Capítulo 32

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     Marco um x no terceiro item da minha lista. Saio da loja e balanço os meus ombros ao ouvir uma música, vindo de algum lugar.

Eram duas horas da tarde quando eu saí de casa com a minha mãe, para fazer compras.

Agora os ponteiros marcam 3 horas e 40 minutos.

 Eu só precisava de mais dois itens. Mamãe está ao meu lado com sacolas nas mãos. Ela está curiosa para saber o que eu estou aprontando.

 Hoje de manhã eu finalizei os últimos detalhes da peça.Depois de várias vezes tentando chegar ao melhor modelo possível.

Confesso que a parte mais difícil foram os desenhos. Eu tinha que estudar, mas a ansiedade em pôr a mão na massa era urgente e angustiante. 

Eu tinha que fazer aquilo logo, até para saber se vai dá certo. Era um presente para o Thiago, a primeira peça masculina criada por mim. Eu tinha noção da diferença entre roupas masculinas e femininas, óbvio, mas isso não impediu que os primeiros traços do desenho fossem bem femininos. Algumas pessoas dizem que roupas não tem gênero. Taí uma explicação incrível.

 Mesmo assim eu fiz de tudo para não me espelhar com outras peças já feitas por outras pessoas. É para ser original. Bonito. Marcante.

O último item marcado na lista foram os zíperes. Eu encontrei exatamente como queria, Felizmente. 

Na lanchonete do shopping, eu conto para a minha mãe o que eu pretendo com aquilo tudo. A gente falou bastante sobre isso. 

Enquanto ela mexia no celular eu mordia meu lanche.

Quando vejo um, não, dois caras. Eles olhavam para o lugar, tentando encontrar uma mesa para eles. Estava tudo ocupado. Mas além da minha mesa, que tinha mais 2 lugares sobrando, duas mesas também tinham dois lugares sobrando, só que o olhar das pessoas eram acusadores, raivosos e  apreensivos. Principalmente do homem com a filha pequena. Um dos rapazes tinha a pele negra, cabelo cacheado curto de duas cores, preto com mechas castanho claro brilhante, ele usado um moletom rosa, que mostrava a barriga magra e bonita, junto com uma calça folgada preta brilhante. O outro era alto e musculoso, mal humorado e tinha o cabelo platinado quase raspado. Dava para ver que eram um casal. O olhar preconceituoso das pessoas sobre eles, me feriu.

Quando o olhar do musculoso encontra o meu, a minha mão com vida própria levanta e o chama com um movimento. Sua expressão é de surpresa. O da roupa rosa quando me vê, abre um sorriso e puxa o outro pela mão.

— Mamãe?— Eu toco seu pulso.— Não tem problema eles sentarem com a gente, não é?— Pergunto sem tirar os olhos das duas pessoas.

— Oi?— Então ela olha para mim e depois para frente eles já estavam perto.— Ah, Oh… Claro que não, filho!— Ela percebe o olhar das outras pessoas para com os dois. Esperamos eles chegaram perto.

— Oi!— Diz o garoto negro. A voz dele era fina.— Boa tarde! Você chamou a gente não foi?— Ele inclina o corpo para frente, expandindo os olhos. Ele usa delineador.

— Boa tarde. Sim! Eu vi que procuravam um lugar, então fiz isso!— Eu sorrio para eles. Ainda surpresos.— Podemos dividir!

— E tudo bem para a senhora?— Pergunta o outro rapaz.

— Claro que sim!— Ele mostra um sorriso.— Podem sentar, queridos!

— Aí amor, que pessoas maravilhosas!— O rapaz negro puxa a cadeira e se acomoda.— Sério, achei que a gente teria que sair! Essa lanchonete é nossa preferida! Os outros faltaram atirar coisas na gente!

— Eles não podem fazer isso! — Exclamo olhando em volta.

— Aí esse menino lindo chama a gente! Juro meu coração quase saí! Não tem nada de ruim no seu olhar para a gente! É tão lindo!— Ele olha com mim. Seus olhos negros brilhavam. Eu sou como você, bobinho.— Embora, eu achei que você poderia recusar!— Ele encara mamãe.— As crianças não tem maldade, mas os adultos!

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⏰ Última atualização: Jun 21, 2020 ⏰

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