Para onde eles vão? - Norenmim

Memórias perdidas e histórias não contadas

O mundo de Renjun por muito tempo era como algo limitado, ainda que tal adjetivo não parecesse pertencer a seu vocabulário. O mundo de Renjun baseava-se em certas pessoas, lugares e acontecimentos capazes de serem contados nos dedos. Ele, mesmo diante de tamanhas limitações, fora uma das poucas figuras que sempre esteve presente.

Em toda Fireflies, não havia quem não os enxergasse como uma família extremamente feliz. Era sabido por todos através das gargalhadas que se ouviam aos fins de semana, e pelos sorrisos constantes daqueles 5 garotos que sempre caminhavam lado a lado, que os Huangs tinham como maior dádiva a união e a perpetuação do amor. Entretanto, mesmo diante da evidente figura positiva que se construíra da família e tudo de bom que realmente ocorria por dentro daquela enorme casa no final da rua, ainda assim, nem mesmo eles estavam imunes aos problemas. Nem mesmo eles deixavam de ter segredos terríveis.

Se aquilo que os Lees escondiam estava relacionado à figura de Jeno, o que os Huangs escondiam relaciona-se a ele. Ele, que aos olhos de Renjun resumia-se a qualidades. Ele que aos olhos de Renjun era o mais sorridente, corajoso e afetuoso dentre os primos. Ele, que apesar de Huang, carregava o fardo de outra família.

Mesmo que ainda muito novo, mesmo que nem se quer se lembrasse do que havia ocorrido naquele dia, mesmo que todos o tratassem — em boa parte do tempo —exatamente da mesma forma que todos os outros garotos eram tratados, mesmo assim...mesmo assim ele sentia-se diferente. Mesmo assim ele sentia-se mais Zhong do que Huang.

Entre os Huangs sempre houvera a promessa de não manter segredos. Mas por que haveriam de mentir a todos os outros? Por que sempre fingiam que estava tudo bem? Por que nunca discutiam o assunto à mesa? Por que achavam ser melhores do que os Lees? Por que achavam ser melhores do que os Kims?

Talvez a abordagem dos Huangs também não fosse a mais correta, apesar da ausência de intenções maldosas. Talvez por ter interpretado a proteção como falta de coragem, ele começara a ignorar a premissa de contar a todos seus segredos. Não era um Huang afinal.

Seu primeiro segredo viera cedo, contrariando às expectativas e limites de Renjun.

Xiaojun não fora o único, quiçá o primeiro, amigo de Jeno. Pois Chenle havia feito por si aquilo que ninguém jamais fizera, mesmo que este nem se quer se lembrasse.
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Ainda que Mark o houvesse orientado para que esperasse o dia seguinte, Renjun acabara indo contra seus pedidos, fazendo com que o mais velho o levasse às presas para a casa do outro Lee.

Já era bastante tarde quando Renjun chegara à casa de Donghyuck, mas tanto seus pais, quanto seu irmão mais velho, permaneciam acordados e apreensivos. Pelo que havia ouvido de Taeyong, o garoto estivera enfurnado dentro de seu quarto desde que havia chegado. Não havia explicado os machucados e nem sequer se esforçado a comer, deixando a todos obviamente preocupados.

Quando o Huang tomou coragem para subir o lance de escadas e bater delicadamente na porta do quarto do amigo, já haviam mil e um pensamentos diferentes em sua cabeça. Estava com medo do que poderia vir daquela conversa, estava com medo que qualquer uma de suas hipóteses poderiam estar certas.

— O-oi Hyuck...Sou eu...o-o Renjun. — o Huang proferiu receoso dada a falta de respostas do amigo. Mas o silêncio permanecera, mesmo após aquilo.

Foi só quando o mais velho pensou em tocar a porta novamente que finalmente foi capaz de escutar o barulho da chave à porta. Donghyuck logo apareceria com o rosto inchado pelo choro, agarrando-se ao pescoço do Huang em um abraço. Renjun o correspondeu, mesmo que ainda não fizesse ideia do que realmente havia acontecido com o garoto.