Capítulo 7 Um Dia Quase Comum

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Acordei mais cedo do que o costume, fui pra cozinha ajudar a preparar o café, depois de tudo pronto, fui logo tomar café, a copa do hotel estava praticamente vazia, era muito cedo ainda... 

Mal começo a tomar o meu desjejum, vejo Martim entrando e me olhando da mesma maneira que me olhou no dia anterior; pode até ser impressão minha, mas achei que ele estava mais bonito que antes, uma expressão tranquila e seus lábios esboçaram um sorriso e o meu coração acelerou como se eu tivesse em uma montanha-russa!

Ele se serviu e foi se aproximando da mesa onde eu estava... Eu mal havia começado, não tinha como dar uma desculpa e sair à francesa... 

Quanto mais ele se aproximava, mais as minhas mãos tremiam ao ponto de não conseguir segurar a xícara... 

— Olá, bom dia! Aqui está tão vazio, não gosto de tomar café sozinho... Posso me sentar com você? — Ele me pergunta sorrindo. E que sorriso lindo!

— Sim, fique à vontade... Foi o que eu mal consegui falar e mesmo assim gaguejando muito.

— Lá no meu país, a nossa primeira refeição do dia, chamamos de pequeno almoço! Por aqui é café da manhã! — ele sorri de novo puxando assunto, bebi um gole de café tentando parecer natural e respondo:

—É... Você gosta de sumo de laranja e torta mista?-perguntei apontado para o suco de laranja e o misto quente ele havia se servido.

— Olha o que temos aqui! Um profundo conhecedor dos costumes lusitanos!-diz sorrindo! 

— É umas das vantagens de se trabalhar em um hotel, a gente acaba aprendendo um pouco, isso ajuda na comunicação! Porém, o "sumo" de laranja que aqui no Brasil, a gente chama de suco de laranja, eu aprendi na marra, há alguns anos, eu fui servir um patrício seu e ele pediu o tal do sumo de laranja, antes de responder, eu fiquei pensando como é que ia fazer porque o sumo da laranja aqui, no Brasil, é a substância que sai da casca da laranja e arde os olhos... Aí eu falei que não tinha, ele ficou muito bravo e foi reclamar com a gerente até porque ele viu outras pessoas tomando o tal do sumo! Enfim levei uma bronca daquelas, por isso não esqueço do bendito sumo!

— Nossa que constrangedor! Pelo visto os meus patrícios não deixaram uma boa impressão! Espero que eu consiga desfazer isso!-falou sorrindo meio sem graça. 

Putz! Falei besteira! Ah, não! O jeito era agora contornar:
—Não, imagina! Não ficou uma má impressão! De forma alguma! Na verdade, foi muito engraçado, sabe? Essas confusões acontecem! Aqui já aconteceu muita coisa parecida!

— Que bom! Que não ficou uma impressão ruim!—falou um pouco mais sério.

Você viaja muito? Sabe, deve ser muito legal ter a oportunidade de conhecer outros lugares, outras culturas e costumes... Tenho vontade de viajar conhecer outros países!-falei mudando de assunto e amenizar o meu constrangimento.

— Sim, sempre que possível gosto de conhecer novos lugares! Você não viaja por quê?-pergunta Martim interessado. 

— Meu trabalho aqui não me permite, mas eu tenho muita vontade de conhecer o mundo!-nessa hora eu me assustei, como é que eu podia contar algo tão pessoal com um cara que eu mal conhecia? Realmente eu não estou bem. 

— Ah!... Compreendo! Porém, veja o lado bom você conhece muita gente sem sair de casa! Um rapaz bonito como você deve ter conhecido muita gente interessante, não é?-ao concluir essa frase me pareceu que o brilho dos seus olhos se apagou um pouco... 

—Olha, às vezes o trabalho aqui é bem corrido, tem muita coisa pra fazer! Muitas das pessoas que passam por aqui estão apenas interessadas em se distraírem e descansar, que a gente acaba passando desapercebido-falei sorrindo, ou tentando pelo menos. 

Pelo Mar e Por AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora