Capítulo 24: A proposta de uma sombra

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Não quero ser ingrata, nem insuportável, mas meu aniversário foi uma droga. Estive sozinha boa parte do dia, tive que fugir dos meus pretendentes que me sufocavam com presentes e pedidos de namoro, um idiota chegou a me pedir em casamento. Auge. Enfim, foi a pior quinta feira da história das quintas feiras, exceto pelo final do dia.

Sempre que estou chateada vou para a casa na árvore da floresta, fica perto do palácio central e provavelmente é segura. Fico muito lá, na verdade, não só quando estou triste. Quando tenho que fazer minhas birras planejadas e fugir das aulas entediantes do betas fracassados fico na casa na árvore. É um lugar extremamente confortável, cheio de pufes de todos os tipos e de todos os tamanhos, cheio de estantes e com uma incrível mesa de ping pong. Quem vê a casa na árvore por fora acha que é só uns pedaços de madeira colados, mas quem entra descobre uma linda sala de jogos. Acontece que só eu e Michael entramos nela. Bom, pelo menos até o meu aniversário de treze anos.

Subi entediada e raivosa, joguei-me em cima do maior dos pufes, tinha o triplo do meu tamanho e era rosinha, tão brilhante que parecia poder cegar alguém com seus pontinhos dourados cintilantes. Suspirei irritada, desanimada. Por que raios não podiam ter tirado mais de duas horas para ficarem comigo? Era pedir tanto assim? E por que raios não virava uma ômega logo? Certamente não precisava esperar mais um ano. Se fosse uma ômega passaria mais tempo com meu irmão. Minhas amigas, Diana e Luara ainda eram da turma dos alfa, então também não ficava muito com elas. Deplorável.

Comecei a me remexer, depois a socar o pufe cansada e com raiva. Até que começara a adormecer, mas fui impedida.

Emma?

Uma pessoa normal levaria um susto. Eu também levaria se fosse a primeira vez que um Telepathy sussurrava na minha mente. Como nenhum desses era o meu caso só disse:

- Cale a boca. Eu quero dormir.

Não quer não. E mesmo se quisesse... poderia te encontrar lá no mundo dos sonhos, não tomou seus comprimidos que afastam sombras...

Suspirei irritada, em seguida, teletransportei meu potinho de comprimidos. Tirei um de lá e o engoli. Depois fechei meus olhos novamente e tentei ignorar a voz que ecoava em minha mente.

Ah, não durma... quero te dar parabéns.

- Silêncio, Ryan. Uma princesa tem que ter o seu soninho da beleza. E não te disseram que é feio descobrir o aniversário das pessoas lendo suas mentes?

Desculpe, mas... vamos... me deixe ir até aí... tenho presentes.

- Meus pretendentes também tinham e mesmo assim fugi deles.

Vaaaaamos. Sabe que posso chegar aí com ou sem a sua ajuda.

Ele se referia ao portal dos sonhos, todas as sombras podiam conjurar um portal que permitia seu deslocamento entre os dois mundos. Acontece que era muito desgastante, quase tão dolorido quanto tentar abrir um portal com aquele sistema antiluzes que tive que encarar quando fora sequestrada. Para um Teleportation, criar um portal era divertido, viciante até. Já para uma sombra fazer um portal cinzento dos sonhos, totalmente desconfortável.

- Vá em frente então.

Ryan estava prestes a abrir um portal dos sonhos, sabia que estava graças as nossas mentes conectadas. O gênio do meu irmão, quando eu tinha uns sete anos, fez alguma coisa na minha cabeça para evitar que um Telepathy entrasse em minha mente, toda vez que um deles ouvisse os meus pensamentos eu também ouviria o dele. Acontece que Ryan é tão poderoso quanto meu irmão e tão burro quanto ele, decidiu ignorar o que Michael colocou na minha cabeça e BOM! Agora nossas mentes se conectam mais facilmente do que antes. Tipo, o pesadelo é o Telepathy mais poderoso que existe, pode achar a mente que quiser independentemente da distância dela, um mero fracote como Michael e Ryan nem sonham com isso. Só que agora Ryan tem esse privilégio comigo graças ao meu irmão. Genial.

Os caçadores de pesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora