Água calmas

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POV. Shawn.

Após o acidente três dias haviam se passado e eu estava, enfim, indo para casa. Ficar no hospital, por mais que seja certo é muito desconfortável e desgastante. Toda hora entra alguém para ver se você está precisando de algo ou para trocar seus curativos, que não foi o meu caso graças a Deus.

Eu ainda estava com o braço imobilizado e ainda tinha algumas escoriações espalhadas pela pele. Devido aos cacos de vidro do teto solar, vidros laterais e para-brisa dianteiros era possível que meu corpo tivesse absorvido alguns pequenos pedaços, que viriam a ser expulsos com o tempo. O doutor disse que isso era normal e que pelo tamanho do meu acidente eu estava com sorte.

Minha mãe foi me ver em um primeiro momento, a fase de desespero é claro, afinal por mais que eu não estivesse fazendo as vontades dela ainda assim ela era minha mãe e me amava. Depois disso ia me fazer visitas e tinha um semblante sério e cansado. Quando seu celular tocava ela saia de perto para resolver o que quer que fosse, e minha intuição estava dizendo que tinha algo haver comigo.

Cameron ia me visitar quase todo dia, mas não ficava por muito tempo. Chloe, Charlie, Hailee, Lauren e Lucy foram juntos em um dia, mas Lucy acabou por ficar do lado de fora que o numero limite de visitas eram 5 pessoas por dia. E Camila já estava lá. Aliás, Camila não saía de lá.

A latina ficava comigo não como visitante, mas sim como acompanhante. Sentada em uma poltrona não muito confortável ela parava ao meu lado – sempre - e me contava sobre as novidades que estavam rolando fora daquele hospital, como a festa de formatura que aconteceria dali há duas semanas e tudo já estava sendo feito e programado pelos organizadores. Ela teimava em não sair dali, mesmo que eu dormisse como uma múmia devido ao efeito dos remédios que eram injetados em mim.

O único momento em que ela não ficava comigo era quando eu ia tomar banho, já que precisava do auxílio de um enfermeiro e também na hora de dormir, já que seus pais, agora reconhecidos como meus sogros vinham busca-la quase que de forma arrastada. Mas era o que eu queria. Que ela fosse pra casa descansar e não perder parte do dia por causa de mim.

Dinah e Allyson também foram me visitar e a maior deixou escapar que minha namorada estava organizando uma recepção calorosa e surpresa com a minha volta para casa. Uma pequena comemoração entre amigos e família.

Eu não sabia como isso estava rolando, mas depois do meu acidente minha mãe passou a tratar Camila humanamente. Independente da nossa diferente de "classe social" que eu achava uma real bosta. Ally a repreendeu e eu apenas sorri, afirmando que não sabia de nada e tudo seria surpresa do mesmo jeito. Elas riram e concordaram com minha pequena farsa. Entre tantas.

Diferentemente do que imaginei não passei a ter traumas relacionados à carros. Minha mãe foi buscar-me no hospital e eu entrei normalmente no carro. Meu nervosismo no momento era outro.

- Tudo bem com você? – Ela perguntou virando à esquina que dava para o nosso condomínio. Eu assenti, ainda que tivesse os dedos entrelaçados entre si mesmos demonstrando que eu estava um pouco nervoso. – Tem certeza? – Minha mãe parecia mais humana do que nunca.

- Tenho. – Confirmei e a vi parar diante da cancela abaixando um pouco o vidro. O guardinha se aproximou enquanto a cancela levantava, mas não sem antes desejar melhoras para mim. Pelo visto meu acidente tinha tomado proporções maiores do que eu tinha imaginado.

Quando minha mãe parou o carro em frente a garagem, ainda sem entrar estava tudo normal. Eu até cogitei a ideia de terem "cancelado" a pequena surpresa pra mim, ou então fariam mais tarde na casa de Camila. Era uma possibilidade.

A Aposta - ShawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora