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⌈ capítulo 25 - último ⌋

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1 ANO DEPOIS

❛ Amélie Fontainelles ❜

          São apenas 10h da manhã e o sol já esquenta lá fora. Para alguém que é natural da Córsega devia estar habituada às temperaturas quentes do verão do sul europeu, mas como durante cinco anos vivi na fria e nublada Inglaterra, em que a temperatura máxima no verão é de 24ºC, eu perdi a minha resistência a estas temperaturas. Estamos em pleno mês de Agosto, a temperatura já bate nos 25ºC e eu suspeito que vou desidratar nos primeiros tempos.

          Devem estar a perguntar-se o que faço no sul europeu. Bem, o João terminou o contrato com o Manchester City em Julho, recusando sempre a renovação, por ter em mente a ideia fixa de voltar a casa, a custo zero por conhecer as dificuldades financeiras pelo qual o clube passa. E aqui estamos nós, completamente instalados há mais de uma semana, no Barreiro, a sua cidade natal e aquela que será a nossa cidade pelo resto dos tempos. Quando o meu marido me disse que queria retornar ao Benfica e aqui findar a sua carreira, logo concordei e começamos a mudança mal cessou a época 2024/2025. Jonathan ainda reclamou um pouco, por ter de mudar novamente de país, o que gerou inúmeras discussões entre nós. Contudo, a muito custo e entre muitas lágrimas, eu cheguei à conclusão que o melhor para ele neste momento é manter-se em Inglaterra.

          É isso mesmo, o meu filho ficará a viver em tempo escolar, nas terras de Elizabeth II, com o seu pai e passará comigo, as férias de Natal, Páscoa e verão, algo que agradou a Héctor, mas claro que o mesmo se sentiu mal pela tristeza que eu senti naquele momento. No início, a ideia de o ter longe de mim, custou-me imenso, mas agora, eu finalmente aceitei que o meu menino precisa do espaço dele e que tem o direito a escolher ficar com o pai. O seu sonho é sem dúvida o futebol. Quando ainda estávamos em Inglaterra, ele passou várias semanas a fazer a viagem Manchester – Londres, quase diariamente, por causa dos treinos no Arsenal, onde está a iniciar a sua carreira desportiva, e vir para Portugal não iria permitir que ele continuasse no clube que tanto deu ao seu pai. Então, eu vou permitir que ele viva o seu sonho, ainda que o meu coração aperte de saudades antes mesmo de ele ter ido.

          — Toca a acordar, seus preguiçosos. — Digo ao entrar no meu quarto e de João, abrindo as persianas e rio baixinho ao ver o homem e Íris deitados na cama. Os dois têm exatamente a mesma forma de dormir e ambos estão com a testa franzida e um beicinho nos lábios, por sentirem o sol bater nas suas caras. — João, Íris, oupa! — Tento afastar os cobertores dos dois, mas o atleta puxa os mesmos para cima de si e continuo a rir ao ver que a menina tenta fazer o mesmo. — Fiz panquecas de chocolate com avelã. — Informo com os braços cruzados no peito e solto mais uma gargalhada ao ver os olhos de ambos abrirem-se instantaneamente.

          — Yummy, yummy, panquecas de chocolate da mamã. — A menina de quase três anos dá um pulo para cima do pai, batendo com as suas mãozinhas no peito dele para o tentar acordar. — Papá, papá, levanta-te ou o mano vai comer todas.

          — Aposto que esse sostro ainda nem levantou o rabo da cama e tenho a certeza que é porque a tua mãe ainda não o acordou. — Ergo uma sobrancelha ao moreno que me encara com um sorriso matreiro, dando a entender que eu favoreço sempre o mais novo, em termos de o deixar dormir mais um pouco. — Mas sabes o que eu queria mesmo comer? — Abro a boca para o mandar calar, imaginando a porcaria que ele vai dizer em frente da nossa filha e atiro-me para a cama. — Estas mãozinhas e esta barriga gordinha. — O barreirense agarra as mãos da bebé e finge comê-las, fazendo-me suspirar de alívio. — Tu és uma marota, Amélie! Mas não te preocupes, que ela hoje vai dormir no quarto dela, nem que eu a obrigue e eu como-te.