A sepultura prematura de nossa fantasia

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Se é a infância o berço da fantasia, a juventude quase que se assemelha à sepultura da magia.

Na juventude ainda há aqueles que sonham alto, aqueles que se sentem mais fortes, livres e destemidos, e ainda aqueles que acreditam ser capazes de mudar o mundo. Mas é também na juventude que todos nós descobrimos que quando abandonamos a fantasia, o que nos resta é a realidade... Realidade esta que Jeno sempre soubera não ser tão boa assim.

Realidade esta que logo Jaemin e Renjun acabariam completamente envolvidos.

Tudo começara, naquela mesmo fim de tarde esquisito com trovões e chuviscos, Jeno afundava-se na banheira dos Nas, enquanto Jaemin e Renjun esperavam por si no quarto do mais novo para que pudessem brincar. Jaemin havia pedido a mãe para que os amigos pudessem passar aquela noite consigo, sem mencionar o fato de que para os Lees, o mais novo estava desaparecido.

Jeno estava preocupado, encarava os pulsos com tamanho tormento. Sentia as feridas ardendo a todo momento. Culpava-se por tê-lo machucado, mas ainda sim questionava-se... Por que ele nunca mais havia ficado ao seu lado? Por que havia contado a eles sobre seus segredos? Por que havia avisado a eles que havia ido à festa? Por que havia os contado que ele ainda se lembrava do nome de sua mãe?

Por que Mark o havia traído?

— Jeno, querido...? Já conseguiu se lembrar do número de seus pais pra que eu possa ligar e avisar que você está aqui?

A voz da mãe de Jaemin havia soado do outro lado da porta, fazendo com que Jeno se afundasse ainda mais na banheira. Estava com medo, não queria ter que voltar pra casa. Sabia que não seria perdoado, sabia que sairia ainda mais machucado.

— N-não... — o menino mentiu, mordendo os lábios em sinal de nervosismo.

— Tem certeza de que eles não vão ficar preocupados querido? Posso ir até sua casa e avisar que você está aqui... — a mulher insistira receosa. Embora houvesse visto de relance os machucados no corpo do garoto e sentisse algo de estranho na relação dos Lees, não poderia simplesmente não avisar que Jeno estava por ali.

— NÃO! — Jeno bradou, levantando-se em um impulso da banheira de espuma — P-podemos...ligar amanhã? P-por favor...? Me deixe ficar aqui, por favor... Me deixe ficar aqui por enquanto.

— Está tudo bem querido, você pode ficar... Pode ficar o quanto quiser, está bem?

Após aquela conversa, a mãe de Jaemin não mais insistira para que Jeno se lembrasse do número de telefone de seus pais. A mulher concentrara-se em assar biscoitos aos garotos, esperando que mais cedo ou mais tarde os próprios pais do mais novo ligassem, sabendo da amizade que Jeno possuía com seu filho. Mas acontece que o dia havia se passado, os biscoitos acabado, e nenhuma ligação fora recebida.

No dia seguinte, logo pela manhã, Renjun voltara para sua casa enquanto Jeno permanecia ali, sem que desejasse cruzar a rua. A mais velha sabia que havia algo de estranho acontecendo.

— Jeno querido...  — a mulher aproximou-se. Havia se abaixado na altura do garotos, os quais brincavam no chão com miniaturas de dinossauros. — seus pais devem estar preocupados. O que acha? Já está ficando tarde, vai perder o almoço...

O Lee fechou o rosto no mesmo instante, sentindo-se amedrontado. Jaemin observara-o receoso, imaginando que deveria intervir para ajudar o mais velho.

— Mamãe ele não pode ficar mais um pouco? — o Na indagou, imaginando que a mais velha levaria o amigo de volta pra casa. — Jeno não gosta de comer em casa.

— É claro que pode... mas temos que avisa-los antes.  — a mais velha esclareceu, já tendo certeza de que o outro não desejava voltar para casa — Ou tem alguma coisa que você gostaria de me contar?

Para onde eles vão? - Norenmim Onde histórias criam vida. Descubra agora