Não desiste?

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- Lucas? - Fiquei sem entender nada.

- Você não pode confiar nele - Lucas me disse se sentando na minha cama.

- Como conhece ele?

- Nós éramos amigos... Mas isso é passado. Promete ficar longe dele? - Ele disse chegando bem perto de meu rosto. Pude ver o desespero em seus olhos.

- Eu... - fechei os olhos e quando abri...

- Filha, com quem estava conversando? - minha mãe chegou bem na hora.

- Eu? Ninguém! - respondo automaticamente, e quando percebo, Lucas não está mais na minha frente.

- Deu uma de falar sozinha agora é? - ela chegou perto e verificou meu rosto, como se visse se eu estava bem ou não de um jeito brincalhona.

- Para... Rs. - eu disse rindo e tirando sua mão de meu rosto.

- Toma banho logo!

- Já vou.

Ela saiu e fechou a porta. E em seguida olhei meu quarto, janela e nada do Lucas - onde ele se meteu? Como ele se escondeu tão rápido?

Tomei banho, vesti meu pijama florido, desci, comi, escovei meus dentes, penteei meus cabelos e fui dormir.

***

Bip... Bip... Bip... - o despertador desperta, são 6:00.

Levanto, tomo banho, coloco uma calça cigarrete jeans, uma blusinha básica, uma blusa xadrez por cima, e meu velho tênis ALL Star de cano baixo, e é claro, cabelo solto. Há dias que meus cachos vermelhos estão definidos em meus ombros e meus olhos mais verdes que o normal, sendo hoje, um dia desses. Uma bela combinação com minha altura baixa e minha pele bronzeada.

Desço e vejo minha mãe me esperando para tomar café.

- O carro já está arrumado, vou pegar ele hoje e amanhã você já está "livre" - fiz aspas com os dedos.

- Ãaa? Ok! - ela disse com um olhar triste - na volta precisamos passar no mercado, tudo bem pra você?

- Sim - vejo que continua com sua expressão pra baixo - não fica com essa cara, gosto desse nosso tempo juntas, mas você precisa trabalhar. Depois do seu trabalho, ficamos com o resto do tempo todo livre.

- Claro!

Terminei meu café, escovei meus dentes e desci. E minha mãe já estava pronta - como ela se arruma tão rápido?

- Vamos? - falei já entrando no carro.

- Vamos - ela fechou a porta do meu lado, deu seu pulinho de alegria e entrou também.

Fomos escutando e cantando a música de Hungria Hip Hop - nosso cantor favorito.

Chegamos. Saí, e a mesma cena se repete. Sou recebida pelo abraço de Benjamin.

- Você tem que parar de me assustar assim.

- Também queria.

- Vamos para sala de aula?

- Vamos.

Quinta-feira, primeira aula é de física, professora Clarissa, e para variar, quem era da minha turma?

- Lucas, por que você tem que se sentar sempre do meu lado? Você sabia que existem outros lugares?

- Saber, eu sei. Mas querer, é uma coisa diferente - deu seu sorriso de lado, seus olhos estavam roxo.

- Mudando de assunto, como sabe onde moro?

- Eu sei - falou, levantou os ombros e olhou para frente.

- Por que não me quer perto do Max?

- Não confio nele, e você também não deveria.

- Quando você chegou, você disse que ouviu falar bem de mim, quem te falou? Essa pessoa disse onde eu moro também?

- Quando chego nas escolas, gosto de saber sobre os alunos. Sabe? Para não me enturmar com alunos que podem me desviar de um futuro promissor. Me entende? - mais um de seus sorrisos sarcásticos.

- Sim... Mas como você descobre sobre os alunos?

- Quantas vezes vou ter que chamar atenção? Amélia, não estou te reconhecendo! E não adianta enrolar, eu sei que era você quem estava conversando - Clarissa salvou o Lucas, e me impediu de obter a resposta.

- Vai responder minha pergunta ou tá difícil? - quando vi que a professora não olhava, virei meu rosto para olhá-lo.

- Está difícil! - ele se virou novamente para a professora.

- Como seus olhos mudam de cor tão facilmente? - não era bem uma boa hora para mudar de assunto, mas vi que ele não ia me responder.

- Digamos que foi uma mutação - ele diz triste - é minha marca. Gostou? - Virou para mim feliz novamente, mas depois voltou para frente dando aquele sorrisinho...

- O que posso dizer? Chama atenção.

- Essa é a última vez que falo! - Clarissa interveio novamente - mais uma, e vai pra fora!

Não consegui prestar atenção mais na aula, e também não conversei com Lucas.

As duas primeiras aulas acabaram e veio o intervalo.

- Me conta essa história direito de você ontem no bosque. E antes que me pergunte como eu sei, falei com sua mãe.

- É claro... - falei dando uma revirada em meus olhos - Não lembro, mas sei que conversa eu tive, e que pessoa me contou.

- Nossa! Que louco! - ele ri.

- Pode ser... Mas vem cá,e você? Só falamos de mim - falei dando um esbarro no ombro dele de leve.

- Aaaa, sua vida é bem mais interessante - ele levantou o ombro.

- Nada disso, me conta tudo - não sairia de lá enquanto ele não me contasse.

- Estou gostando de uma pessoa - ele diz de olhos fechados.

- Sério? Quem?...

O sinal toca.

- Te conto depois.

- Vou cobrar, hen.

- Mas agora, finalmente, uma aula que ficamos na mesma sala - Benjamin ri e levanta as mãos, logo depois de deixar a bandeja.

- Né! Parece até que separaram agente de propósito.

- Capaz. Não acredito em coincidências.

- É... Difícil... - falei lembrando das "coincidências" entre eu e Lucas.

Aula de literatura. Sentei do lado do Benjamin. Lucas não era da nossa sala.

- O que aconteceu com você? Ficou estranha de repente - Benjamin disse pondo a mão em meu ombro.

- Nada! - tirei a mão dele. E ele virou e foi prestar atenção em Milena, a professora.

O sinal toca. Mas não era para mostrar o final da aula. E sim, de incêndio.

- Gente! Todos saiam com calma. Tudo vai ficar bem - Milena nem terminou de falar, e a metade dos alunos já estavam correndo desesperados.

- Amélia, vem logo! - Benjamin me trouxe para a realidade e começou a puxar meu braço para sairmos de lá.

Enquanto agente saía, eu vi aquela pessoa do meu sonho. Ela começou a rir.

O Pimentar De Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora