⌈ capítulo 18 ⌋

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Amélie Fontainelles

          Ambas as meias-finais, Portugal — França e Inglaterra — Bélgica, são disputadas em Roma, no Stadio Olimpico, a casa da AS Roma e SS Lazio. Por serem na mesma cidade, no mesmo estádio, mas em dias diferentes, dá para que eu acompanhe Portugal e Inglaterra, assim como Vanessa poderá acompanhar França e Bélgica. O primeiro jogo é o das minhas duas seleções prediletas e admito que esta pressão está a dar comigo em louca, está praticamente a consumir-me. Eu não vou conseguir simplesmente ficar eufórica no final do mesmo. Caso passe França, sentir-me-ei destroçada por ver João triste por  morrer na praia e não cumprir o seu sonho de colocar os pés na final de um campeonato tão importante quanto este; caso passe Portugal, o meu coração irá partir-se, por mais uma vez ver o meu país ser afastado pelos lusitanos, que a grande maioria dos franceses odeiam.

          — Estiveste muito bem. — Parabenizo Anthony Lopes pela conferência de imprensa dada ao lado de Fernando Santos e sorrio docemente para o guarda-redes quando ele me lança um igual sorriso. Será o primeiro jogo dele como titular neste campeonato e eu estou muito orgulhosa dele, por ambos partilharmos semelhantes raízes e por achar que ele é um atleta excelente. — Mister, acha que poss...

          — Claro que sim. — O mais velho nem me deixa ao menos terminar de falar, ele apenas me dá autorização de procurar por João, sabendo perfeitamente que eu quero desejar-lhe uma boa sorte para o jogo. — Mas rápido, quero que eles estejam concentrados e focados.

          Apenas assinto com a cabeça para o técnico da seleção das Quinas e dirijo-me ao balneário português, esperando no exterior do mesmo que alguém saia. José Sá é, inacreditavelmente, o primeiro a sair e logo me avisa que Cancelo está prestes a abandonar o espaço, informando que lhe falta apenas calçar as chuteiras. Um a um começam a sair, às vezes em pequenos grupos, e gargalho quando Adrien me pega ao colo e me roda no ar, apenas por eu ter desejado uma boa sorte, palavras que proferi para cada um deles.

          — Calçar as chuteiras demora assim tanto? — Reclamo quando João, finalmente, sai acompanhado de Bernardo, que começa a rir e afasta-se de nós. — O Sá disse que estavas quase pronto, mas os outros ainda conseguiram sair primeiro que tu.

          — Estava a combinar com o Gonçalo e o André as nossas férias. — O lateral-direito coloca as mãos na minha cintura, puxando-me para ele, algo que me leva a revirar os olhos e a controlar-me para não rir. — O Jonathan?

          — Está com o Sergio. — Ainda que eu não queira ceder, por ele me ter feito esperar, eu sou incapaz de não o fazer e sorrio ligeiramente quando ele roça o seu nariz no meu. — Ele voltou a Roma para ver os restantes jogos e ofereceu-se para ficar com o Jonathan enquanto eu estou a organizar tudo. — O jogador assente com a cabeça e cola os nossos lábios por breves segundos. — Que férias são essas? Não tenho conhecimento de nada.

          — Nós, o Bernardo e a namorada, o Gonçalo e a quase namorada, o André, o Tomás e a namorada, o Rafa, o Fábio e a namorada, uma semana em Formentera, com uma ou duas passagens por Ibiza. — O meu sorriso torna-se largo com o que ele diz mas assim que me lembro do meu filho, perco o sorriso. — O que é isso? O teu filho ou o André ir?

          — O Jonathan, mas eu posso falar com a minha mãe e ela fica com ele. — João sorri do mesmo modo que eu anteriormente sorria e entrelaço os meus dedos no seu pescoço. — Quem são esses todos?

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