⌈ capítulo 20 ⌋

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Amélie Fontainelles

          Sons de máquinas em torno de mim, assim como a luz forte a bater nos meus olhos e as vozes que também são audíveis, ainda que distantes, fazem-me despertar. A minha mão direita, está a ser agarrada por alguém, e a primeira coisa que faço depois de lentamente abrir os olhos, é olhar na direção da parte direita do meu corpo, deparando-me com um moreno, sentado numa poltrona preta, com a cabeça pousada ao meu lado e a mão na minha. Um pequeno sorriso surge nos meus lábios e uso a minha mão livre, com o intuito de o acordar, já que pelo som pesado da sua respiração, é possível determinar que ele está a dormir.

          — Hey João, são horas de acordar. — Falo tranquilamente quando ele ergue a cabeça para mim e rio baixinho ao notar as suas olheiras. — Não te dói as costas e o pescoço? — O português, ainda ensonado, concorda com a cabeça, mexendo o pescoço e abrindo um sorriso largo para mim.

          — Eu esperava ter dores no corpo esta manhã, ainda mais por ter sido campeão na noite passada, mas não eram bem no pescoço e não por ter passado na noite num hospital. — A ficha cai-me e a agonia toma conta de mim, fazendo-me engolir em seco e olhar em volta. — Aliás, esperava que tu também tivesses dores corporais, sabes ...

          — Como é que eu vim aqui parar? — Interrompo a sua fala carregada de malícia e os meus olhos voltam a pousar em si. Tudo o que me lembro é de ter sido abordada por Leon, ele me ter levado para uma zona escura e depois daí, é como se tivessem apagado a minha memória. — O Leon? Ele fez-me alguma coisa? Ele t...

          — Calma, está tudo bem! Tu estás aqui apenas para observação, para garantir que não fizeste nenhuma reação e que estás bem de saúde. — Logo o atleta segura ambas as minhas mãos e fala com o olhar diretamente no meu. — Ele não te fez nada, porque se tivesse feito, eu é que não estaria aqui! Eu estava preso por o ter assassinado. — Uma breve risada escapa-se pelos meus lábios, apenas devido ao tom com que ele fala e à firmeza com que as suas palavras são ditas. — Ele usou uma droga qualquer em ti, adormeceu-te para te ... Tu sabes! Mas não conseguiu fazer nada porque o Ruben chegou a tempo.

          — E onde ele está agora?

          — Preso, ele foi preso, porque a Vanessa e o Olivier é que chamaram a polícia quando estranharam a tua demora e mostraram o vídeo que tu tinhas guardado no colar que lhe ofereceste. — Suspiro pesadamente de alívio, ao sentir que ele nunca mais será capaz de me fazer nada e a nenhuma outra mulher, assim como aos meus familiares e amigos, por estar preso e tão cedo não ver a luz do dia. Felizmente, a minha melhor amiga e o francês descobriram o vídeo que o incriminava da sua mais recente tentativa de violação e ajudaram à detenção do mesmo. — Eu devia ter estado lá, sabes? Devia ter sido eu a impedir, e eu garanto que não teria a mesma calma do Ruben, eu tinha rebentado com os miolos daquele filho da puta.

          — João. — Inverto a posição das nossas mãos e agarro fortemente as suas, fixando o meu olhar em si, para de certo modo consegui-lo fazer entender aquilo que eu sinto enquanto lhe dito as palavras. — Ainda bem que não eras tu que lá estavas, porque tu ias estragar a tua vida, por muito que o matasses para me defender, para me salvar, continuava a ser um ato ilícito e cumpririas pena! Eu não aguentaria sem ti, o Jonathan iria morrer de saudades tuas. — Ergo-me um pouco na cama e subo as minhas mãos para o seu rosto, prendendo-o entre as minhas mãos. — E tu és campeão da Europa, tu estavas a festejar com os teus colegas, com os teus amigos, com a tua família, tu não tinhas como adivinhar que aquilo ia acontecer, aliás, ninguém tinha como o fazer.

revenge ⌈ cancelo • goretzka • bellerín •  loftus-cheek  ⌋ ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora