Para onde eles vão? - Norenmim

Sobre como ele tornou-se de repente um erro de continuidade

Raras são as amizades que resistem aos infortúnios do tempo sem qualquer afastamento ou brigas dolorosas. Por muito tempo, pode-se dizer que o que existia entre Renjun e Mark era justamente uma dessas raridades. Dos 8 aos 15 não havia quem os pudesse separar. Dos 8 aos 15 não havia quem ousasse suspeitar que o menino Huang fosse acabar nos braços de outro Lee – ainda mais quando este Lee nunca poderia lhe oferecer nem metade daquilo que Mark lhe proporcionava diariamente.

A doçura, a inteligência, e a calma, assim como no caso de Renjun, também descreviam Mark com perfeição. Entretanto, era aquilo que os diferenciava que fizera com que a amizade entre os dois garotos ganhasse força em meio a momentos adversos. Era aquilo que os diferenciava que fizera com que Nana tivesse certeza de que mexer com o destino poderia gerar consequências ainda mais desastrosas do que aquelas que já haviam se desenhado anteriormente.

Mark era do tipo que falava pelos cotovelos, mas também era o tipo que se atentava a manter-se em silêncio quando o tímido Renjun se desafiava a abrir a boca sobre qualquer assunto que fosse. Mark era aquele que entendia seus hábitos e gostos sem questiona-los ou ridiculariza-los, mas também era aquele que o ensinava a saber lidar com os que jamais o entenderiam da mesma forma. Mark fora o primeiro dentre poucos que jamais enxergara Renjun ou qualquer um de seus familiares com olhares maldosos apenas por estes não serem coreanos. Mark era quem esperava pacientemente pelo Huang após a escola mesmo que este conhece o caminho bem melhor do que ele, e que obviamente já fosse acompanhado vez ou outra pro Jeno. Mark era exatamente tudo que Renjun precisava, Mark era a felicidade que o destino sempre lhes resguardara.

Sem Mark, Nana nunca conseguiria ter se atrevido a deixa-lo pra trás. Sem Mark, Renjun nunca conseguiria ter se atrevido a deixar-se acreditar que Nana era apenas fruto de sua imaginação. Sem Mark, Renjun poderia não conseguir seu costumeiro final feliz.
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Acomodados no quarto de Chenle, Mark e Renjun se entreolhavam em meio à tensão. O Huang estava esperando que o canadense abrisse a boca, mas nem o Lee sabia bem por onde começar. Estar ali parecia como um teste de paciência e o chinês não conseguia evitar de suspirar.

— Junie...e-eu... — Mark forçou-se a começar, aproximando sua mão da do Huang. — Sinto muito que tudo isso tenha acontecido entre vocês... Sinto muito por não ter te dado nenhuma notícia, você não merecia nada disso...
Renjun engoliu em seco, já mais tranquilizado. Se Mark estava se desculpando era porque provavelmente ele sabia sobre a situação de Jeno e também estava evitando contar a ele.

— T-tá tudo bem...eu estou bem melhor agora. O-os meus amigos...eles me ajudaram...

— Fico feliz que tenha se aproximado do Donghyuck, já que agora eu não posso mais estar tão perto quanto gostaria... Quero que entenda que não te deixei sem respostas por escolha própria. —  Mark abriu um sorriso tímido, aproximando-se do mais novo com cautela.

— Foi o Jeno, não foi?  P-por que...por que só agora você resolveu voltar a falar comigo?  — Renjun finalmente perdeu o controle. Queria ter certeza de que o outro estava em segurança e ter o máximo de pistas possíveis sobre o que estava acontecendo.

Mark titubeou, ainda pensando em que palavras deveria usar com o mais novo.

— O Dejun me ligou... — o canadense começou, visivelmente preocupado com que tipo de reação o mais novo viria a ter — Jeno estava nervoso e não queria falar com ninguém. Eu fui buscar ele, mas ele obviamente não queria ir comigo... Consegui convence-lo quando eu disse que não eu ia contar pra ninguém e que ele poderia ficar o quanto precisasse ... Não consegui fazer ele abrir a boca sobre como ele se sentia, mas obviamente ele não queria ter que encarar nossos pais, até porque eles realmente não estão lidando bem com a “novidade”... — Mark concluiu em tom alarmado, fazendo com que o Huang respirasse bastante fundo. Ele podia sentir aquilo com clareza.