A vida é como uma corrida

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Pov. Camila.

Abri os olhos lentamente, sentindo o meu corpo aquecido e relaxado. A janela aberta na minha frente demonstrava que já era noite. Fiz menção em me esticar e espreguiçar-me, mas senti uma pressão na minha cintura e por alguns segundos me bateu o desespero. Mas ele se foi na mesma intensidade em que veio e eu sorri, ainda virada para a janela, enquanto me lembrava do que tinha acontecido mais cedo.

Me movimentei minimamente ficando de frente para o garoto que ressonava tranquilamente, de frente pra mim e com os braços ainda enroscados na minha cintura.

O rosto dele, numa feição completamente serena, quase afundava-se por completo no travesseiro colorido. Assim como os lençóis, mas eu não me importava, já que os desenhos, ainda que borrados na minha pele, permaneciam dentro de mim.

De qualquer forma, estava me sentindo feliz. Ainda com o sorriso estendi minha mão direita tocando-lhe a face tranquila. Meus dedos afundaram no cabelo macio e agora um pouco bagunçado. Eu não queria acordá-lo, mas teria que fazer, já que provavelmente alguém subiria para me chamar para jantar.

Eu nunca tinha acordado daquele jeito, junto com outro garoto e me sentindo incrivelmente bem. Então eu não sabia exatamente como deveria acordá-lo, mas apenas segui o meu instinto e dei um beijinho bem suave em sua bochecha fria e me afastei novamente observando sua feição.

Ele sorriu, com os olhos ainda fechados. E por mais que ele não estivesse olhando pra mim naquele momento, eu sorri também.

- Dia... – Ele disse baixo e com a voz rouca.

- Acho que já é noite. – Eu disse risonha e ele abriu os olhos preguiçosamente.

Agora sua mão na minha cintura, por de baixo da blusa dele que eu usava, fazia carinhos circulatórios com as pontas dos dedos. Ele se esticou um pouco roçando nossos narizes num beijo de esquimó e levantou o pescoço, provavelmente procurando ver a hora no relógio sobre o meu criado mudo.

- Eita merda. – Ele levantou num pulo procurando pela calça enquanto eu continuei deitada, mas agora de lado apoiada sobre meu cotovelo. – Amor, você pode devolver a minha camisa? – Já estava abotoando a calça.

Suspirei tirando a camisa e tentando me esconder debaixo do lençol, eu estava com um pouquinho de vergonha. Joguei a camisa na direção dele e me sentei segurando o lençol sobre o meu corpo enquanto via o mesmo desvirar a camisa passando-a pela cabeça.

- Você podia ficar. – Resmunguei parecendo uma criança a fazer birra.

- Eu queria muito, sério mesmo. – Se aproximou inclinando-se na minha direção. – Mas eu preciso mesmo ir. – Deu um selinho. – Desfaz esse bico, pequena. – Me deu mais dois selinhos e eu tomei a liberdade de enroscar meus braços em seu pescoço deixando meu corpo cair sobre o colchão novamente, dessa vez trazendo ele comigo. – Amor, é sério. – Beijei sua mandíbula. – Se você ficar fazendo isso eu só vou sair daqui amanhã. – Se afastou minimamente e eu tirei meus braços.

- Okay. – Eu não era grudenta, então aquilo meio que estava sendo esquisito até pra mim.

- Nos vemos amanhã? – Perguntou e eu assenti. Ele me deu um beijo prensado nos lábios e se levantou rápido, antes que mudasse de ideia, provavelmente.

- Kaki, querida. – Escutei a voz do meu pai nem tão longe nem tão perto, ele devia estar subindo as escadas, julguei.

Olhei para Shawn que exatamente na mesma hora arregalou os olhos como se tivesse visto um fantasma, de fato ele viraria um caso continuasse parado dentro do meu quarto. Eu levantei da cama quase que correndo enquanto procurava qualquer coisa no meu guarda roupa.

A Aposta - ShawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora