Acidente?

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- Quê? - fiquei em choque.

- A mãe dele acabou de me ligar. Como vocês se separaram?

- Quando fui pagar, ele sumiu. Aí o Lucas apareceu e me ofereceu uma carona - me aproximei dela.

- Tendi - virou seu rosto.

- Mãe, eu vou subir. Qualquer coisa me chame - peguei em sua mão.

- Ok - deu um beijo em minha testa.

Subi. E comecei a chorar. Soltei tudo que segurei em enquanto estava na frente de minha mãe - Como assim, Benjamin sofreu o acidente? Não faz sentido.

Fiquei agachada na porta por um tempinho. E quando percebi, já era 14:00. Fui para o banheiro tomar banho - Até que fui rápida dessa vez - depois, coloquei um macaquinho preto com bolsos e cinto em sarja, uma sapatilha preta social basica muito confortável e fiz um coque em meu cabelo.

Desci e já queria almoçar.

- Mãe, que hospital Benjamin está? - me sentei na mesa. Minha mãe estava pondo a mesa.

- No Boa Vida. Falando nisso, eu vou lá mais tarde, entes vou pegar os os resultados do exame que você fez, vem comigo? - se sentou a mesa também.

- Na verdade... Eu quero ver o Benjamin agora - me servi com espaguete à bolonhesa.

- E você está pensando em ficar quanto tempo lá? - ela também se serviu.

- Aaaa... Pra falar a verdade, não sei. Mas já que você vai, eu te espero, e voltamos juntas.

- Então eu te levo.

- Combinado então.

Comi. Fui escovar meus dentes. E quando desci, minha mãe já estava á minha espera.

- Eu ainda não entendo como você se arruma tão rápido - ela abriu a porta para mim, e eu entrei.

- Um dia entenderá - riu e depois fechou a porta.

O caminho foi silencioso.

- Acho que não vai demorar lá - chegamos. Minha mãe parou o carro e olhou para mim - só vou pegar o seus resultados, e corro pra cá.

- Sem pressa - olhei para ela e desci do carro.

Entrei no hospital. Fui até a recepcionista. E perguntei.

- Olá. Boa Tarde. Eu gostaria de saber sobre um paciente. É Benjamin Soalla - me apoiei no balcão.

- É claro. Só um minutinho - realmente, ela procurou nos registros do computador e foi um minuto apenas - aqui - tirou os olhos do computador e olhou para mim - quarto 8, 2° andar.

- Obrigada - agradeci e fui direto para o elevador.

Entrei e apertei o número 2.
A porta se fechou.
O elevador subiu.
Subiu, e constou que estava na portaria ainda.
Subiu e constou que estava no 1° andar.
Subiu, e constou que estava no 2° andar.
Subiu, e constou estar no 3° andar...

- Ei! Apertei o 2 - comecei a apertar desparadamente o botão de abrir a porta.

Subiu, e constou 4° andar.
Disparo a apertar o botão de emergência.
Ganhou velocidade.

- Aaaaaaaah! Para! - quanto mais apertava o botão, mais velocidade ganhava. Já nem tinha a numeração mais.

Apertei todos os botões.
E nada acontecia.
Até que fui tomada pelo impulso de agachar e abaixar a cabeça.
O elevador passou do limite.
Eu fui lá em cima.
Até que perdeu velocidade.
Comecei a cair.

- Aaaaaaaaaaaaaaaah...

- Moça! Garota! Ei! Acorda! Você está bem?

Ouço uma voz de mulher.
Estou no elevador.
Estou agachada.
Estou inteira.
Estou viva.

- Oi? - fico desorientada.

- Você está bem? A porta do elevador se abriu e vi você agachada gritando. Você está bem mesmo? - a mulher a minha frente perguntou.

- É... Estou... Estou... É só que... - parei de falar.

- É "só que"? - ela me levantou.

- É só que... Nada. Estou bem - como eu ia falar pra ela que eu me vi no elevador, e que estava subindo até que passou do limite final? Ela me acharia louca. Até eu estou me achando louca.

- Tem certeza? - me olhou torto.

- Tenho. Eu vim ver meu amigo - dei espaço para ela passar e entrar no elevador.

- Se você diz - levantou o ombro e apertou um botão e as portas se fecharam.

Segui adiante.
Olhei para os lados.
Quarto 5.
Quarto 7.
Quarto 8.
Entrei.

- Amélia - a mãe dele, Magda, estava do lado dele.

Os dois eram muito parecidos, Magda tinha o cabelo liso batendo nos ombros com a mesma cor - um pouco mais escuro - tinham os mesmos olhos e eram quase de mesma altura.

- Oi. Queria ter vindo antes, mas... - entrei e fechei a porta.

- Não tem problema. Ele está dormindo desde que chegou - virou para ele e passou a mão em seu cabelo.

- O que ele tem? Só fiquei sabendo que ele sofreu um acidente, mas não me contaram mais nada - me aproximei mais.

- Atropelaram ele. Ele estava na calçada, mas não impediu o motorista. Ele quebrou o braço. Mas vai ficar bem - ela só olhou para mim no final.

- Que horror. Como é que pode né?

- Pois é. Eu vou aproveitar a sua presença, e vou tomar um café. Fica com ele? - se aproximou de mim.

- É claro - eu sorri.

- Obrigada - agradeceu e saiu.

- Aaa... Benjamin... Por que? Como? - minhas lágrimas começaram a cair. Fechei os olhos.

- Isso é culpa sua - eu escutei. Abri os olhos - isso é culpa sua! - Benjamin se levantou e começou a me enforcar.

O Pimentar De Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora