o livro e coloca-o gentilmente ao lado dele. Ele se levanta e caminha até Jeno, que tem o nariz profundamente no livro. Jaemin coloca os cotovelos no pódio, logo acima do livro. Jeno olha para ele através de seus cílios.

— O que posso fazer para que você confie em mim, então? — ele pergunta.

— Eu não sei... Sacrificar um dos seus professores para Satanás? Atear fogo na cidade? Vender drogas? — Jeno sugere.

— Cale a boca — Jaemin ri levemente enquanto bate no braço do Jeno, mas tudo o que ele faz é apenas sorrir fracamente para ele. — Não, sério.

— Você pode se mudar para que eu possa ler meu livro. Isso é um começo — diz Jeno, e Jaemin mostra a língua para ele. Jeno faz o mesmo e retorna à posição depois que Jaemin se afasta.

— Você parecia muito confortável comigo ontem — aponta Jaemin.

— Eu estava sendo legal — retruca Jeno.

— Então, por que os anéis? — Jaemin cantarola.

— Eles custam vinte e cinco ingressos cada, então eu apenas aceitei isso. E não queria ficar com os dois — murmura Jeno.

— E o urso? — Jaemin pressiona.

— Eu poderia dizer que você realmente queria. E não vi nada que quisesse, então por que não? — Jeno responde.

Jaemin faz beicinho com as respostas de Jeno.  Eles não eram o que ele queria, mas eram o que ele deveria ter esperado. Ainda não tira a vaga decepção que enche seu peito.

— Então o que você está me dizendo é que não conseguiu anéis de amizade ontem? — ele pergunta.

— Sim — confirma Jeno.

Jaemin solta um 'hmph' descontente enquanto cruza os braços amargamente.

— Por quê? Você me considera um amigo? — Jeno pergunta enquanto vira mais uma página.

— Talvez — Jaemin resmunga.

— Então você é muito confiante — Jeno murmura.

— Vou fazer você admitir que somos amigos um dia. Juro por isso — promete Jaemin.

De repente, Jeno congela no lugar e abaixa a cabeça. Ele solta um suspiro profundo, depois assente lentamente.

— Talvez um dia — diz ele em um sussurro baixo.

Um som alto assobia vem da porta. Os dois rapazes procuram encontrar um dos gatos de Jeno virado para Jaemin.

— Desaparece! — Jeno grita: — Eu ainda estou chateado com você por ontem!

O gato mia para Jeno, depois se afasta.

— O que foi aquilo? — Jaemin pergunta.

— Xiao me desobedeceu ontem à noite. E agora ele acha que é bom sibilar para você. Está me irritando neste momento — explica Jeno.

— O que ele fez? — Jaemin pergunta, mas Jeno apenas balança a cabeça e fecha o livro. Ele joga o livro na pilha de descarte e pega outro. — O que exatamente você está procurando, afinal?

— Eu não sei — Jeno suspira exasperado. Ele deixa o livro cair no pódio com um baque alto e passa a mão estressadamente pelos cabelos.

— Por que você não faz uma pausa? — Jaemin sugere.

— Não tenho tempo — lamenta Jeno.

— Por favor, você está colocando muito estresse em si mesmo agora. Relaxe um pouco. Só enquanto estou aqui — implora Jaemin. 

Jeno olha para ele com uma carranca profunda gravada no rosto. Ele exala profundamente pelo nariz.

— Que tal eu te levar para casa? — Jeno oferece.

— Eu esperava que pudéssemos passar um pouco mais de tempo juntos antes disso, mas-

— Eu sei, eu sei. E sinto muito. Acho que estou muito mais ocupado do que eu esperava estar agora — ele suspira. 

— Está tudo bem. Eu tenho dever de casa de qualquer maneira — Jaemin tenta dizer para fazer Jeno se sentir melhor. — Melhor irmos indo.

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