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Jaemin

— Então, o que você está fazendo aqui? — Jaemin pergunta enquanto sai de casa e encontra um garoto de preto com o capuz e uma máscara no rosto.

— Eu apenas pensei em levá-lo para a escola hoje — Jeno dá de ombros antes de soltar um bocejo alto.

— Você parece cansado. Você não acha que deveria ir para casa e descansar? — Jaemin pergunta enquanto brinca com a alça da mochila sem pensar. 

— Não, não. Está tudo bem. Eu simplesmente não dormi bem — Jeno o dispensa.

— Pensei que você não dormisse à noite — retrucou Jaemin.

— Estou tentando mudar isso para que eu possa... uh... sair mais com você — Jeno responde fracamente.

Sério? — Jaemin fala.

— S-sim... — Jeno murmura: — De qualquer forma, vamos antes que você se atrase.

— Tudo bem — ele cantarola com um sorriso satisfeito no rosto. Ele começa na direção de sua rota normal com um pequeno salto em seus passos. 

As ruas estão bastante vazias devido ao fato de serem apenas seis da manhã. Um carro ocasional passava, mas ainda não havia muita gente lá fora.  O sol estava nascendo e a maioria das escolas só começava às oito.

Jaemin também não costumava acordar tão cedo, mas Jeno o convencera a fazê-lo hoje. Convencer o significado de que ele enviou um texto afirmando que deveria, e Jaemin simplesmente concordou. 

— Então, como você dormiu ontem à noite? — Jeno pergunta casualmente.

— Muito bem, na verdade. Foi estranho. Acho que não durmo tão bem há anos — admite Jaemin. 

— Isso é bom, não é? — Pergunta Jeno.

— Bem, sim, foi apenas anormal para mim. Eu me senti como a Bela Adormecida e alguém me amaldiçoou — ele brinca.

Mas Jeno não ri. 

— Você... você não viu esse filme? — Jaemin pergunta como sua testa franzida.

— Não, eu vi. Minha mãe me mostrou quando eu era pequeno — murmura o garoto mais velho. 

— Ah... — foi tudo o que Jaemin conseguiu pensar em responder. Seus olhos caem do rosto de Jeno para as mãos. Ele jura que vê algo em sua mão no lado oposto por onde passa.  — Você ainda está usando seu anel?

Jeno levanta a mão e olhou para o dedo anelar por um momento.

— Oh... uh... sim. Acho que esqueci de tirá-lo — diz ele em voz baixa.

— Esqueceu? — Jaemin pergunta: — Como você se esquece?

— Eu deixei e nunca o tirei — responde Jeno. — Presumo que você tenha tirado o seu.

Um pequeno sorriso aparece nos cantos da boca de Jaemin. Ele levanta a mão e mostra a pulseira de plástico barata com uma estrela azul no dedo anelar.

— Eu o tirei para fazer algumas coisas, mas não posso deixar de colocá-lo novamente — Jaemin admite: — É meio fofo.

De repente, Jeno para. Jaemin também cessa, sem saber o que estava acontecendo no momento.

— Você acha que poderia-me emprestar isso? Só por hoje — pergunta Jeno com uma espécie de entusiasmo que Jaemin não conseguia entender de onde veio.

— Oh... hum... claro — ele murmura enquanto ele relutantemente torce o anel do dedo e o estende para Jeno pegar.

— Obrigado — Jeno diz enquanto o joga no bolso da frente da calça jeans.

— De nada? — Jaemin responde com um ar de confusão.

— Eu só preciso disso — afirma Jeno enigmaticamente enquanto continuam andando.

— Eu sei o que é isso? — Jaemin pergunta.

— Talvez — diz Jeno suavemente.

— Vou recuperá-lo? — ele ri.

— Claro — o garoto estranho responde.

— Jeno — Jaemin lamenta.

— O quê? Você gosta deste pedaço de plástico? — Pergunta Jeno.

— É especial para mim — Jaemin faz beicinho.

— Especial? — Jeno ri. 

— Sim — Jaemin bufa, — eu senti que era um gesto muito bom me dando isso, e eu gostaria de pensar nisso como uma espécie de anel de amizade.

— Nós não somos amigos — retruca Jeno.

Jaemin morde o lábio inferior e cruza os braços sobre o peito.

— Eu queria pensar assim — ele murmura amargamente, sentindo seu orgulho sofrer um enorme golpe.

— Bem, você estaria errado — murmura Jeno.

— Então, se não somos amigos, o que somos? — Jaemin pergunta.

— Conhecidos — ele responde prontamente, sem hesitar.

— Sinto muito, vi seus lábios se mexendo e dizendo algo, mas tudo o que ouvi foram amigos — diz Jaemin com um sorriso. Jeno revira os olhos para suas travessuras infantis.

— Enfim. Você tem planos para depois da escola?

— Sim, chegar em casa e fazer a lição de casa — resmunga Jaemin.

— Ah, tudo bem — responde Jeno.

— Por quê? — ele pede ao garoto.

— Nada, tudo bem — Jeno o exclui.

— Não parece nada — diz Jaemin.

— Eu estava pensando que se você não tivesse nada para fazer, talvez pudéssemos-

— Sim — Jaemin o interrompe.

— Você nem sabe o que eu ia dizer — afirma Jeno.

— Eu não ligo — ele responde.

— Eu poderia ter dito que poderíamos fazer cocaína e matar alguém — diz Jeno, sério.

— Tenho certeza de que você não diria isso, mas tudo bem — Jaemin sorri.

— Você tem dever de casa — Jeno suspira exasperado.

— E?

— Você é realmente outra coisa — Jeno murmura enquanto balança a cabeça.

— Obrigado — Jaemin ri, — Então, qual era o seu plano verdadeiro?

— Para deixá-lo aqui — Jeno responde quando eles viram uma nova rua onde um banco de ônibus fica no meio da calçada.

— Eu pensei que você estava me levando para a escola — Jaemin aponta interrogativamente.

— Eu estava, mas surgiu uma coisa que eu percebi que precisava terminar — Jeno informa, — eu conversarei com você mais tarde.

— Espere por que-

Antes que Jaemin possa terminar seu pensamento, o garoto de preto dispara na direção oposta.

— Por que você sempre tem outras coisas para fazer? — ele suspira para si mesmo, decepcionado. 

Jaemin abaixa a cabeça e arrasta os pés contra o cimento enquanto caminha até o banco. Estava claro que ele estava sozinho agora.

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