Capítulo 15 Um Reencontro.

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Fiquei zanzando pelo hotel, o coração nessa hora estava muito dividido; eu não posso negar, queria muito ver o Martim e me refazer de um dia tão complicado em seu abraço... Mas eu também tinha medo, essa manhã ele estava tão diferente, parecia outra pessoa! Eu não ia me espantar se ele falasse que não ia mais querer me ver, sei lá talvez depois do que aconteceu com o Pedro, talvez ele não vai querer mais nada comigo...  

Assuntos do coração são tão complicados, a gente não tem nada, mas tem medo de perder... O que há realmente para se perder? Logo ele vai embora... Sendo sincero comigo mesmo, eu quero muito passar esse tempo com Martim; e sei que vai acabar! Então se acabar hoje eu só vou adiantar as coisas...

Pronto! É isso... Vou resolver essa parada agora! Se eu não fugi da briga ontem, sou bem capaz de enfrentar mais essa batalha! E fui na direção do quarto em que Martim estava, as pernas começaram do nada a tremer, o jeito era enfrentar... Mas quando passei pela recepção do hotel, mergulhado em meus pensamentos, ouço uma voz bastante familiar e levo um baita susto!
— E aí, Flávio? Não me reconhece mais? Esqueceu dos bons e velhos amigos? — a voz era muito familiar.
Parei por um instante e não acreditei que era a voz do Denis que estava me observando encostado no balcão da recepção, espantado falei:

—Não acredito que é você meu amigo! — e caminhei em sua direção. 

— Sim! Sou eu! Quem é vivo, sempre aparece! E o que você está esperando para me dar um abraço? — me perguntou abrindo os braços. 

Assim que me aproximei lhe dei um abraço apertado! Como foi bom esse reencontro! E ainda espantado, falei: 

—Cara é muita coincidência! A Júlia perguntou de você agora pouco! Parece que ela tava adivinhando! Quem bom te ver! 

— Sério? A Júlia perguntou por mim? Como ela está? Tá namorando? — um certo brilho se acendeu em seus olhos. 

— Sim, a gente tava relembrando da nossa infância e tal... Mas ela está bem sim... Você ainda está muito interessado? — perguntei o encarando. 

— Não... Foi só curiosidade mesmo! Mas me fala Flávio, como estão as coisas? Você está diferente! Não sei dizer bem, mas o seu olhar mais vivo, mais confiante! Eu só quero saber de tudo! — me sorriu com carinho. 

— Que isso! Deixe quieto! Muita água passou por essa ponte! Mas se tiver um tempinho na sua agenda te atualizo... Mas reserva um bom tempo que tem muita história! — retribui o sorriso! 

— Pode ficar tranquilo, porque eu terei muito tempo! Mas me conta, o que está fazendo agora? — me pergunta curioso. 

—Ah, eu já acabei as minhas tarefas e só esperando o expediente acabar... — comentei meio sem jeito de falar que estava a procura do Martim. 

— Então vamos tomar um açaí? Vamos relembrar os bons e velhos tempos! — convidou. 

— É que ainda não terminou o meu horário... — respondi indeciso. 

— Ah... Para com isso! Você é filho do dono! Uma escapadinha não vai te prejudicar em nada! Vamos logo! — E me puxou pelo braço. 

— Tá bom! Acho que vai ser legal! Estou mesmo precisando conversar! Mas não posso demorar! — falei seguindo os seus passos. 

Caminhamos um pouco e chegamos na sorveteria de sempre, Denis estava animado e sorridente com aquele jeito de quem voltou pro lar, escolhemos uma mesa e eu já fui perguntando: 

—Agora me fala como foi a sua vida no exterior? E quando volta pra lá? — perguntei puxando assunto! 

— Lá nos Estados Unidos é bom sabe? Tem muita coisa legal, a gente se diverte muito! Mas nada de glamour, a gente tem que trabalhar muito e eu fiz de tudo, trabalhei em lanchonete, supermercado, oficina mecânica. Mas guardei uma boa grana e resolvi voltar pra cá! — respondeu animado. 

Pelo Mar e Por AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora