Capítulo 31

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Damon Foster

Ter visto o Peter bater na Jade foi horrível. Tive um misto de sentimentos. Eu senti raiva, me senti um merda por não ter ficado no andar de baixo com ela. Não vou deixar de pensar todos os dias em como a deixei a mercê do Peter. No momento em que aconteceu, fiquei sem reação, assim como os caras que estavam ao meu lado. Depois que a Jade saiu da cozinha, uma onda de fúria tomou o meu corpo. Fui o primeiro a partir para cima dele, logo depois, Weston e Carter fizeram o mesmo.

Só me dei conta do que estava fazendo quando vi sangue pelo chão da cozinha. Com muita dificuldade tirei os caras de cima do Peter. Wes olhava para ele como se fosse matá-lo. Sei que ele teria feito isso se eu o tivesse deixado.

Subimos as escadas na intenção de ver como a Jade estava. Passei primeiro no nosso quarto, mas estava vazio. Wes disse que no quarto dele, ela também não estava, então fomos procurar pela Zoe.

— Cadê a Jade? — pergunto.

— Ela disse que precisava de um tempo e então saiu.

— E você deixou? — Passo a mão pelos cabelos. — Onde será que ela se meteu?

Já estava entrando em desespero, minhas mãos tremiam e minha respiração estava pesada. Comecei a andar de um lado para o outro, me julgando internamente por ter sido tão burro. Isso foi culpa minha. Peter bateu nela por minha culpa. Se eu não tivesse entrado na vida dela, tudo continuaria dando certo na vida da Jade.

— Damon. — Escuto Carter me chamar, mas continuo andando de um lado para outros sem dar atenção. — DAMON. — Paro bruscamente e o olho. — Nós sabemos onde ela está.

— Ótimo, vamos. — Wes me segura pelo braço antes que eu saia pela porta. — O quê?

— É um lugar só dela, Damon. Ela só sai assim quando precisa pensar e se reaproximar de si mesma. Então se alguém precisa ir lá, esse alguém sou eu ou Carter. A família dela. — Ele olha nos meus olhos. — Não que ela não te considere família. Na verdade, não sei. Mas nós — Wes aponta para Carter — precisamos conversar com ela.

Entendo o lado dele. Jade precisa da família agora e não do cara que trouxe toda essa loucura para a vida dela. Eles saem pela porta do quarto e logo escuto o som da porta da frente sendo fechada.

Desço as escadas de dois em dois degraus, vou até a cozinha vendo Peter sentado no chão com um pano o pressionando no rosto. Caminho até o mesmo e paro ao lado dele. Ele me olha e levanta as sobrancelhas, me abaixo na altura de seu rosto.

— Sugiro que você pegue as suas coisas e saia desta casa — digo com a voz ríspida.

—Wes já passou aqui e disse isso. Só vou limpar os ferimentos e sair.

— Não. — A voz da Zoe se sobressai. Não fazia ideia de que ela estava aqui. — Você irá se levantar e sair daqui antes que a Jade volte. Não quero você chegue perto dela. Não quero que entre em contato. A única que vai fazer é pegar suas coisas e ir para a puta que pariu.

Peter começa a levantar-se com certa dificuldade e passa por nós sem dar uma palavra. Direciono meu olhar para a Zoe que está a me observar. Suspiro e sinto uma lágrima escorrendo na minha bochecha.

— Tá tudo bem? — Zoe me pergunta.

— É tudo culpa minha, Zoe. Se eu tivesse me afastado dela quando soube que ela estava com o Peter, isso nunca teria acontecido.

— Nós dois sabemos que a Jade teria terminado com o Peter mais cedo ou mais tarde. Eles não foram feitos um para o outro e a Jade sabe disso.

— Eu não deveria ter vindo para essa viagem.

— Não diga isso. Pense por outro lado, se não tivesse vindo o encontro não aconteceria.

— E a Jade não teria levado um tapa.

— Todos conhecem o temperamento do Peter, uma hora ele iria fazer algo do tipo. Você, Carter e West estavam aqui para não deixar que algo pior acontecesse com ela.

— Espero que ela me perdoe — digo baixo.

— Se conheço bem a Jade, ela nunca irá te culpar de nada. Nunca passaria pela mente dela. — Zoe me dá um sorriso acolhedor. — Sobe e toma um banho, quando a Jade chegar vai precisar de alguém para dormir de conchinha.

Peter está descendo as escadas, com as malas em mãos, quando chego até a sala. Ele me olha com raiva, mas não fala nada. Espero até que ele saia pela porta para subir. Sigo para o banheiro social para caso Jade chegue, ela possa ficar à vontade.

Entro no quarto com a toalha enrolada na cintura. Não vejo nenhum sinal da Jade por aqui. Vou até a mala e pego uma calça moletom para vestir. Me sento na ponta da cama e passo um tempo olhando para a porta, na esperança de que a Jade passe por ela e diga que está tudo bem.

Apoio meu rosto nas mãos esperando que o tempo passe logo. Não vou negar que continuo me culpando, algumas lágrimas descem pelo meu rosto. Me sinto um idiota que não conseguiu proteger a garota que ama. Um completo imbecil.

Sinto o toque delicado da Jade no meu braço, ergo meu olhar e a única coisa que penso em fazer é abraçá-la. A abraço com uma vontade de nunca mais a soltá-la.

— Deveria ter ficado lá embaixo com você — digo.

— Não. — Ela segura meu rosto para que eu a observe. — Agora sei quem ele é de verdade. Não precisa se lamentar, muito menos ficar triste. Tivemos uma ótima noite e quero que termine assim também, ok? — Jade se inclina e deposita um selinho nos meus lábios.

— Tá bem. — Sorrio.

— Vou tomar um banho. — Ela caminha em direção ao banheiro. — Ah, o outro quarto está desocupado, se quiser ir para lá.

— Você quer que eu vá? — Ela nega. — Então vou ficar.

Quando entra no banheiro, vou até minha mala e pego minha samba canção do Thor. Não me julgue, eu a amo. Visto a peça e saio do quarto para ir até a cozinha. Não há ninguém, o silêncio é a única coisa audível aqui. As marcas de sangue no chão estão no mesmo local.

Pego alguns produtos de limpeza na esperança de conseguir tirar aquelas manchas do chão. Esfrego o chão com força, vejo as marcas saindo e a cor do piso é vista novamente. Guardo todos os produtos e bebo água antes de subir.

Jade está saindo do banho quando entro no quarto. Os olhinhos vermelhos denunciam que ela estava chorando, isso machuca o meu coração. Ela vai até o closet com uma blusa na mão, espero um pouco antes de ir até lá. A abraço por trás e beijo o topo da sua cabeça.

— Vamos para a cama? — pergunto.

Ela se vira para mim e sela nossos lábios. Me beija delicadamente. A pego no colo e deito-a na cama.

— Agora estamos na cama. — Ela diz quando nos separamos do beijo.

Lhe dou um beijo na testa e deito-me ao lado dela. Passo os braços ao redor da cintura dela. Jade se aconchega e não demora muito para que a respiração dela se acalme e ela durma nos meus braços.

— Eu te amo — sussurro.

Necessito de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora