Acordei mais cedo do que o costume, fui pra cozinha ajudar a preparar o café, depois de tudo pronto, fui logo tomar café, a copa do hotel estava praticamente vazia, era muito cedo ainda...
Mal começo a tomar o meu desjejum, vejo Martim entrando e me olhando da mesma maneira que me olhou no dia anterior; pode até ser impressão minha, mas achei que ele estava mais bonito que antes, uma expressão tranquila e seus lábios esboçaram um sorriso e o meu coração acelerou como se eu tivesse em uma montanha-russa!
Ele se serviu e foi se aproximando da mesa onde eu estava... Eu mal havia começado, não tinha como dar uma desculpa e sair à francesa...
Quanto mais ele se aproximava, mais as minhas mãos tremiam ao ponto de não conseguir segurar a xícara...
— Olá, bom dia! Aqui está tão vazio, não gosto de tomar café sozinho... Posso me sentar com você? — Ele me pergunta sorrindo. E que sorriso lindo!
— Sim, fique à vontade... Foi o que eu mal consegui falar e mesmo assim gaguejando muito.
— Lá no meu país, a nossa primeira refeição do dia, chamamos de pequeno almoço! Por aqui é café da manhã! — ele sorri de novo puxando assunto, bebi um gole de café tentando parecer natural e respondo:
—É... Você gosta de sumo de laranja e torta mista?-perguntei apontado para o suco de laranja e o misto quente ele havia se servido.
— Olha o que temos aqui! Um profundo conhecedor dos costumes lusitanos!-diz sorrindo!
— É umas das vantagens de se trabalhar em um hotel, a gente acaba aprendendo um pouco, isso ajuda na comunicação! Porém, o "sumo" de laranja que aqui no Brasil, a gente chama de suco de laranja, eu aprendi na marra, há alguns anos, eu fui servir um patrício seu e ele pediu o tal do sumo de laranja, antes de responder, eu fiquei pensando como é que ia fazer porque o sumo da laranja aqui, no Brasil, é a substância que sai da casca da laranja e arde os olhos... Aí eu falei que não tinha, ele ficou muito bravo e foi reclamar com a gerente até porque ele viu outras pessoas tomando o tal do sumo! Enfim levei uma bronca daquelas, por isso não esqueço do bendito sumo!
— Nossa que constrangedor! Pelo visto os meus patrícios não deixaram uma boa impressão! Espero que eu consiga desfazer isso!-falou sorrindo meio sem graça.
Putz! Falei besteira! Ah, não! O jeito era agora contornar:
—Não, imagina! Não ficou uma má impressão! De forma alguma! Na verdade, foi muito engraçado, sabe? Essas confusões acontecem! Aqui já aconteceu muita coisa parecida!— Que bom! Que não ficou uma impressão ruim!—falou um pouco mais sério.
—Você viaja muito? Sabe, deve ser muito legal ter a oportunidade de conhecer outros lugares, outras culturas e costumes... Tenho vontade de viajar conhecer outros países!-falei mudando de assunto e amenizar o meu constrangimento.
— Sim, sempre que possível gosto de conhecer novos lugares! Você não viaja por quê?-pergunta Martim interessado.
— Meu trabalho aqui não me permite, mas eu tenho muita vontade de conhecer o mundo!-nessa hora eu me assustei, como é que eu podia contar algo tão pessoal com um cara que eu mal conhecia? Realmente eu não estou bem.
— Ah!... Compreendo! Porém, veja o lado bom você conhece muita gente sem sair de casa! Um rapaz bonito como você deve ter conhecido muita gente interessante, não é?-ao concluir essa frase me pareceu que o brilho dos seus olhos se apagou um pouco...
—Olha, às vezes o trabalho aqui é bem corrido, tem muita coisa pra fazer! Muitas das pessoas que passam por aqui estão apenas interessadas em se distraírem e descansar, que a gente acaba passando desapercebido-falei sorrindo, ou tentando pelo menos.
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Pelo Mar e Por Amar
RomanceFlávio mesmo com uma vida tranquila e confortável, não se sente feliz. é como se não pertencesse ao mundo onde vive... Na sua vida falta sentido e motivação, mesmo sendo amado pelo pai e por sua irmã, sente muita falta de sua mãe, que se separou do...