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Jaemin senta-se sozinho em uma mesa no meio de uma pequena pizzaria. Ele olha pela mesma linha do livro pela terceira vez. Embora ele tente se concentrar, ele não pode. Não gruda. Ele suspira em derrota e fecha o livro. Ele acende o telefone e verifica a hora. 10:26. Ele realmente estava estudando há tanto tempo?

Jaemin fazia lição de casa na biblioteca de sua escola até cerca das sete. Relutante em voltar para casa e sentir fome, ele decidiu parar no restaurante mais próximo que pudesse encontrar e terminar de estudar lá. Ele nunca pretendeu ficar três horas lá.

— Estamos fechando as lojas em breve — anuncia para Jaemin, educadamente, de trás do balcão, limpando as mãos em uma toalha branca.

— Oh, tudo bem. — ele murmura apressadamente, balançando a cabeça para fora do transe cansado.  Ele enfia as coisas na mochila às pressas e fecha o zíper. Ele o coloca por cima do ombro e pega seu prato vazio com guardanapos sujos empilhados em cima. Ele corre para a lixeira e a joga fora antes de acenar para o homem atrás do balcão.

— Tenha uma boa noite — ele deseja.

— Você também. Fique seguro lá fora — diz o homem antes de Jaemin sair imediatamente da pizzaria.

O ar frio da noite o faz estremecer com a drástica queda de temperatura. Ele se enrola em si mesmo, envolvendo os braços firmemente em volta do tronco.

Seus pés começam a se mover por conta própria, levando-o sem Jaemin nem mesmo pensar sobre onde estava indo. Enquanto ele pensa sobre isso, ele percebe que não quer ir para casa. Ele deseja ficar na casa de Renjun por um tempo, mas seus pais certamente não concordariam com um hóspede inesperado em sua casa. Jeno aparece brevemente em sua cabeça, mas a idéia de ir até ele é rapidamente descartada. Certamente seria uma má idéia perturbá-lo a essa hora da noite. Além disso, ele não tinha notícias dele há quase dois dias. Ele determina que, se Jeno tem coisas mais importantes a tratar, não vale a pena incomodá-lo.  Ele não tem escolha senão ir para casa.

Mas o lar é muito mais longe do que as duas opções.

Ele solta um suspiro profundo, tentando aliviar sua ansiedade premente. Ele continua em frente e tenta se concentrar em quanto mais estudos ele precisava antes dos exames. Quase funciona até que ele ouve o som de passos suaves e casuais andando a uma distância atrás dele. Ele fica hiperconsciente deles e sente seu estômago afundar.

Jaemin acelera o passo, mas os passos atrás dele também se ajustam, iniciando uma rápida caminhada. Jaemin olha por cima do ombro para ver quem o estava seguindo, mas, assim como ele, os passos cessam. Não há uma alma à vista ao redor da rua mal iluminada.

Jaemin para e segue as sobrancelhas. Ele começa a se perguntar se talvez ele tenha imaginado ouvir passos quando não havia nenhuns. Ele deve estar realmente cansado se o fez. E ele estava claramente paranóico por estar fora à noite.

A súbita sensação de uma mão firme sendo colocada no ombro de Jaemin faz com que ele grite de terror. Ele se vira e encontra um garoto de preto diante dele. 

— Seu filho da puta! Você me fez quase ter um ataque cardíaco! — ele grita, batendo as palmas das mãos com força no peito do garoto.

— Sinto muito. Eu não queria te assustar — Jeno responde com uma voz séria.

— Como diabos você sabia onde eu estava? — Pergunta Jaemin. 

— Eu não — Jeno informa, — mas estou feliz por ter encontrado você.

— Por quê? Que porra você quer? — Jaemin assobia enquanto coloca a mão sobre o coração acelerado e respira fundo.

— Eu queria te dar uma coisa — Jeno o informa enquanto puxa uma pequena caixa de veludo preto do bolso do capuz e a enfrenta na direção de Jaemin. 

— Que diabos é isso? — ele pergunta.

— Uma atualização — afirma Jeno ao abrir a caixa para revelar um brilhante anel de prata. No centro, há uma estrela azul formada por várias gemas coloridas em água-marinha.

Jaemin olha para o belo anel com total descrença antes que seus olhos voltem para Jeno.

— Você me afasta nos últimos dias, depois aparece aleatoriamente do nada apenas para me dar um anel? A porra está errada com você? — Jaemin resmunga. Jeno revira os olhos e tira o anel da caixa. Ele estende a mão e agarra a mão esquerda de Jaemin, deslizando o anel no dedo anelar.

Jaemin percebe o anel muito semelhante de Jeno em seu dedo, mas em vez de uma estrela azul, era uma lua crescente vermelha composta de rubis.

— Pronto. Agora você não precisa se preocupar com aquele pedaço barato de plástico de merda — afirma Jeno enquanto admira a aparência do anel na mão de Jaemin.

— Comprar-me coisas não vai compensar-

— Eu sei — Jeno o interrompe, — eu não esperava. Mas, por enquanto, estou cansada de estar ocupada trabalhando para meu pai. Eu...

A voz de Jeno diminui rapidamente e a atenção que ele tinha em Jaemin foi redirecionada para algum lugar atrás dele. Sua expressão endurece quando ele olha atentamente para a distância. Seu aperto na mão de Jaemin se transforma em um aperto mortal, fazendo-o sentir como se Jeno estivesse prestes a esmagar todos os ossos.

— Ow! Você está me machucando! — Jaemin se encaixa. 

— Precisamos levá-lo para casa. Não é seguro sair à noite — explica Jeno enquanto puxa a mão de Jaemin para levá-lo embora.

— Eu pensei que a única razão pela qual as ruas são perigosas era porque as pessoas pensam que é quando você tem mais chances de sair e tentar matar pessoas — diz Jaemin.

— Não, não eu. Mas eu tenho medo de outros predadores que se escondem à noite — afirma Jeno enquanto arrasta Jaemin pela rua escura: — Bem, não pessoalmente, tenha medo. Não tenho medo. Mas tenho medo por você.

— Você tem medo por mim? — Jaemin pergunta em um tom muito mais suave.

— Sim... de certa forma... — Jeno murmura.

— Que doce — Jaemin murmura, ganhando um gemido de nojo do garoto mais velho.

— Não, não é doce. Você está literalmente pedindo para se machucar seriamente — Jeno fala para ele.

— Você não se importava antes — destaca Jaemin.

— Você vai continuar falando ou podemos começar a correr para chegar em casa mais rápido? — Jeno murmura.

— Eu tenho uma escolha? — ele pergunta com um suspiro. 

— Não — responde Jeno.

— Foi o que eu pensei — Jaemin geme.

E assim, os dois garotos saíram correndo pelas ruas de mãos dadas. Embora Jaemin ainda não quisesse ir para casa, ele sentiu uma espécie de peso subir com Jeno ao seu lado. Concedido, ele o levaria apenas para casa, mas achou sua companhia temporária estranhamente reconfortante. Pelo menos ele não estaria vagando sozinho em casa.

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