Capítulo 10

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Jade Prescott

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Jade Prescott

Desço do carro assim que o paro em frente à minha casa. Peter desce logo em seguida e para ao meu lado. Paro e encaro a casa à minha frente. Talvez eu esteja esperando que a minha avó abra a porta e me receba de braços abertos, mas isso não vai acontecer. Não mais.

Escuto os passos de Peter assim que começo a andar até a porta. Entro na casa e tento ao máximo não olhar para os quadros espalhados por toda a sala. Tem cacos de vidro espalhados para todos os lados. Ontem eu extrapolei um pouco na bebida. Vim em casa e quebrei todos os vasos que eu via pela frente. O meu intuito era quebrar os quadros, mas, quando vi as fotos e o sorriso da dona Valéria em todos eles, não consegui.

Eu tenho uma forma estranha de lidar com o luto. Na verdade, nunca fui de me importar muito com ele.

Não costumo ir aos enterros, prefiro evitá-los. O da minha avó é o primeiro que eu vou e espero que seja o último. Essa é a primeira vez na qual me sinto mal por alguém ter morrido, talvez porque ela sempre me amou e cuidou de mim desde o meu nascimento.

— Eu vou tomar um banho e me trocar. Espera aqui embaixo? — Peter assente e eu subo até o meu quarto.

Todos os dias em que passei naquele hospital, eu sofri quietinha antes mesmo de acontecer. Senti as lágrimas rolando antes de ter certeza. Tinha esperança de receber uma boa notícia, mas não era para ser. No fundo eu já sabia. Tudo que queria era que não fosse verdade, que nada daquilo fosse real, mas para o meu azar, nenhum dos meus desejos são realizados.

Eu pedia a Deus para que fosse engano, eu me enrolava em meio as cobertas querendo que fosse só um sonho ruim; eu sabia; eu sentia; quanto mais eu pensava, mais doía.

Ontem naquele hospital, sentada naquele chão, em meio a tanta aflição, uma voz em um tom triste e baixa disse no meu ouvido: ela se foi. Foi aí que o desespero chegou. Foi por isso que as lágrimas começaram a descer. Eu já sabia.

Sigo para o banheiro e tiro as peças de roupas pelo caminho. Encaro meu reflexo no espelho. As olheiras escuras denunciam que eu não dormi essa noite. Realmente, não dormi, não consegui pregar o olho a noite toda.

Ligo o chuveiro e a água quente que bate contra o meu corpo parece me acalmar um pouco. Não sei se estou chorando, mas meus olhos ardem. Se eu estiver chorando, as lágrimas estão descendo junto com a água do chuveiro que cai pelo meu corpo.

Termino meu banho e me enrolo na toalha. Vejo meu celular com a tela ligada em cima da mesa de cabeceira. Tinha esquecido completamente que deixei ele aqui antes de ir para a casa do Peter. Pego o aparelho. Várias mensagens e chamadas perdidas. Mando uma mensagem para Zoe dizendo que irei buscá-la para irmos ao enterro. Quando envio a mensagem, uma foto da tia Amélia comigo aparece na tela. Atendo antes que desligue.

Necessito de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora