As diversas facetas do amor

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Renjun ainda se lembrava vagamente da primeira vez em que se vira apaixonado. Lembrava-se que fora em um verão e que a garota tinha cheiro de tutti-frutti. Lembrava-se também do enorme castelo de areia que haviam feito juntos e de como a risada da garota era divertida. Lembrava-se ainda, que pouco tempo depois, acabara descobrindo que a tal “garota” era na verdade um garoto.

O chinês demorou certo tempo até entender seus próprios sentimentos. Ainda era muito novo afinal, não estava preparado para o amor e muito menos para “amar diferente” dos outros. Mas aquilo não demoraria a se repetir, e se repetir, e se repetir... Até que finalmente Renjun fosse grande o suficiente para que entendesse que aquilo não era um problema.

Mas talvez se não fosse um Huang as coisas não houvessem se desenhado tão bem, pois logo do outro lado da cerca ele poderia observar a amostra clara de que sua família era na verdade uma rara e acolhedora exceção.

Renjun também se lembrava ainda com maior clareza de seu primeiro beijo. Lembrava-se de que ele havia ocorrido por acidente. Lembrava-se da vergonha que havia sentido. Lembrava-se até mesmo de como chegara a sentir certa culpa, quando na verdade haveria de deixar a empolgação o dominar.

 E tudo aquilo acontecera bem ali.  Em frente à cerca que dividia o paraíso do inferno.    

Já era inverno novamente, a rua coberta de neve convidava os garotos à diversão. Renjun, Mark e boa parte das crianças da vizinhança corriam para todos os lados, desviando das bolas de neve enquanto gargalhavam. Até aquele momento, nenhum dos dois garotos poderia imaginar o que se desenrolaria naquele mesmo “campo de guerra”.

Os dois melhores amigos estavam em times opostos, concentrando-se, ironicamente, em proteger um ao outro quando necessário. Renjun era rápido, mas imprudente, e Mark sempre acabara tendo de alerta-lo com olhares e gestos disfarçados quando alguém se aproximava para ataca-lo. E fora exatamente por isso que o tal beijo havia acontecido.

Graças aos esforços contraditórios do canadense, Renjun ainda era o único que restava no time rival. Era bastante óbvio que naquela altura, com 3 contra 1, era praticamente impossível defender o Huang, mas Mark ainda atreveu-se a tentar, entregando-se como um traidor para salvar o menino de um bolada na cara.

Tudo acontecera muito rápido, mas o fato é que Mark havia feito aquilo sem quaisquer segundas intenções. Já sentia algo diferente pelo Huang desde aquela época, porem só tinha o intuito de protege-lo de um ataque que haveria de ser dolorido dado a falta de tato de Seo Changbin.

O canadense empurrara o outro contra a neve deixando a bola sem desfazer com um impacto violento sobre a cerca de madeira. Os pequenos lábios acabaram em contato por pouco mais do que 5 segundos. Renjun fizera o favor de tirar o canadense de cima de si logo depois daquilo.

As reclamações vindas do coreano por Mark ter feito aquilo, e todo o calor que sentira, mesmo em meio ao inverno, ainda passavam de vez em quando por sua cabeça. O Huang nunca havia corrido tão rápido em toda sua vida, era como se seu coraçãozinho fosse sair pela boca. Ele precisa contar o que havia acontecido para ele, e saira gritando por si enquanto subia as escadas para seu quarto.

— NANA! NANA!

Mas ele não responderia. Não responderia porque já havia partido a muito tempo.
                                                                  ✧・゚: *✧・゚:*    *:・゚✧*:・゚✧

— Então também acha que.... Também acha que ele foi levado para outro lugar? Como um sanatório ou algo do tipo? — Jaemin se vira desconfiando. Até onde sabia, poucas pessoas sabiam sobre o ‘histórico” de Jeno, dado que o menino se esforçara ao máximo para construir uma imagem impecável na cidade.

Para onde eles vão? - Norenmim Onde histórias criam vida. Descubra agora