Sirenes

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POV. Shawn.

Foi tudo muito rápido, mas visto em câmera lenta. Fechei os olhos por alguns segundos sentindo ardências pelo meu rosto e braços. A pressão do cinto de segurança quase que esmagando meu ombro enquanto muitas coisas voavam pelos ares dentro do veículo.

Creio que, dez segundos depois de todo aquele movimento giratório eu senti o carro parar, com uma bela duma porra, ativando assim os airbags. Acreditei estar de cabeça pra baixo, sentindo a pressão sanguínea concentrar-se no meu cérebro. Um minuto de silêncio que me pareceram eternos e torturantes. Será que eu tinha morrido?

Abri os olhos, com medo do que veria e constatei que estava realmente de cabeça para baixo. O peso todo do meu corpo concentrado ainda no objeto de segurança. O cinto. Escutei algumas buzinas e uns gritos, mas não sentia dor.

- Ele está morto? – Escutei alguém perguntando.

- Liguem para a emergência.

- Ninguém se aproxima!

Escutei essas e outras vozes do nada, vindo como um grande choque de informações. O zumbido no meu ouvindo indo embora, mais ainda sem me abandonar por completo. Meu coração estava acelerado e por mais que eu tentasse falar ou gritar, para pedir ajuda, minha voz simplesmente não saia.

Caindo em mim e começando a ficar um pouco desesperado levei as mãos para soltar o cinto e meu corpo foi com tudo de encontro com o teto do veiculo. A distância era mínima, mas senti uma pequena ardência quando meu corpo chocou-se com os cacos de vidro que haviam por ali.

- Ele está vivo. Ei garoto, não se mexa.

- A ambulância já está a caminho.

De repente vi uma pequena quantidade de pessoas se aproximar do carro, mas ninguém se atreveu a se enfiar ali e me ajudar a sair.

- Eu estou bem. – Consegui dizer, mas o som saiu baixo.

Tentei me movimentar mais um pouco, dessa vez sentindo um desconforto maior no ombro, nas costas e na cabeça. Algumas pessoas pediram para que eu não me movimentasse e eu resolvi ficar quieto. Pisquei os olhos sentindo uma pequena ardência – e ainda a incomoda dor de cabeça – e resolvi fecha-los por apenas alguns segundos.

Quando tornei a abri-los novamente pude ver uma luz vermelha piscar, refletindo em um lugar próximo e notei que estavam, enfim, me tirando de dentro do veículo. Algumas pessoas se aproximaram para ver enquanto eu era colocado sobre uma coisa dura. Parecia um pedaço de madeira. Julguei ser uma maca ou coisa do tipo.

- Okay, ele está consciente. – Um cara que devia ter uns cinquenta anos começou a dizer. – Ei menino, eu sou o bombeiro Simon. Como você se chama?

- Shawn. Mendes. – Disse com dificuldade enquanto eles colocavam algo no meu pescoço.

- Ok, Shawn. Você sofreu um acidente de carro. Um capotamento. Estamos te levando para o hospital mais próximo. Você sente dores?

- Sim. Meu ombro dói... bastante.

- Certo, e mais algum lugar? – Senti a maca se movimentando e ouvi ao fundo alguém dizer que havia pego meus pertences, tais como carteira e celular, esse ultimo provavelmente destruído.

- Minha cabeça e as costas, um pouco.

Eles levantaram a maca, já na porta da ambulância prontos para me colocarem lá dentro. Então eu percebi pelo canto dos olhos uma movimentação um pouco mais... turbulenta.

- SHAWN. – Só ouvi, mas não vi. Era Camila.

- Ei garota, se afaste.

- Flaca, calma! – Escutei um soluço e tentei responder, mas já estava dentro da ambulância.

A Aposta - ShawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora