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Jeno

— Foda-se, foda-se, foda-se! —  Jeno grita enquanto pega seu livro e o joga na parede do outro lado da sala. Ele bate com um estrondo alto antes de pousar no chão.

— M-mestre...

— O quê?— Jeno pergunta enquanto Xuxi entra cautelosamente em seu escritório.

— V-você encontrou alguma coisa? —  ele pergunta com uma voz vacilante.

— Não. Nem um único fragmento de informação estava em nenhum dos livros que meu pai me deu. Mais de cem livros e eu não encontrei absolutamente nada —  Jeno bufa com raiva.

— Talvez porque seja o primeiro meio humano a andar entre os vivos —  afirma Xuxi.

— Você ainda pensaria que havia algum tipo de informação sobre como identificar anjos ou algum tipo de lista... mas a única lista que existe é a do purgatório e que nem mesmo indica para onde a pessoa se destina para ir — resmunga Jeno.

— Então o que você pode fazer, mestre? —  ele pergunta enquanto se senta ao lado dos pés de Jeno.

— A única coisa que posso fazer: terei de protegê-lo, eu mesmo —  afirma Jeno categoricamente enquanto sai do escritório e entra no corredor. Xuxi segue logo atrás, trotando o mais rápido que suas pernas felinas permitem.

— M-mas, mestre, quanto tempo você pretende proteger esse garoto? — ele pergunta quase freneticamente enquanto Jeno abre a porta da sua sala de sacrifícios.

— Para sempre, se for necessário — responde Jeno enquanto caminha até o pentagrama no meio da sala. — É minha culpa que ele tenha sido arrastado para essa bagunça, e o mínimo que posso fazer é manter o caos à distância para que ele possa levar uma vida normal até que ele morra quando deveria.

— M-mas isso é trabalho de anjo! —  Xuxi exclama descontroladamente.

— Eu sei, eu sei. Eu odeio, mas duvido que esses bastardos de asas brancas façam qualquer coisa. Eles só intervêm quando sentem vontade. E se Jaemin realmente é um anjo, eles definitivamente não vão se importar. Eles conseguem um novo membro da equipe um pouco mais cedo — resmunga Jeno, enquanto se senta cruzado no meio do pentagrama. — Vagabundos inúteis. Todos altos e poderosos em seu reino de marfim.

— Mas o que seu pai vai dizer? — ele pergunta timidamente: — Ele vai se perguntar por que todos os demônios que ele envia estão sendo expulsos.

— Atravessaremos a ponte quando chegarmos a ela —  murmura Jeno, fechando os olhos e respirando fundo para se acalmar. Ele precisava pensar claramente. O que ele faz daqui em diante certamente afetaria se Jaemin sobreviverá ou não. — Onde começamos? — ele fala consigo mesmo em voz baixa.

— Bem... uh... você poderia protegê-lo usando magia de sangue — sugere Xuxi.

— Essa é realmente uma boa ideia, Xuxi — murmura Jeno. — Se eu conseguir alterar o encantamento, posso permitir que sua casa seja protegida dos demônios, em vez de mantê-los neles. Inverta o objetivo.

— Você realmente acha que isso poderia funcionar? — o pequeno gato pergunta nervosamente.

— Vale a pena tentar — responde Jeno. — Nunca poderei entrar na casa dele, mas pelo menos me sentirei melhor sabendo que Jaemin pode dormir profundamente à noite.

— Que tal durante o dia? — Xuxi coloca a questão.

— Eu... não sei. Pensarei em algo mais tarde. Por enquanto, terei que começar a trabalhar no encantamento de proteção e me preparar para reajustar minha agenda de dormir. Parece que ficarei acordado durante o dia por enquanto — Jeno suspira enquanto inclina a cabeça de um lado para o outro, estalando o pescoço.

— Deixe-me saber se você precisar de alguma coisa, Mestre —  afirma Xuxi, — Mas... hum... onde está Xiao? Eu não o vi.

Um sorriso torto se forma lentamente no rosto de Jeno. Xuxi não podia vê-lo devido ao fato de estar de costas para ele, mas estava ali mesmo.

— Ele está por aqui em algum lugar —  ele murmura — Eu vou buscá-lo mais tarde. Não se preocupe. Agora, deixe-me trabalhar.

Sem outra palavra, Xuxi sai da sala e deixa Jeno para fazer o que precisava.

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