Por que?

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- Ora... Ora... Ora... Olha quem conseguiu superar as minha obras. Estou emprencionado, como conseguiu se lembrar? - Max começou a bater palmas, depois cruzou os braços.

Enquanto eu estava com meus olhos fixado em seu olhar verde, não prestei atenção ao redor. Não estávamos mais nas escadas do hospital, mas sim em um quarto branco e vazio.

- Onde estou? - percebi também, que estava amarrada em uma cadeira.

- Não te interessa! Bobinha. Há... Há... Há...

- Onde? - berrei.

- Você não precisará saber - deu as costas com seu sorriso malicioso.

- Eu lembrei daquela história que você me contou no bosque. Por que fez tudo isso comigo? - gritei e comecei a chorar.

- Você fez muito mal a mim, sua irmã e o pai. Quero vingá-los! - virou para mim e deu um soco em sua própria mão, demonstrando raiva.

- Irmã? Eu não tenho! - as lágrimas não cessaram.

- Sim. Você tem. E eu não te disse mais uma coisinha, ela é minha irmã! E se você não sabe, ela sofre e sofre muito. E sabe de mais? Você é o motivo do sofrimento dela! - ele estava com tanta raiva em seu olhar, que me arrepiei.

- Sua irmã? Como eu sou o motivo para o sofrimento dela? - comecei a estranhar eu mesma.

- Você suga a energia dela a cada dia - fixou o olhar em mim.

- Não - desviei o olhar.

- Sim! E o sofrimento dela precisa ter fim! - voltou com a atenção em mim.

- Espera! Me conta mais, por favor. Se você vai acabar com o sofrimento dela, me conte tudo. Meu último desejo - que último desejo o que... Eu estava mesmo, é quase me desamarrando. Precisava de tempo.

- Quando Thiago engravidou sua mãe, passou um gene... Digamos... "Diferente". Depois da explosão - estava com a atenção em suas próprias mãos - ele começou a poder fazer as pessoas verem o que ele queria, incluindo mexer com a mente, entrar nos sonhos, sair do corpo, coisa de louco - ele riu alegremente.

- Não foi ruim então - dei um risinho de nervoso.

- Talvez pra ele, mas para os filhos, sim. Você compartilha isso com sua irmã, mas você suga tudo dela.

- Então é por isso... - meu mundo caiu - mas porque ele pegou ela? E não ficou com a mãe e comigo?

- Ele tentou. Mas quanto mais próxima vocês ficavam, mais você sugava - a raiva dele começou a voltar com força.

- E você? Cadê ela?

- Ele quis outro filho para ver se compensava o que ela perdia pra você. Mas não adiantou. É como se eu não existisse.

- Onde ela está agora? E a mãe? Sabe? Você acabou de dizer que ela ficou um pouco com a gente.

- Você está usando os dons em si mesma? GAROTA! Ele mexe com a mente, apagou a memória dela, e a sua, achou que a dor seria menor se não soubessem.

- Por que você me contou aquilo no bosque?

- Para te fazer ficar louca. Há... Há... Há... Um gostinho antes de acabar com tudo. Há... Há... Há...

- Cadê ela? - comecei a chorar. Eu tinha uma irmã.

- Vamos ver se você a reconhece... Ela é alta... Branca... Cabelo grande, negros, olhos azuis...

- Espera! É a Ametista? Esse tempo todo... - esqueci até das cordas me apertando.

- Bingo! - ele gritou e estalou os dedos.

- Mas você não disse...

- Se ela ficasse mais longe, seria pior.

- Então... - as lágrimas retornaram - por que fez tudo isso comigo?

- Descobrimos que se pormos fim em você, ela recebe tudo, fica forte. Mas antes, queria te fazer sofrer, como fez com Ametista - sua ira retornava.

- Mas uma coisa não se encaixa...  E Benjamin?...

- Bom, eu precisava estar próximo de você. Não preciso mais. Há... Há... Há...

- Você se passou por ele esse tempo todo?

- Menos quando o Lucas estava por perto. O pai dele recebeu um pouco da radiação da explosão também...

- Ele também tem dons?

- Não! Nem ele, e nem o pai tinha. Afetou de leve. Afetou apenas os olhos. Mas quando o pai, Flávio, teve Lucas, ele sugou a energia toda. Thiago o criou. Ele só... ver tudo.

- Tudo? - comecei a pensar se ele via atravéz da roupa.

- Não! - acho que ele pensou a mesma coisa - não esse tipo de visão.

- Ele consegue ver você como você, ao invés de você como Benjamin...

- Que garota esperta - debochou-se de mim.

- Ele começou a não concordar com nossos métodos. Ficou com dó, de você.

- O pai concordou com o que você está fazendo comigo? - queria vê-lo, mas dependendo da resposta...

- Digamos que sim. Você começou a usar. Antes, você fazia sem querer, mas agora... É por querer! Eu descobri!

- Não! Não é! Eu nem sabia desses dons. Se vocês me falassem, eu aprenderia a controlar. Tudo poderia ter sido diferente.

- Agora chega! Cansei de papo. Já realizei seu último desejo. Há... Há... Há... Não sou tão mal assim... - ele revira os olhos.

Estendeu uma faca e avançou em meu pescoço...

O Pimentar De Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora