Narradora: Mari
Aqui estou eu me arrumando para o meu primeiro (e último?) encontro com o menino do inglês da minha amiga.
E antes que você pense que eu estou traindo o Jão e comece a brigar comigo, em minha defesa, esse moço é super engraçado e está indo para Portugal, então vai ser só hoje. Que mal tem, não é mesmo?
Meu coração ainda é seu, Jão, pode relaxar.
E para provar isso decidi usar a minha camiseta com a cara do Jão (ficou bem claro, né?).
- Ei, topa ir numa sorveteria? - eu falei enquanto sorria nervosa. Primeiros encontros são sempre tão angustiantes ?
(Ou será que não importa qual número seja o encontro, sempre vai ser assim?)
- Bora, onde você quer ir? - ele falou colocando a mão no bolso como se estivesse tão desconfortável quanto eu. Nem parecíamos as mesmas pessoas que se beijaram no casamento a 4 dias atrás.
Eu estava hiper consciente de todos os meus movimentos, como se a qualquer momento o chão fosse virar lava e eu fosse precisar sair correndo. Estava atenta a qualquer movimento do menino também. Tentando interpretar qualquer sinal (sinal de que? Eu não sei)
Aquela tensão estava me matando.
- Que tal a minha sorveteria favorita? - eu PRECISAVA de sorvete para aquele encontro não parecer tão estranho - é aqui pertinho.
Não era perto.
Nem um pouco.
Foram exatas 1 hora e 17 minutos de caminhando de baixo de sol, eu torrando e suada. Que romântico, não?
Aos menos a caminhada foi o suficiente para qualquer tensão ir embora - nem a tensão aguentou aquele calor.
Serviu também para eu descobrir que o garoto gostava de música nacional também - ele já ter escutado Imaturo do Jão fez o meu dia.
Minha sorveteria favorita faz um sorvete de frutas raspadas, fresquinho, gostoso e perfeito para aquele calor insuportável.
Ele sorriu.
- Acho que eu precisava de um refresco - ele falou enquanto dava a última colherada no sorvete. Isso tinha sido uma indireta para o tanto que o fiz andar?
- Foi mal, na minha mente a distância do shopping até aqui era menor - dei de ombros me sentindo meio mal por ele estar tão suado quanto eu, mas feliz por ele ter topado. E mais feliz ainda por estar comendo meu sorvete favorito enquanto discutíamos a razão da maior parte das garrafas de águas serem cilíndricas e não retangulares (você já percebeu isso?).
Era normal as pessoas ficarem tão nojentas e andarem tanto em um primeiro encontro? Eu não sei, mas no caminho de volta até o meu ponto de ônibus eu já não aguentava mais mexer minha pernas.
- Hum, então é isso - eu falei quando finalmente chegamos ao meu ponto de ônibus - essa é a hora que eu desejo boa viagem já?
Ele estava indo embora na próxima semana. 5 dias. E ia passar o resto do tempo resolvendo as coisas com a faculdade e família.
- Acho que sim - ele colocou as mãos nos bolsos da calça sem realmente colocar.
- Então, hum, tchau? - eu nem fingi dar um passo para ir embora. Eu simplesmente dei um passo na direção e o beijei antes que aquele momento desse errado.
Voltei para casa com a minha barriga formigando e um sorriso bobo colado tão forte no meu rosto que nem quando eu dormi ele saiu do meu rosto.
Jão, me perdoa?
Narrador:Jão
- Essa eu fiz pra Alameda Três - eu falei sorrindo - e cada lugar que a gente se beijou.
- Pra Avenida São João? - Pedro completou sorrindo.
Compor com Pedro e minha equipe (sim, agora eu tinha uma equipe) era uma das minha coisas favoritas. A gente não só escrevia. Não era só uma música. Planejavamos o clipe. A roupa. O show. As luzes. Toda a magia.
Desde o começo, eu nunca quis ser só cantor, não queria só divulgar a minha música. Eu queria um espetáculo.
Eu queria que me vissem inteiro. Que o show fosse eu e eu fosse o show.
As minhas músicas eram reais que eu não acreditava que um dia eu fosse conseguir expor meus sentimentos de uma forma tão pública - e ter gente realmente gostando desse menino dramático do interior.
- Essa eu fiz pra minha jaqueta jeans - eu retomei a batida.
- Não pode esquecer da blusa do Taz - Pedro começou a desenhar uns rabisco e o palco já começava a se formar em nossas mentes.
- Essa eu fiz para todo show lotado em que eu perdi a letra porque eu pensei em você - eu falei e todos riram. Eu sempre me perdia nas letras quando me empolgava demais ou ficava animado demais.
Eu podia sentir como aquele álbum ia ser mais feliz. Tudo em mim emanava alegria e as músicas estavam refletindo cada vez mais isso.
Eu nunca estive tão errado.
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Você já beijou alguém com raiva?
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Lindo Demais ✔️
FanfictionStatus: Concluída, em revisão. Mari, uma estudante de engenharia química super organizada e determinada sofre um acidente fatal em seu coração. O diagnóstico? Um amor a primeira música quando escutou o Jão cantar. O remédio? Iniciar uma carreira de...