Pelo Mar e Por Amar

Capítulo 1 Pelo Mar

Dizem que não se pode mergulhar no mesmo mar duas vezes.... E é verdade, a gente muda o tempo todo! Às vezes penso que a pessoa que entrou no mar nem sempre é a mesma pessoa que saiu de lá...

Ah, o mar, honestamente eu duvido que exista algo tão poético e tão fascinante quanto o mar! Protagonista em histórias de romances e tragédias, está presente em várias canções, deve ser por causa da sua beleza, de tão grande que as vezes parece infinita...

Desde que me entendo por gente, sou fascinado pelo mar, o contato da água, a temperatura e o gosto do mar, a força das ondas impulsionando o meu corpo! Aprendi a nadar e a surfar com o meu pai, eu era bem pequeno, essa é uma das minhas lembranças preferidas!

Mesmo estando no mesmo lugar, o mar nunca é o mesmo; pode ser bravo e perigoso outra hora calmo e sereno! Sempre me mostrando a necessidade de mudar!

Mudanças.... A vida é feita de mudanças! E, sem dúvidas, são elas que tornam as nossas histórias ainda mais interessantes!

O meu nome é Flávio Rocha tenho vinte anos e moro na mesma cidade desde que nasci, em uma família nada convencional,

O meu pai o Sr. Gustavo Rocha é dono de um hotel, onde eu trabalho junto com Júlia, a minha irmã mais velha, e é nesse hotel que sou um "faz tudo" até porque o meu pai acha que é importante conhecer bem o negócio que possivelmente um dia eu vou herdar.

Sobre a minha mãe?... Na verdade eu sempre digo que tenho duas mães, uma delas é a Lurdinha, mesmo não chamando ela de mãe, a gente tem uma consideração muito grande por ela, que foi uma das primeiras funcionárias, começando como faxineira, hoje é uma das gerentes, uma pessoa extremamente boa, coração de ouro e sabe tudo do hotel; as suas ordens nem meu pai ousa questionar.

Ela é de extrema confiança e sabe disso; na verdade ela é muito mãe, amiga e companheira, já escondeu muitas travessuras minhas, tipo quando eu coloquei creme de barbear no saco de confeiteiro, deu um problema, mas ela me salvou! E por outro lado já me deu várias broncas e até alguns puxões de orelha!

E tem a minha mãe, a dona Joana, ela se separou do meu pai quando eu tinha apenas dez anos de idade, ela se apaixonou por um turista, se mudou e vive intensamente esse amor; dela temos raras notícias que recebemos por cartas ou postais de diversos lugares do Brasil e até do mundo.

Enquanto a minha mãe vive o mesmo amor em vários lugares no mundo, já o meu pai vive vários amores em um mesmo lugar, acho que essa foi a maneira que ele encontrou de superar a sua falta, embora ele mesmo nunca admita isso....

Moro em uma pequena cidade litorânea do interior de São Paulo, que recebe muitos turistas praticamente durante todo o ano. Ver tanta gente de vários lugares diferentes, aumenta a minha vontade de conhecer o mundo, me sinto como um peixe fora d'água, como se não pertencesse a esse lugar, talvez isso pode soar um pouco estranho, mas é o que realmente sinto.... É complicado, sabe? Parece que eu ainda não encontrei a minha tribo, não sei bem explicar!

Eu sempre me achei diferente de todos, a começar pela aparência, cabelo loiro, olhos verdes, um corpo magro, um pouco alto se comparado com os meus amigos.

Sempre falaram que eu tinha uma boa genética, porque sempre comi de tudo e nunca engordo, talvez seja isso, ou as corridas que eu sempre gostei de fazer no calçadão da praia todas as manhãs.

Dizem que eu sou bonito, realmente não me vejo dessa forma, me acho muito alto, branco demais, ainda tenho os braços muito finos; costumam que eu puxei a minha mãe, além disso sou muito tímido e nunca gostei de ser o centro das atenções!

A minha personalidade é bastante agitada, quase nunca estou parado! E a parte do dia que mais gosto, é a manhã e isso é muito engraçado porque a Júlia me critica dizendo que eu acordo muito cedo com um bom humor irritante! Nem falo nada, no fundo ela tem razão! É que acho lindo o nascer do sol, a luz diluindo lentamente a escuridão, o ar se aquecendo aos poucos, para mim, é um dos espetáculos mais bonito que a natureza pode oferecer!