A Aposta - Shawmila

Equilíbrio

POV. Shawn

O relógio despertou e eu abri os olhos, mais rápido do que normalmente, já que não havia dormido e estava apenas cochilando num sono levíssimo.

Depois de ter deixado Camila em casa eu não havia voltado para a minha. Dirigi por um bom tempo e parei em um lugar deserto para que pudesse pensar no rumo que as coisas estavam tomando na minha vida, o que não adiantou muita coisa.

Quando cheguei em casa já se passava das duas da manhã e minha mãe estava sentada no sofá, acordada tomado alguma coisa quente, aparentemente esperava por mim, já que quando cheguei escutei um sopro de alivio sair de sua boca, mas me mantive em silêncio e apenas fui para o meu quarto.

Eu não conseguia dormir, e quando cochilava tinha curtos pesadelos. Estava pensando em mil e uma maneiras de me desculpar com Camila pelo ocorrido, buscando alguma explicação na minha mente para que minha mãe tivesse agido daquele jeito, justamente com a pessoa que menos merecia.

Recusei a pergunta quando dona Karen se ofereceu para me levar ao colégio, preferia ir andando, até mesmo se fosse chegar atrasado. Mas assim que passei pelo portão pude perceber um carro parado exatamente na frente da minha casa. Olhei confuso e com um pouco de medo, obviamente. Imagina você um carro preto com os vidros completamente escuros parado às seis e meia na frente da sua casa. Observei atentamente e o vidro escuro desceu lentamente, denunciando um Nash aparentemente sonolento.

- Huh... - Respirei aliviado e ele riu.

- Que foi? Tá devendo? – sinalizou com as mãos - Entra aí que vou te dar uma carona.

- Valeu... – Agradeci entrando no carona.

- Que cara é essa? Tá indo virado pro colégio?

- Tipo isso...

- Bom saber que agora você sai e não chama os amigos. Muito bom! – Ele brincou irônico. Nash jamais ficaria chateado comigo por coisas banais. – Mas e aí, o que houve?

- Minha mãe armou uma cena com a Camila ontem no jantar ontem... – Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu não tinha terminado – O mesmo jantar que eu te chamei também.

- É, não consegui vir... – deu de ombros - Mas, que merda hein. – Assenti desanimado – Então isso significa que você está namorando? Tia Karen com ciúme, essa é nova.

- Não necessariamente. – Peguei o celular no bolso digitando uma mensagem para Camila.

- O que? – Ele olhou espantado pra mim – Para de enrolar a garota. Vocês estão juntos há quanto tempo? Saindo, eu digo...

- Pouco mais de um mês.

- E você não pediu ela em namoro?

- Não... - Ele parou o carro em um sinal, já próximo ao colégio e deu três tapas na minha cabeça, me deixando sem entender nada. – Ai, porra.

- Fala sério, viado. Tá esperando o que?!

- É complicado...

- Você gosta dela? – Rebateu antes que eu pudesse terminar, com o carro já em movimento.

Apesar das coisas começarem de um jeito errado, aquilo estava tomando uma proporção diferente. Era verdade que eu tinha pensado em me aproximar dela por conta da aposta, e que querendo ou não foi o que iniciou aquilo entre a gente.

Eu julgava sentir um tipo de atração, por menor que fosse. Achava fofo o jeito que ela usava o laço ou como se locomovia escondida por entre as pessoas nos corredores do colégio. Se não tivesse aposta alguma eu provavelmente não teria me aproximado, mas eu tinha... e aquela ação estava me causando uma reação.