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Jeno

— Então, por que seu anel brilhava quando Jaemin estava aqui?

— O quê?

— Seu anel. Estava brilhando. Vi quando passei por você para vir aqui. O que foi aquilo? — pergunta enquanto olha para o grande volume que colocou em seu colo.

— Oh... eu peguei os dois pedaços de plástico dos anéis que peguei do Jaemin e eu do fliperama e os transformei em verdadeiros. Eu queria transformar o Jaemin em um amuleto, mas-

— Teria mantido você longe dele. Não teria? — Lucas murmura.

— Sim... — Jeno confirma: — E não estou pronto para me despedir. Ainda não.

— Então, o que exatamente você fez? — Lucas pergunta.

— Eu os encantei para que se Jaemin estivesse perto de algum demônio, isso me alertaria — explica Jeno, —  acho que estava detectando a presença dos que estavam em nossa casa.

— Ele não viu isso? — Lucas pergunta.

— Acho que não. Ele não parece muito atento quando estou por perto. Ele nem percebeu que eu usava luvas nos últimos dias apenas para esconder minha mão enquanto ela se curava quando toquei a barreira que criei em sua casa — Jeno encolhe os ombros.

— O quê? Por que diabos você tocaria?

— Eu... estava apenas verificando se funcionava — Jeno mente. Lucas levanta uma sobrancelha para ele e olha com desconfiança. — Não me olhe assim, Xuxi.

— Assim como? — Lucas pergunta. Jeno caminha em direção a sua estante e desliza mais um livro.

— Você sabe, esse... olhar — Jeno responde fracamente enquanto acena com as mãos para gesticular para o corpo inteiro de Lucas.

— Sim, isso explica minha aparência exata — afirma Xuxi com uma risada condescendente.

— A quantidade de julgamento que irradia do seu grande corpo humano me faz sentir falta do seu pequeno felino — Jeno resmunga categoricamente.

— Sinta-se à vontade para me mudar de volta a qualquer momento — Xuxi o desafia, — Mas lembre-se de que, se o fizer, não posso ajudá-lo a encontrar uma solução.

Jeno resmunga irritado. Ele joga seu novo livro no pódio com um baque alto e abre a capa.

— E antes que eu abandone o assunto de Jaemin, posso perguntar por que você não me deixou conhecê-lo adequadamente e conversar com ele? — pergunta Xuxi com uma pequena inclinação de cabeça.

— Porque ele queria me ver, não a você. Ele tinha muitas perguntas, e eu tenho certeza que ele não se sentiria confortável em perguntar com você na sala — Jeno murmura enquanto vira a página agressivamente.

— Então, talvez eu possa encontrá-lo-

— Não. Se preocupe com a nossa missão — Jeno o interrompe.

Xuxi franze as sobrancelhas e examina Jeno atentamente. Jeno olha para cima e olha para o garoto alto com extrema intensidade. Os olhos de Xuxi brilham em um verde amarelo-esverdeado, e suas pupilas se tornam cada vez mais distintas. Os olhos de Jeno de repente começam a brilhar em um tom vibrante de rubi, e Xuxi ofega um pouco ao vê-lo.

— Mestre! Seus olhos! — Xuxi inala bruscamente.

— O que tem eles? — Jeno pergunta, sua voz distorcendo em um rosnado baixo.

— E-eles estão brilhando em vermelho! — ele o informa.

Os olhos de Jeno se arregalam um pouco e ele aperta os olhos. Ele balança violentamente a cabeça e, quando os abre mais uma vez, eles retornam ao tom marrom escuro normal.

— Eu não sei o que foi isso, desculpe. — Jeno murmura em voz baixa.

— O demônio eleva sua cabeça feia — sussurra Xuxi.

— O que você acabou de me chamar? — Jeno pergunta.

— Nono, não você. É uma expressão — explica Xuxi rapidamente, — só quero dizer que... acho que estamos lidando com um problema muito grande agora.

— Como assim?

— Seus poderes estão ficando mais fortes — diz Xuxi enquanto morde o lábio inferior.

— Isso não é uma coisa boa? Isso poderia nos ajudar, não? — Jeno pergunta otimista.

— Talvez, mas isso também significa que os genes do seu pai estão começando a aparecer cada vez mais — afirma ele, — você terá que controlar seu temperamento em torno de Jaemin agora. Se ele vê seus olhos de demônio, todo o inferno vai se soltar.

Jeno envolve os braços em volta da cintura de uma maneira desconfortável e protetora. Ele abaixa a cabeça, quebrando o contato visual com Xuxi.

— O que é Jaemin para você, afinal? — Xuxi pergunta.

— Ele é um humano fraco que tenho que proteger — Jeno murmura.

— Não, não é apenas isso — diz ele, mais como uma afirmação do que uma pergunta: — Caso contrário, você não teria passado por todo esse problema e quase arrancou minha garganta por sugerir que eu o conhecesse.

— Onde você quer chegar? — Jeno pergunta enquanto balança a cabeça e estreita os olhos para Xuxi.

— Você se importa com o garoto, não é? — ele pergunta suavemente.

— Eu? Se importa com um ser humano? — Jeno zomba: — O único humano que eu já cuidei foi minha mãe, e você não pode esquecer o que eu fiz com ela.

— Seu pai a manipulou para fazer isso. Isso não significa que você não tem espaço em seu coração para se importar com alguém — argumenta Xuxi, — e você até disse a si mesmo que o menino valia a pena salvar. Então, como você poderia ter coração para fazer isso e ainda não se importa com ele?

— Foi minha escolha, Xuxi! Eu escolhi matá-la! Não ele, eu! — Jeno grita quando seus olhos começam a brilhar mais uma vez: — E eu me sinto obrigado a limpar a porcaria de Xiaojun que ele criou arrastando um humano para isso. Jaemin morrerá algum dia, mas eu prefiro que não seja do meu pai e dos termos de Xiaojun!

— Você realmente ainda vai negar, apesar de tudo o que você disse, fez e sente? — Xuxi pergunta em um tom calmo.

— Negar o quê?

Xuxi balança a cabeça e solta uma risada ofegante de descrença. Ele deixa seu livro de lado gentilmente, quase sem fazer barulho enquanto o faz.

— Você está perdendo lentamente sua humanidade, mestre. Eu posso sentir isso — ele suspira enquanto se levanta lentamente. — Meu conselho: não. O segundo em que você perde sua humanidade é o momento em que seu pai vence. Não seja o fantoche de um demônio que quer matar o garoto que você gosta.

Os olhos de Jeno escurecem lentamente com as palavras de Xuxi. Ele observa o garoto alto respirar fundo e sair do escritório, deixando Jeno com seus próprios pensamentos e artifícios.

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