DOSES DE PERIGO [concluído]

TREZE

Tem gente que não é parente, mas se torna família pelo valor e pela força que nos dá
— Velozes e Furiosos

Fazia três semanas em que eu não via ou falava com Dylan. Escutei na noite passada as meninas dizerem que ele estava ficando na casa de Daphne. Fiquei mal, aliás, não é fácil ver o amor da sua vida com outra. E saber que ele faz aquilo para provocar, não ligando para seus sentimentos ou se, você tem algum.

Me pergunto sempre se Dylan tem ou se teve algum sentido por mim. Desde que começamos nossa relação ele sempre mentira para mim, agora, se voltarmos a ter algo, não sei se irei confiar nele.

Confiança. Palavra chave para manter um relacionamento saudável. Saudável, outra palavra que não faço a menor ideia do que signifique. Meu antigo relacionamento com Dylan foi um tanto tóxico; mentiras, brigas, desconfianças. Tudo que acaba com qualquer relação.

Não posso falar que se Dylan aparecer agora no meu apartamento e dizer que irá mudar e tentaria outra vez, estaria mentindo se afirmasse que eu o mandaria ir embora. Eu o amo, logicamente aceitaria essas palavras vazias cegamente, como uma mulher apaixonada.

Sou tola. Todos os que amam são tolos.

— Senhorita Mackenzie, poderia passar na minha sala? Precisamos conversar — Senhor Rowatt aparece na minha sala com um semblante sério e seu termo incrivelmente alinhado.

Senhor Rowatt é um homem sistemático e muito requisitado com seus cinquenta e três anos. Seu semblante sério sempre intimida todos ao seu redor, mas para quem convive com ele sabe que tudo é faxada. Por detrás dessa carranca, existe um enorme coração e um enorme sorriso.

Com um enorme medo de ser dispensada correndo por minhas veias, alinho minha saia tubinho social, aprumo a postura e caminho em passos cautelosos para a sala do meu chefe. Dou leves batidas na porta e escuto sua voz grossa dando-me permissão para adentrar o espaço amplo.

A sala de Rowatt Stephens é enorme, organizada e ampla; uma enorme estante de madeira polida contém os mais diversos livros sobre direitos. Um frigobar fica localizado em um canto próximo das enormes vidraças que concebem a vista magnífica de Los Angeles. Uma mesa com um computador e alguns papéis extremamente organizados e sem contar com o enorme lustre no teto.

— Sente-se Senhorita Mackenzie. — ele diz apontando para a cadeira de couro em sua frente.

Um arrepio passa por minha espinha ao escutar meu segundo sobrenome; Mackenzie. O sobrenome que gosto pouco, mas que nos lábios de um certo alguém, me causa reações.

Odeio quanto me chamam por meu segundo sobrenome, mas Dylan faz parecer erótico e sexy.  Senhor Rowatt fez parecer duro e sério o que me causou um frio nada bom na barriga.

— Primeiro quero parabeniza-lá por seu ótimo desempenho e trabalho — começa, me dando um alívio. — Segundo, um amigo próximo irá abrir um escritório de advocacia em Seattle, ele me pediu indicações e rapidamente me lembrei da Senhorita. Então quero saber se aceitaria ser advogada chefe desse escritório em Seattle?