Necessito de Mim

Capítulo 15

Jade Prescott

Se passaram dois dias desde que Zoe está aqui em casa, dormindo no quarto ao lado do meu. Todas as noites, escuto o seu choro. Estou muito preocupada, mas tenho medo de chegar e ela achar que estou invadindo o seu espaço, então, vou esperar que ela venha até mim.

Carter sempre liga ou vem até aqui para saber como ela está e para vê-la, mas ela não sai do quarto e não responde às mensagens dele.

Só sei que ela está se alimentando, pois, pedi para Beth deixar comida no quarto que ela está, e pelo que escutei, ela come tudo o que lhe é deixado. Menos mal.

Nesses últimos dias, coisas estranhas têm acontecido comigo, como, por exemplo, pensar em coisas que nem se quer aconteceram e passar o dia me martirizando com aquilo. Hoje pela manhã, passei muito mal na loja, tranquei-me na minha sala e quase não conseguia respirar. Não sei o porquê de isso estar acontecendo, mas irei comentar com a minha psicóloga mais tarde.

Percebo meu celular vibrar em cima da minha mesa, anunciando, uma nova mensagem.

Damn

Me diga que está na loja

Jade

Estou...

Damn

Ótimo, estou aqui na entrada. Vou te levar para almoçar.

Certo, fui pega de surpresa. Bloqueio o celular e me vejo pelo reflexo, estou um caco. Maquiagem borrada, rímel por todo o rosto — sinal de que chorei.

Jade

Me dá alguns minutinhos.

Levanto-me da cadeira e vou até o meu banheiro do escritório. Minha sorte é que estou em uma loja que vende maquiagem ou estaria um pouquinho ferrada.

Limpo todo o meu rosto e começo a fazer uma make básica, passo base, um pouco de corretivo, rímel, contorno e um batom clarinho. Pego minha bolsa antes de sair da sala e sigo até a entrada da loja. Damon está de costas para mim quando passo pela porta de vidro. Ele está com a sua inseparável jaqueta preta, calça da mesma cor, um tênis branco e o cabelo levemente bagunçado.

Prendo meu braço no seu que parece despertá-lo dos pensamentos.

— Você não cansa de ser linda assim? — Ele me dá um beijo na testa e começa a andar.

— Me acostumei, não consigo mais parar. — Damon dá uma risada gostosa de ouvir.

— O que quer comer? Vou te deixar escolher, mas só hoje.

— Tem um restaurante aqui perto. Podemos ir lá.

— Como foi sua manhã de trabalho?

— Legal — minto.

— Sério? Os seus olhos vermelhos não dizem isso. — Ele esquadrinha meu rosto. — Estava chorando?

— Estava.

— Quer falar sobre isso?

— Não tem muito o que falar. — Dou de ombros. — Nos últimos dias tenho pensado em coisas não muito agradáveis e fico me torturando com isso.