A Aposta - Shawmila

Sunday

POV. Shawn.

Abri os olhos na penumbra do meu quarto e não tive dificuldades em ver as coisas, já que meus olhos estavam certamente adaptados com a escuridão.

O ar-condicionado estava desligado, porém o quarto ainda permanecia gelado. Esfreguei os olhos em preguiça e me estiquei o máximo que podia. Sentia meu corpo cansado, como se eu estivesse dormido pouco tempo, mas as dobras da coberta nas minhas mãos demonstravam completamente o contrário.

Procurei meu celular, mas não o encontrei. Como o chão do meu apartamento era de madeira não me incomodei em calçar chinelos e apenas segui para o banheiro para fazer minha higiene e acordar finalmente.

Quando fiz o que devia caminhei até a cozinha, sentindo meu estômago borbulhar e roncar cheio de fome. Passei a mão por cima da roupa e abri a geladeira, já que não tinha nada no fogão, mas tive a impressão de ter visto um papel, então tornei a fechar a geladeira e encarar o bilhete ali preso com um ímã.

"Levei o Mailou para dar uma volta e vou dar uma passada no mercado porque não tem nada no seu armário.

Não demoro. Tem café fresco na garrafa térmica.

Não faça merda na minha ausência.

Alice."

Deixei o bilhete ainda preso ali e abri a geladeira pegando dois ovos para que pudesse fritá-los, porque minha geladeira também estava vergonhosa.

Deu tempo de dar uma arrumada básica no meu quarto e tirar as coisas do caminho. Tinha uma mulher que ia lá em casa uma vez por semana para que pudesse fazer uma faxina, mas eu não me controlava muito tempo e por mais que vivesse sozinho na maior parte do tempo sempre tinha alguma coisa fora do lugar.

Lavei uma louça suja que estava na pia, que resumia-se em uns copos e uns talheres que eu nem ao menos me lembro quando cheguei a usa-los e foi o tempo suficiente que deu para ouvir o barulho da porta ser aberta.

Alice entrou segurando duas sacolas e a coleira de Mailou, que assim que me viu ficou todo ouriçado e começou a balançar seu rabinho desesperadamente. Ela soltou a coleira, dando liberdade para que o filhote viesse faminto em minha direção e caminhou com as sacolas depositando-as sobre a ilha da cozinha.

- Achei que ainda estaria dormindo.

- Eu acordei há um bom tempo já. – Acariciei o pelo fofo do filhote de labrador, que após receber o carinho correu para sua vasilha de água no canto do corredor. Alice olhou pra minha cara e eu caminhei em direção à ilha começando a mexer nas sacolas que estavam semiabertas. – O que você trouxe?

- Coisas básicas, já que você nunca fica em casa mesmo.

- O que é isso? – Segurei o pote de vidro.

- Palmito.

- Eu não gosto de palmito.

- Mas eu gosto. E você me deixa! Hm, eu também trouxe macarrão, essa massa aqui... – pressionou os lábios. – Molho de tomate tem aqui. – Disse pensativa.

- E pizza pronta.

- É eu sei, mas hoje é domingo e eu quero comer uma macarronada maravilhosa, com molho de tomate e quero palmito no molho de tomate.

- Legal. – Abandonei as sacolas rodando como uma barata tonta pela cozinha. Era muita informação pro meu cérebro naquele momento.

Alice permaneceu em silêncio enquanto tirava os mantimentos das sacolas do mercado e eu aproveitei pra ir até a despensa pegar o que seria necessário, assim que eu tivesse um tempo livre sem ser final de semana eu iria ao mercado para fazer compras para uns três meses.