Bip... Bip... Bip...
O despertador toca.
São 6:00.
Preciso ir pra escola.O que aconteceu ontem?
Tomo banho, lavo meu cabelo. Coloco uma meia calça preta com um short jeans por cima, uma blusinha branca e uma bota baixa marrom. Deixo meu cabelo solto, e desço.
- Filha vou trabalhar 2 horas a mais esses dias, para dar o tanto de horas que eu perdi levando você na escola esses dias - minha mãe falou tomando seu café em sua xícara de sempre.
- Espera! Você me levou para a escola esses dias? - falei engasgando com o pão.
- Respira! - ela chegou perto e foi bater em minhas costas para me desengasgar - você não se lembra? Seu carro bateu e eu te levei...
- Meu carro bateu? Cof-cof - engasguei mais.
- Uai? Bateu terça - com esse susto eu cuspi longe o pedaço de pão entalado. E minha mãe parou de bater e olhou em meus olhos - não se lembra?
- Mas hoje é terça!
- Não, hoje é sexta...
Saí correndo para ver meu celular, terça-feira.
- Você está me zoando? Aqui!
- Viu? Sexta-feira - apontou para a data do celular.
Olhei de novo. Sexta-feira.
- Mãe, não me lembro desses dias - lágrimas começam a cair.
- Você já estava perdendo a memória, mas, de momentos. Por exemplo, você se esqueceu da noite de segunda, do acidente na terça, de como foi parar no bosque quarta, do incêndio da escola ontem...
- A escola pegou fogo? - sorte que eu não estava com mais pão na boca.
- Sim.
- Por que não me lembro de nada disso? - mais lágrimas.
- Vem! Vou te levar pro doutor Josemar agora! - já foi pegando em meu braço.
- Mas e o seu trabalho? - soltei a mão dela da minha.
- Você é mais importante!
- Espera! Deixa eu pegar minhas coisas primeiro.
- Aaaaaa, é mesmo. Rs... - começou a rir.
Subi e ela também. Desci de novo para irmos e ela já estava pronta.
- Pronta? Então vamos - abriu a porta do carro pra mim.
- Pronta - entrei e já fui logo ligando o rádio - amo... "Foi difícil entender que esse tempo é nada
Mas foi fácil viver aonde eu sempre quis- "Foi difícil entender que o muito dura pouco
E às vezes o pouco faz muita gente feliz" - minha mãe também começou a cantar.E foi assim, "nossa viagem". Cantando "não troco" de Hungria.
Chegamos.
Descemos e fomos. Estava vazio - ainda bem que temos plano - logo, logo, nos chamou e minha mãe contou para Josemar minhas perdas de memória.- Isso pode ser uma lesão no cérebro que afetou a memória - falou cruzando os dedos das mãos na mesa e olhou nos olhos de minha mãe - vou fazer alguns exames e te respondo com mais clareza - virou pra mim - vem comigo.
- Agora? - minha mãe estranhou.
- Quanto antes melhor - ele nem olhou pra ela.
- Te espero - ela me abraçou.
Entramos em uma sala escura e fria. Tive que tirar itens de metal da minha roupa. Depois, me deitaram em uma maca e a parte do meu corpo a ser estudada foi coberta por um aparelho chamado bobina. Em seguida, a cama deslizou para dentro de um grande tubo, e eu tive que ficar parada até que o teste acabasse.
Acabou.
Chegamos até onde minha mãe estava e o Josemar falou sobre o exame.- Usamos a ressonância magnética. E acho que amanhã mesmo te ligamos para entregar os resultados.
- Fico na espera. Obrigada - ela olhou pra mim - vamos?
- Vamos.
Tem hora que ela me trata que nem criança. E hoje, foi um desses dias. Não gosto quando ela faz isso em público. Mas infelizmente, não adianta eu falar, ela vai continuar.
Mães!
As horas passaram como se eu estivesse na escola. 12:30 eu já estaria voltando para casa. E advinha, são 12:30 e estou voltando para casa.
Chegando em casa, fui direto para o chuveiro, tirar essa roupa de hospital. Minha mãe fez o mesmo.
Coloquei o mesmo estilo de roupa que eu tinha me arrumado mais cedo. Short jeans com uma blusa branca e calcei uma rasteirinha de cor preta. Como fui pro hospital, decidi lavar meu cabelo novamente.
Quando desci, minha mãe já estava pondo a mesa.
- Nossa! Você não tomou banho? - me sentei na mesa.
- Claro que tomei. É que eu não fiz muita coisa pro almoço, então não demorou. E outra, você demora no banho, e eu não - terminou rindo.
- É verdade - ri também.
Terminei de comer, escovei meus dentes e fui para o meu quarto.
Trrrim-trrrim... Meu celular toca.
- Alô?
- Oi, Amélia, topa sair comigo? Aí aproveitamos e fazemos compras - Benjamin falou do outro lado da linha.
- Tá, eu topo. Aí eu te conto o que aconteceu comigo.
- Fechou então. Nos encontramos naquela lanchonete que gostamos de ir depois da escola.
- Na Artelanche? - perguntei já sabendo da resposta.
- Isso. Te encontro lá daqui meia hora - desligou o telefone.
Desci.
- Mãe vou encontrar o Benjamin na Artelanche... MÃE? - encontrei ela caída no chão. Corri até ela - Mãe, fala comigo... vou chamar a ambulância...
Saí desesperada atrás do meu telefone. Mas aí eu lembro, estava no meu bolso. Ligo para a ambulância. E volto para ficar do lado de minha mãe.
- Alô? Oi, aqui é Amélia Pimenta e minha mãe desmaiou. Aqui é rua Lede, Bairro Maís. Por favor não demorem.
Desligaram - espero que já estejam a caminho...
Vejo algo estranho e adormeço.
***
E para quem ficou curioso pra saber mais sobre a música que mostrei.Aqui está o link:
https://youtu.be/hBecvGXZaNM
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O Pimentar De Uma Garota
Mistério / Suspense🥇 Primeiro lugar - Concurso Palavras Douradas 🥇 Amélia Pimenta está terminando o ensino médio. Ela vive com a mãe - Viviane. Tem um melhor amigo - Benjamin. Uma adolescente como as outras. Mas, depois de uma ligação misteriosa a ameaçando, sua...