Capítulo 10 Um Dia Um Pouco Complicado

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O despertador toca, me arrumo correndo e vou direto para a cozinha, já pensando em tomar café com Martim, mas olha que eu entro na copa, quase desmaiei de susto... Martim já estava tomando café e adivinha com quem? Com o meu pai! Voltei correndo pra cozinha e com as mãos ainda trêmulas tomei meu café lá mesmo. O que será que os dois estavam conversando? Fiquei martelando isso na minha cabeça, e, na verdade enfiei a cara no trabalho para fugir do Martim o dia todo. E que dia difícil foi aquele, senti muito a sua falta...
Mas depois das dezoito horas não teve jeito, acabei trombando com ele no saguão do hotel a sua expressão era preocupada, ele se aproximou e perguntou:
— Fugindo de mim? 

— Não! De forma alguma! — falei meio sem jeito.

— Te procurei o dia todo e não te encontrei! Parecia que foi tragado pela terra, nem parece o mesmo Flávio de ontem! 

Fiquei meio sem graça e muito triste com as suas palavras, resolvi me explicar, mas, na verdade, era eu mesmo que queria uma explicação:  

— Martim, hoje de manhã, eu te vi conversando com o meu pai, fiquei um pouco assustado, sobre o que vocês falando? 

— Nada de mais, eu apenas estava pedindo a sua mão em casamento! — disse isso começou a gargalhar. 

— Fala a verdade... — pedi meio nervoso. 

— Ah! Então foi por isso que você sumiu!! Na verdade, apenas conversamos sobre coisas normais, o que eu faço em Portugal, a situação politica de lá e a daqui, enfim foi uma ótima conversa! Seu pai é um cara muito bacana, me falou muito de você e de Júlia, de como foi criar vocês dois; contou como era a vida de dono de hotel, me indicou alguns lugares para conhecer! E eu o convidei para passar uma temporada em Lisboa, não sou dono de hotel, mas será uma honra hospedá—los! Ele é inteligente e culto, queria muito ter um pai assim... Porque tanta preocupação? Pode ficar sossegado, não vou contar pra ele nosso "segredo"! — disse isso piscou um dos olhos e sorriu meio cúmplice.

—Ah! Então tá! Vamos nos ver hoje?— respiro aliviado. 

— Pensei que nem ia me convidar... O que sugere? 

— Bom o dia praticamente acabou, mas a gente podia curtir a noite, tem uma boate legal! Vamos? 

— Huuuummm... Dançar com você a noite toda? Quero sim.— disse sorrindo. 

— Então combinado! A gente se vê daqui há duas horas. 

— Combinado! 

— Até mais tarde! 

— Até... 

Fui correndo para o meu quarto, levei um tempão para escolher a roupa, queria estar impecável, afinal era a primeira noite que eu ia sair acompanhado, e bem acompanhado diga—se de passagem, quando vou entrar para o banho ouço a porta bater, aposto que é a intrometida da Júlia... 

— Pode entrar... — realmente era ela. 

— Mano, maninho... Preciso de um favorzão seu! — disse entrando no quarto. Ficou um tempo parada observando as roupas separadas em cima da cama... 

— O que você quer? — pergunto secamente. 

— Então! Você poderia ficar na recepção umas horinhas hoje a noite? Faz isso pra sua irmãzinha? Sabe eu queria dar uma volta com o Pedro hoje!  

— Não posso! Já tenho compromisso! Ralei o dia todo e ainda você quer que eu trabalhe mais? E a minha vida social, poxa? 

Ela me olhou de um jeito estranho coçou a cabeça e falou: 

—Flávio! O que você está aprontando? Tá todo feliz sorrindo e cantando pelos cantos. Tá saindo todos os dias e agora a noite também, falando em vida social? Escolhendo roupas pra sair... É você mesmo? Ou foi abduzido e um extraterrestre tomou o seu lugar? Ou será que está apaixonado? Tá apaixonado? Por quem? Me conta? 

— Sabe Júlia, você é muito complicada mesmo! Quando eu era quieto no meu canto, saia pouco e vivia para o trabalho você pegava no meu pé dizendo que eu devia sair do casulo. Agora que eu vou sair, você fica aí me debochando... Só vou sair um pouco a noite! Não tem paixão, não tem romance e não tem nada! Apenas quero sair um pouco posso? É só hoje, depois eu prometo que quebro todos os seus galhos, mas por favor... Hoje não! Tá bom? 

—Tá bom... Não precisa ficar bravo! Sabe às vezes eu sou chata mesmo. Mas gosto muito de você! Me preocupo e quero te ver feliz! É só isso! Sempre te achei muito triste... Mas agora você está tão diferente! Me parece feliz e animado! Estou gostando de ver, essa paixão está te fazendo muito bem! Ops! Não tem paixão né? Mas você está bem é o que importa! Mas agora se lembre do que me prometeu! Vou deixar você se arrumar! Senão a carruagem vira abóbora! — disse isso e saiu correndo do quarto. 

Isso não é uma irmã. Isso é um castigo, só pode! Afinal qual é a dela? Tá na cara que ela sabe de tudo! Inteligente como ela é! Mas se faz de desentendida? Será que ela vai contar pro pai? Não sei. Mas também não tenho tempo pra isso agora! O tempo estava passando, entrei pro chuveiro e tomei um banho demorado, massageando cada parte do meu corpo, fiz a barba e me perfumei pra ficar muito bem produzido! Me vesti e olhei no espelho, camisa preta que eu dobrei um pouco as mangas deixando o braço de fora, uma calça jeans simples, mas de um belo corte e os sapatos bem engraxados e pra complementar um relógio de pulseira de couro caramelo, presente do meu pai no natal. Tenho certeza de que se a Lurdinha me visse vestido desse jeito diria que eu estava vestido igual a um homenzinho! Pela primeira vez gostei da minha aparência... 

Depois de várias consultas ao espelho, sai para encontrar com o Martim no hall do hotel, imaginei que ele já estaria me esperando e estava! O que eu não contava era que a minha queridíssima e discreta irmã estaria na recepção conversando com ele. É uma enxerida mesmo! Assim que cheguei, ele se despediu da minha irmã e se aproximou.

— Desculpa pelo atraso, te fiz esperar muito? — falei me desculpando meio sem jeito. 

—Tá no horário, e lindo também! Por você eu esperaria bem mais tempo! — disse sorrindo. 

Mas como ele estava lindo! Vestia uma camisa branca um pouco aberta, que mostrava uma parte do seu peito peludo, usava cordão com uma medalhinha dourada, uma calça Jeans em tom de azul bem claro e sapatos pretos, ainda mantinha a barba por fazer isso só aumentando o seu charme, realmente um homem muito atraente! 

— Vamos então? 

— Sim, sim! 

Seguimos lado a lado em direção a boate, ele usava o mesmo perfume da primeira noite e eu amava esse cheiro!

Pelo Mar e Por AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora