Capítulo 13: Uma treta muito louca

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Tenho uma notícia boa e uma má.

A boa é que descobri em que lugar do mundo a ilha ficava, ou mais ou menos onde ficava. Tipo, pensem comigo, Félix segurava uma raposa de fogo como Don Corleone segurava seu gato em O poderoso chefão. Ou seja, estávamos perto da América do Norte, onde essa espécie se encontra normalmente, mais precisamente perto do Canadá. Era uma pena ter feito essa descoberta sendo que não queria fugir mais. Também achei irônico ver justo Félix segurando aquele animal, pois o bichinho tinha aquela cor diferente, aquela combinação de laranja e preto, o preto se deve ao fato de que a melanina parcial desses animais lhes confere tal característica, os animais têm um melanismo atípico. O irônico é que isso é comum em humanos albinos como Félix, porém, nos humanos o que acontece é a falta de pigmentação.

A má é que a LOUCA DA VICTORIA QUERIA A MINHA CABEÇA!!!!!!!!! Sério, qual o sentido daquilo tudo? Por mim, eu voltaria para a turma certa sem briga, Michael tinha que parar de estragar tudo. Victoria quase desistira de me odiar, tinha que ser o chato do Michael para botar lenha na fogueira.

Acontece que ninguém me desafia, NINGUÉM. Victoria podia ser orgulhosa, mas não era a única com tal característica. Lutaria, independentemente das chances ou condições favoráveis. Victoria havia sido injusta, muito injusta, ficara brava por algo que eu nem tive culpa. Ela orquestrara uma maluquice, conseguira o apoio daquele bando de gamas sanguinários, usara maldosamente a razão. Enquanto eu, usara de forma terrível as emoções ao aceitar por impulso seu desafio estúpido. Mas, não importa, mostraria a ela que a sensibilidade pode vencer a razão.

Subimos no tatame azul gigantesco que havia no centro do local, o silêncio reinava, meu pavor crescia conforme Victoria ficava mais agitada.

- Certo, prontos para a diversão? - Ela gritou como se fosse uma imperatriz falando com seus súditos, sua voz emanava poder, era impressionante.

- Sangueeeeeeee! - Os malucos ao redor gritavam sedentos por dor e humilhação, eram monstros.

- Ótimo. - O sorrio de Victoria me assustava. Tentei conter meu medo. - Escolha sua espada.

- Hã? - Disse confusa.

Risos surgiram ao redor.

Na moral, esses carniceiros não ficam quietinhos não?


- Somos Telekinesis. Nossa arma é a espada, pode chamar de Gladius se preferir, a arma das legiões romanas! Dois garotos enormes subiram no tatame e jogaram uma caixa cheia das mais diversas espadas que você pode imaginar. - Sem pressa. - A voz de Victoria não era tranquilizante. Sua certeza na vitória me amedrontava, mas não seria fraca.

Enquanto eu observava calmamente, tentando descobrir qual seria a mais leve e mais apropriada para minhas mãozinhas, ela pegou a primeira que viu. A lâmina era vermelha, sua base, azul metálico, a arma mais se parecia com um facão bem grande.

- A melhor sempre é boa com qualquer arma.

Queria dizer que ela era maluca, meio que era mesmo.

- Pegue a de cristal encantado e prata. - Disse-me Michael enquanto eu continuava a encarar a caixa e refletia sobre minha decisão burra.

Obedeci. O que mais poderia fazer? Peguei a arma, era quase transparente e brilhante, não emanava terror como a de Victoria, mas passava a ideia de muito poder. Quase me senti mais confiante ao tocá-la.

- Pronta? - Perguntou Victoria se posicionando.

Não respondi, não mentiria. Apenas levantei a espada com as mãos trêmulas.

Os caçadores de pesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora