Capítulo 25: Traição

21 6 1
                                    


Nossa nave pousou, meu copo tremeu. Aquela missão era tão importante e o fato de que não podíamos falhar era péssimo para a ansiedade. Sabe quando você tem que se concentrar para vencer, ganhar um jogo ou ir bem em uma prova? Era a sensação que você tem numa situação dessas que eu sentia, amplificada umas mil vezes. O coração parece que vai pular para fora do corpo e sair correndo de tão forte que bate, as pernas ficam bambas e seus olhos têm dificuldade para se fechar. É horrível. Você só fica nervosa, temendo o fracasso.

A noite estava escura e sombria. As estrelas estavam cobertas por nuvens e a floresta continha muita névoa, nos esforçávamos para conseguir enxergar, mal podíamos nos ver. Estava tão frio quanto na ilha, Emma certamente não gostou de ir parar lá quando fora sequestrada, ela odiava frio. Estávamos na floresta do castelo principal das sombras, no mundo dos sonhos, era maior que qualquer outro palácio que já vira. Encontramos esse tal castelo após muita dificuldade em nos deslocar, Félix me salvou de dar de cara no chão umas quatro vezes.

Quando nos aproximamos da construção, luzes bem fortes e claras começaram a se virar, eram provavelmente uma medida de segurança.

 — Para as árvores — Sussurrou Michael.

Félix e Victoria tiveram facilidade para se posicionar atrás de uma, eu não tive tanta sorte, estava prestes a ser iluminada pelas luzes da morte quando Michael me puxou até uma árvore grande. Tive que compartilhar espaço com ele o que foi sufocante, enquanto passava por isso me lembrei do dia em que fora com Malael até a minha casa ver se meus irmãos ainda se importavam comigo e ficamos em uma situação semelhante em uma dispensa. Que situações terríveis.

  Enfim pude empurrá-lo para longe e seguir o nosso caminho antes que as luzes voltassem para aquela direção. Entramos rapidamente no tubo de ventilação e suspiramos aliviados por ainda vivermos.

— Por aqui — Michael indicou para onde irámos quando duas possibilidades de caminho surgiram.

Viramos à direita e acompanhamos Michael. Da última vez que estive em tubos de ventilação, em um castelo muito semelhante, porém, no mundo real, vozes ecoavam. O silêncio me preocupava. Estariam nos esperando? Seria tudo uma armadilha?

Tudo o que tínhamos que fazer era encontrar o pesadelo e seus seguidores e causar um bom estrago, impedindo que abrissem um portal naquele dia, liberando um exército que destruiria tanto filhos da luz quanto pessoas comuns, sem claro, morrermos no processo. Não morrer era interessante.

  De repente, barulhos ecoaram, depois vozes surgiram. Michael, Félix, Victoria e eu paramos de nos mexer, ficamos o mais imóvel possível, se pudéssemos não respiraríamos.

— Estamos aqui há horas... minhas articulações estão doendo! — Reclamou escandalosamente uma voz feminina. — Talvez eles nem venham por aqui.

— E por onde mais entrariam, Samantha? — Contestou severamente outra voz, agora masculina.

— Poxa Sebastian... você tem me ajudar a te ajudar.

— Fique quieta. Não podem nos escutar ou vão correr feito ratinhos.

— E para onde vão correr? — Zombou a garota aos risos. — Isso daqui é um labirinto de túneis apertados. Eu tenho claustrofobia, sabia? Não posso ficar aqui tanto...

— Shhh.

As vozes cessaram, podíamos ouvi-los chegar mais perto, em poucos segundos virariam no corredor de ventilação e achariam quatro idiotas. Tínhamos que dar o fora ou estaríamos ferrados.

Vamos voltar devagar. — Michael sussurrou em nossas mentes.

Obedecemos. Chegamos novamente em um local com duas opções de caminho, o barulho dos inimigos aumentava, já estavam no corredor em que nós quatro acabávamos de sair.

Os caçadores de pesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora