Capítulo 26 Isso Nunca Daria Certo

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Um filme se passou na minha cabeça durante a noite inteira, nossos momentos juntos não seriam fáceis de se esquecer, com certeza a saudade já batia a minha porta... Acordei mais cedo e Martim já estava acordado e me olhava como se velasse o meu sono, como seria bom acordar assim, todos os dias da minha vida! Mas a realidade era outra... 

Abracei forte o seu corpo, sem querer sair de onde eu estava, como foi difícil me levantar naquele dia! Mas o trabalho me esperava, não que eu me importasse com isso, mas sabia que havia pessoas que contavam comigo por isso lhe dando um bom dia me levantei falando que o esperava para o café sai daquele quarto e fui atrás dos deveres daquele dia! 

Assim que terminei de servir o café, me sentei em uma mesa, logo Martim chegou, seu rosto estava abatido e as suas mãos estavam um pouco trêmulas, mas ainda sim ele me sorriu, sorri de volta e engoli o choro, sabia que aquele era o nosso último café junto ele me olhando quebra o silêncio: 

—Depois que você saiu, eu fiquei pensando... Sabe, você já me falou que sempre sonhou em se mudar daqui, então eu pensei; vem pra Portugal comigo, a gente divide o apartamento, logo você arruma um emprego, sua experiência com hotel pode te ajudar nisso e depois se quiser posso te arrumar uma vaga na faculdade onde trabalho, vai ser bom se você quiser prosseguir com os estudos por lá... O que acha? 

— Não é tão simples assim... Sabe Martim, aqui tem a minha irmã e o meu pai, que já sofreram tanto com a saída da minha mãe... É uma oferta tentadora, de verdade, mas não sei se posso... Vai que não dá certo? 

— Entendo... Mas só vai saber se der certo se tentar, concorda? — me pergunta com uma expressão de tristeza em seu olhar... 

—Olha você está certo! A gente tem que tentar pra saber se vai dar certo, mas eu sinto que agora não é o melhor momento. Talvez no futuro, mas não agora. Mas mesmo assim me sinto honrado com o seu convite! Obrigado de verdade! — falei evitando olhar em seus olhos. 

— Não precisa me agradecer... Apenas não dê uma resposta definitiva agora, pelo menos pense com mais calma... — insistiu ele. 

— Realmente, acho melhor não! Agora me perdoe, eu preciso voltar para o meu trabalho... — quase saí correndo daquela mesa, nem dei tempo para que ele continuasse, pois temia de não conseguir recusar a sua proposta por muito tempo. No fundo, era melhor assim, que cada um seguisse o seu caminho, tentar prolongar de alguma forma só traria sofrimento para nós dois... 

Assim que eu cheguei na cozinha, me sentei em uma cadeira e fiquei um tempo ali, quietinho até que Rosa se aproximou: 

—Flávio! Estou te achando um pouco pálido... Está tudo bem com você? — me pergunta preocupada. 

— Estou bem sim! — respondi gaguejando e comecei a chorar em seguida.

—Ei, calma, vem aqui pra gente conversar melhor! — se levantou e me puxando pelo braço me levou até a dispensa e fechou a porta, me abraçando forte pediu: 

—Me conta o que está acontecendo, por favor! — disse com uma certa agonia na voz. 

— É o Martim, Rosa! Ele vai embora amanhã! — falei tentando conter o choro. 

— Mas o que você disse pra ele? — me perguntou. 

— Eu... Eu falei que era melhor cada um seguir seu caminho... A gente mora muito distante um do outro e isso nunca vai dar certo... Logo ele encontra outra pessoa... É melhor separar agora do que sofrer a decepção depois... Eu fiz o que é certo, Rosa. Mas tá doendo muito! — falei entre soluços... 

—Meu filho é isso mesmo o que você quer? Tem certeza de isso é o certo a se fazer? — insistiu.
Apenas afirmei com a cabeça e continuei a chorar, a sensação que eu tinha é que o meu coração estava se rasgando em mil pedaços, e que ele nunca mais ia se curar... Não, ele nunca mais ia se curar, eu achava fazia o que era certo, que estava sendo racional e ponderado, mas não entendia o porquê daquela sensação tão ruim, a dor era muito forte... 

Pelo Mar e Por AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora