Narradora: Mari
A boba fui eu em acreditar que eu teria dinheiro para todos os shows e os meetings and greet.
Comprei o ingresso para Curitiba e decido que um show era melhor do que nada (e eu não tinha mais tempo para começar a trabalhar e pagar os shows, todos os shows no Rio de Janeiro e São Paulo estavam esgotados já).
Por que a turnê dele tinha que ser bem no meio do semestre? Eu não podia faltar aulas ou provas, já estava no limite na maior parte das matérias por causa das entrevistas (que eram nos horários mais absurdos e aleatórios).
Enquanto isso, os treinos do Pop Yellow estavam cada vez mais cansativos. Quem é que tinha escolhido aquela música irritante?
(SIM, MENINAS, EU ESTOU RECLAMANDO ABERTAMENTE DE NONONO DO APINK)
Eu sei, a letra é fofa. Mas os meus ouvidos já estão cansados de tanto nonono. Não tem como defender aquele refrão.
Nem os outros grupos de dança aguentavam mais a gente ensaiando aquela música.
Cada vez que ela tocava eu suspirava derrotada.
Estava pensando em músicas para convencer as meninas de trocarem quando escutei alguém falar o meu nome.
Olhei para cima e era o professor me encarando em expectativa.
O que foi que ele tinha dito?
Sorri nervosa. Nem percebi que não estava prestando mais a atenção na aula.
- Zero? - eu falei (sempre que não souber a resposta tente dizer zero, é o meu conselho).
- O que? Eu perguntei para que tipo de sistema um reator de leito fluidizado é utilizado - o professor falou enquanto alguns alunos riam.
Bem. Nem sempre zero era a resposta.
Narrador: Jão
Todo o sofrimento. Todas as noites mal dormidas. Todas as brigas. Os risos. As lágrimas. A ansiedade. Eu viveria tudo de novo e com um sorriso no rosto se eu soubesse que acabaria aqui.
O Vivo Rio estava lotado e o meu coração estava cheio de alegria.
Eu não sei explicar o que acontece nos shows. Eu saio de mim mesmo e sinto uma conexão com os fãs que eu não tenho palavras para expressar. É algo do além (Foda-se se eu pareço um velho místico).
O show tinha sido surreal. A conexão era de verdade. O que eu senti foi real. E é algo viciante. Eu quero viver isso todos os dias da minha vida. Eu preciso sentir isso todos os dias. Deve ser esse o significado de estar vivo.
Eu tinha chegado sem energia no hotel mas com o coração mais alegre e pulsante do que nunca.
Eu sabia que os outros estavam falando comigo, mas para mim só pareciam palavras sem sentido.
Eu não conseguia assimilar nada do que eles tinham dito.
Eu tinha errado alguma letra? Eu não sei dizer.
Eu tinha chorado? Também não sei dizer (mas talvez nem toda a água que tinha lavado no final do show do meu rosto fosse suor).
Eu estava ali comendo a minha pizza e o cansaço foi finalmente chegando no meu corpo. Aquela energia mágica do show foi finalmente me abandonando, mesmo sem eu permitir.
- Jão. Você tem que falar menos. As pessoas querem te ouvir cantar não escutar você falando sobre seus anéis - a Malu me lançava um olhar bravo. Mas ela tinha um sorriso bobo colado no canto da boca.
Na verdade, parei para prestar atenção nos outros e todos sorriam de um jeito bobo e cansado. Aquela noite tinha sido perfeita.
Renan e Pedro cantavam juntos como dois velhos bêbados.
Fran chorava de emoção enquanto conversava com a mãe no telefone. Ela ainda não acreditava que aquilo era real.
Nem eu.
- É sério, João. No próximo show a gente vai começar a gritar no seu ouvido para você calar a boca e cantar - a Malu falou e me lançou a borda da pizza dela.
- Tudo bem. Acho que eu falo demais às vezes. Eu libero você para me mandar calar a boca - eu disse rindo. Eu nem tinha percebido que eu tinha falado tanto.
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Você foi em algum show da turnê Antiherói?
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Lindo Demais ✔️
FanfictionStatus: Concluída, em revisão. Mari, uma estudante de engenharia química super organizada e determinada sofre um acidente fatal em seu coração. O diagnóstico? Um amor a primeira música quando escutou o Jão cantar. O remédio? Iniciar uma carreira de...