Capítulo 42

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Jade Prescott

Na maior parte do tempo, sou uma pessoa extremamente paciente, só que quando a Zoe está atrás de um volante, essa paciência evapora. Zozo sempre foi uma pessoa focada e com facilidade em aprender coisas novas, mas talvez o carro seja a sua kryptonita.

Pode parecer piada, mas sempre que os vizinhos veem a minha amiga entrando pela porta do motorista, eles se escondem.

— Vamos fazer o seguinte... — Tento ser mais gentil do que posso. — Você dirige até a farmácia, preciso repor alguns remédios, mas dirige devagar.

— Por que você não dirige? — Ela me olha incrédula. — Eu desisto.

— Não. Você vai dirigindo, na volta podemos trocar. — A proposta dela foi tentadora, mas ela precisa ter confiança.

A observo respirar fundo e apertar o volante, logo o carro começa a andar lentamente em direção a farmácia mais próxima. Me distraio por alguns segundos, enquanto procuro alguma música no rádio. Quando encontro algo que quero escutar, volto minha atenção para a estrada.

Passei um tempinho para escolher uma música, mas nesse pouco tempo já deveríamos ter saído da rua de casa. Direciono meu olhar para o painel do carro, mas em seguida volto minha atenção para Zoe.

— Zoe, o que está fazendo? — pergunto.
— Dirigindo?

— Acho que quando se está em menos de 15 quilômetros por hora, você não está dirigindo, está caminhando.

— Estou com medo, Jade. — Ela me encara.

— Olha pra estrada — rosno como um cão.

— Desculpe. — Respira fundo. — Tenho medo de bater em algo ou de sofrer um acidente que me faça ir a óbito.

— Ir a óbito. — Repito em tom baixo e olho para a janela. Isso é algo que estou pensando muito ultimamente.

— Tenho medo de bater em alguém em uma moto e a pessoa morrer. — Zoe para o carro.

— Já entendi. Você não quer relembrar a morte do seu pai. — Foi minha vez de respirar fundo. — Sei que a morte dele foi uma das coisas mais dolorosas da sua vida, mas será que ele gostaria que você vivesse com medo?

— Não.

— Se seu pai estivesse aqui onde estou, o que ele diria? — A encaro.

— Para parar de ser rabugenta e dirigir logo até a farmácia. — Ela solta um breve sorriso.

— Então para de ser rabugenta e dirige logo até a farmácia. — Zozo bate continência e começa a dirigir.

Mesmo em baixa velocidade, até que chegamos rápido na farmácia, talvez porque fiquei o caminho todo distraída com os meus pensamentos, um pouco, suicidas. Uma peculiaridade que tenho é que sempre penso em coisas ruins. Por exemplo: se estou dirigindo um carro a cem por hora, o que aconteceria se eu me jogasse do carro ou se ele batesse?

Nunca comentei isso com a psicóloga e talvez não contarei. Essa poderia ser a gota que falta para que meus remédios aumentem. Sim, estou tomando medicamentos por conta da ansiedade. Cada vez ia piorando mais e mais, mas agora está tudo sendo controlado.

Necessito de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora