Capitulo dois

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"Havia uma época
Em que eu achava que você fazia tudo certo
Nada de mentira, nada de erros
Cara, eu devia estar louca
Então quando eu penso na época em que eu quase te amei
Você mostrou que é um idiota e eu vi quem você era

Graças a Deus que você estragou tudo
Graças a Deus eu me desviei da bala
Já superei você
Então, amor, é melhor cair fora

Eu queria tanto ficar com você
Mas não sinto mais isso
Porque, sério, você acabou sendo a melhor coisa que eu nunca tive
Você acabou sendo a melhor coisa que eu nunca tive
E eu sempre serei a melhor coisa que você nunca teve
Aposto que é uma droga estar no seu lugar agora

É tão triste, você está mal
Buá, você esperava que eu fosse me importar
Você não merece as minhas lágrimas
Acho que é por isso que elas não estão aqui"

  AMANDA MENEZES

Meu final de semana foi resumido em comer, beber, chorar e me entupir de bebida, é o fundo do poço eu sei. Hoje: domingo, prometi a mim mesma que iria dar a volta por cima, e é isso que eu farei assim que chegar amanhã (segunda-feira), o meu plano já está muito bem elaborado, uma loucura voltar para o mesmo lugar que a alguns anos atrás jurei nunca mais voltar, mas é a vida né, um completo carrossel, um dia você está em baixo, no outro está no subsolo.

Agora estou me arrumando para trabalhar, ou melhor, me demitir. Acordei de bom humor, o que é realmente um milagre, considerando que tenho que acordar bem cedo para me arrumar, e chegar em ponto no trabalho, detalhe: eu odeio acordar cedo. Faço uma maquiagem simples, nada muito demais, e caprichei no corretivo para esconder minhas olheiras. Peguei minha bolsa colocando o necessário apenas. Tranquei meu apartamento, e aproveitei para dizer ao Sr. Antônio (porteiro/síndico), que eu não autorizava mais a entrada daqueles dois safados em minha residência.

Dirigi até a empresa, e como sempre cheguei no horário certo. Cumprimento a Renata (recepcionista) e subo para o meu andar, respiro bem fundo contando até mil, não será fácil olhar para a cara da Daniela e não estrangula lá. Assim que o elevador abre as portas o primeiro par de olhos que me encontram é o dela, a mesma tinha um semblante triste e preocupado, mas o que tenho a ver? Não fui eu que estava trepando com o noivo da minha melhor amiga. Passo de cabeça erguida por ela, indo direto ao meu escritório, junto às minhas coisas todas em umas caixas e telefono para o meu chefe.

— Bom dia Sr. Moraes, será que tem um minutinho para mim? — Falei com um aperto no coração, esse emprego é bom demais, meu chefe sempre foi ótimo. Tive uma sorte grande e agora estou simplesmente jogando tudo aos ares.

— Claro, Amanda pode vir imediatamente.

— Obrigada.

Assim que coloco o telefone no gancho, passo a mão pela minha saia, secando minhas mãos suadas por conta do meu nervosismo, será que eu deveria fazer isso mesmo? Caminho até a sala do meu chefe e assim que entro, ele me pede para sentar.

— E então? Posso saber o que está te deixando tão aflita? — Ele era muito observador, me analisou dos pés à cabeça, estava mais do que evidente meu nervosismo.

— Eu vim pedir demissão. — Digo com a voz um pouco falha, mas mantive o tom.

— Como assim demissão Amanda? — Sua expressão era de surpresa e de confusão. — Não estou te entendendo, é a sua família? Eles descobriram?

— Não é isso Senhor, são problemas pessoais, — Ele me olha e eu já sabia qual seria a próxima pergunta dele — Realmente é necessária minha demissão, eu amo esse trabalho, mas vai me fazer mal se continuar aqui.

— Tudo bem, vejo que realmente você já está decidida e nada que eu te diga vai te fazer ficar, mas saiba que a empresa está aqui, de portas abertas, e como amigo... Se precisar estou aqui... — Éramos próximos, mas não o suficiente para me abrir com ele sobre minha vida pessoal. — Se é assim que você prefere tudo bem, pode pegar suas coisas e o resto acertamos no RH.

— Obrigada Senhor, e me desculpe, eu sou muito grata por tudo que aprendi aqui e pela oportunidade, mesmo sabendo das minhas condições em relação à minha família o senhor me ajudou, serei eternamente muito grata. — Me levantei e apertei sua mão e ele fez o mesmo — Até algum dia, Sr. Moraes.

— Caíque Amanda, apenas Caíque. Senhor me faz parecer ser mais velho do que eu já sou. — Me corrigiu, como sempre. — Até logo Amanda, boa sorte.

Saio da sua sala e vou até a minha pegando minhas caixas, estavam realmente pesadas. No caminho do elevador tropeço com alguém, as caixas estavam atrapalhando totalmente a minha visão, era só o que me faltava, não? Será que a pessoa não está enxergando? Minhas coisas caíram no chão e eu vi com quem esbarrei, realmente não é possível, universo, me ajuda aí cara.

— Me desculpa, Amanda. — Se abaixou para pegar meus objetos que caíram no chão.

— Tira suas mãos das minhas coisas, me deixa que eu me viro sozinha. — Me abaixo juntando tudo.

— Porque você está fazendo isso? Eu ia pedir demissão, você não precisava sair da empresa... — Ela disse com a voz baixa e com uma cara de choro, talvez ela se sinta culpada, não posso sentir pena dela, ela não teve de mim, respira fundo...

— Não te interessa nada relacionado à minha vida, — Peguei minhas caixas novamente — Você tirou tudo de mim, o meu noivo, meu emprego, minha autoestima, minha dignidade... fique com tudo para você! Seja feliz! Porque quem é feliz, não estraga a vida dos outros como você fez com a minha! — Todos estavam olhando para nós, me viro e entro no elevador.

Respiro fundo enquanto o elevador desce, um fim de um ciclo na minha vida... será que estou fazendo a coisa certa meu Deus? Bom, agora não tem mais volta.



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