Déjà vu

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POV. Camila.

- Eu... – Shawn pigarreou e clareou a garganta antes de falar em alto e bom som. Agora minha mãe estava escorada na cadeira do meu pai. Atrás dele com os braços sobre seus ombros. – Vim pedir permissão aos seus pais para namorar com você em casa.

- Mas você tem que pedir pra mim, não pra eles. – Estava feliz, mas sussurrei um pouco inconformada de qualquer maneira. Parei, respirei e pensei. Cadê a Camila romântica que havia dentro de mim? Volta aqui, garota.

- Eu sei, mas você já aceitou. – Ele sussurrou de volta, agora com a atenção em mim e eu franzi os cenhos.

- Karla Camila! – Meu pai disse grosso em alto e bom som como se estivesse me repreendendo e Shawn tremeu na minha frente, mas eu sabia que só estava se fazendo de difícil.

Provavelmente eles já haviam percebido que minha rotina tinha mudado um pouco por contas das últimas semanas. Minha rotina anterior se resumia basicamente entre estudos, ficar em casa e ir na casa de Dinah.

Agora eu saia mais. Sorria mais. Era inconsciente, eu estava apenas vivendo nas ultimas semanas o que eu não tinha vivido pelos meus dezesseis anos anteriores. Era como se eu fosse um copo cheio. Cheio de felicidade, mas naquele momento eu não estava cheia. Eu estava transbordando.

- Bem... – Minha mama interviu, segurando um riso mas soltando um sorriso. – O que acha de se juntar à nós para a janta, querido? – Ao mesmo tempo eu a vi pressionar levemente os ombros do meu pai.

- Bom... eu... – Ele parecia gago e eu passei rapidamente a mão pro suas costas com o intuito dele relaxar um pouco. Aquilo não era um pedido de casamento, meu deus.

- Ele vai ficar, Mama. – Eu disse mas logo olhei pro meu pai – Tudo bem por você papa?

Ele pensou, pensou e pensou. A pose de homem sério e os cenhos franzidos em um tipo de intimidação me deram vontade de rir. Eu jamais havia visto meu pai brincar de ser sério daquele jeito, mas ele estava se saindo direitinho.

- Tudo. Precisamos estabelecer algumas regras. – Ele coçou a barba e minha mãe sumiu cozinha adentro, provavelmente para ver se a janta já estava pronta.

- Isso quer dizer que o senhor? – Shawn deixou vago.

- Camila já é bem grandinha para fazer suas próprias escolhas. É minha princesinha? – Ruborizei – É! Mas se ela gosta de você não vejo problema em "deixar isso rolar", como vocês jovens dizem.

- Deixar isso rolar? – Repeti o que ele tinha dito, rindo.

- Coisas se Sofia Cabello. Não me pergunte muito. – Sua feição de homem sério caiu quando ele riu, provavelmente pensando no que minha irmã tinha dito. – Querida...

- Oi.

- Você poderia ir ajudar sua mãe e me deixar falar a sós com seu... – Respirou pesado antes de completar – Namorado. Só por alguns minutos. – Franzi o cenho – Coisa de pai – Acrescentou.

Eu não me opus, já que ele estava até que reagindo bem diante daquilo tudo. Meu pai sempre foi muito protetor e definitivamente tratava as mulheres da casa como se fossemos realmente princesas, então eu meio que já estava ciente de que ele provavelmente não aceitaria tratamento diferente vindo de outra pessoa. Assenti dando de ombros e antes de sair dei um beijo no rosto do Shawn. Quando passei pelo meu pai, fiz a mesma coisa.

Atravessei a porta que dava para a cozinha e minha mãe ainda estava preparando o jantar. Encostei ao seu lado para lhe ajudar com o que restava.

A Aposta - ShawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora