Minha mãe?

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- Amélia! - escuto uma voz vindo de minha nuca.

- Quem está aí? - viro de pressa.

- Estou aqui! Há... Há... Há... - agora vinha da direção que eu estava antes de me virar.

- Quem é você? - grito para a escuridão.

- Sou seu pai, minha querida - aparece do nada na minha frente.

- Quê? - soou com uma mistura de medo, preocupação, surpresa, até tristeza.

- Sim, minha flor - passou a mão em meus cabelos. Me arrepiei com seu toque.

- Onde estamos?

- Na mente de sua mãe, flor - tirou sua mão.

- Como?

- Você me chamou.

- Não! Eu fui tirar o controle que você pós em minha mãe, e...

- Exato. Você me chamou. Coloquei para me avisar quando isso acontecesse - deu um sorriso de deboche. Agora sei porque Ametista é o que é.

- Você trata ela como sua, como um objeto. Ela é uma pessoa - falei indignada.

- Tadinha...

- "Tadinha"? Por que? - ele estalou os dedos, e agora o "quarto" ficou claro.

- Você não vai fazer sua mãe se lembrar! Nunca! - Ele me empurrou, e quando eu caí, senti que uma avalanche passava por mim. Sem visão, sem audição.

- Aaaaaaaaaaaaaaaah - grito, mas não saía voz - Aaaaaaaaah - nenhum barulho.

- Amélia! Que foi? - escuto a voz de Lucas, mas, como se tivesse distante - comecei a espernear - Amélia! - ele pega meus braços e sinto ele olhar em meus olhos.

- Lucas? - demorou para enchergá-lo, mas finalmente, consigo - sniff sniff - abraço-o e começo a chorar.

- Que foi? - me apertou forte, mas de um jeito carinhoso.

- Eu... Eu... Vi... Thiago - sem querer molho o ombro de Lucas com minhas lágrimas.

- Como? - se surpreende.

- Ele não quer que ela se lembre... - olhei para minha mãe, ela estava dormindo.

- Mas ela se lembrará!

- Mãe - saí dos braços de Lucas e fui acordar minha mãe - mãe!

- Que foi? - ela se levanta meio sonolenta - quem é você? Quem é ele? - aponta Lucas.

- Quê? - eu e Lucas falamos juntos.

- Você não se lembra de nada? - Lucas perguntou.

- Mãe! Sou sua filha, Amélia, esse - apontei Lucas - é meu amigo, Lucas.

- Impossível, só tenho a Ametista, vivo com ela e Thiago. Falando nisso, tenho que encontrá-la agora. Aam... Cadê minhas roupas? Não posso ir assim - apontou para sua roupa, eu não via nada de errado.

- Mãe...

- Amélia! - Lucas me interrompeu - ali - apontou o armário - tem roupas que vão servir na senhora.

- Obrigada - ela caminhou até lá, e quando abriu... - essas roupas são de quem? Essa pessoa tem muito mal gosto, olha isso - pegou um vestido que ela ama, ou pelo menos, amava, era um vestido longo e branco, todo florido, eu dei de presente a ela.

- Esse não - corri e tomei de sua mão, gosto de vê-la usar, mas não com essa mente doida.

- Estou nem aí. Ele é o mais ridículo - fez cara de nojo e virou para achar outra roupa.

O Pimentar De Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora