Capítulo dez

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Fique até de manhã. Porque amor, te amar é a realidade, só parece certo. Quando você me dá todo o seu amor, me dá algo para sonhar‬

HENRICO BENNET

  Meus dias sempre foram a mesma coisa de sempre, focando no trabalho, e na máfia, sem pausas. Eu amo o que faço, por mais que tudo isso me tire muito tempo, e me dê muita dor de cabeça, eu gosto disso. Eu assumo que sou perfeccionista e cobro a perfeição de todos que trabalham comigo, tanto nas empresas quanto na máfia, e é por isso que me sinto tão cansado.

  Meu irmão e eu sempre disputamos muito a vaga para ser o Capô, ele até tentou entrar  em uma "guerra" contra mim para conseguir a confiança do nosso pai, na mísera tentativa de mudarem de ideia, sobre algo que por direito, já era meu. Sei o que deve estar pensando, e não, minha família não é resumida a negócios, dinheiro, e matança, temos amor um pelo outro, mas acontece que eu e meu irmão sempre fomos muito competitivos e ambiciosos, mesmo ele estando chateado comigo depois que eu assumi tudo, ele ainda tem o espaço dele dentro da máfia, e claro, dentro das empresas também, eu o respeito e o amo, assim como ele comigo. Mantemos nossas identidades na máfia sob sigilo, para não termos perigo no mundo fora dela, outra coisa que me dá muita dor de cabeça também.

       Enquanto me arrumo lembro que eu terei mais entrevistas para fazer, saio mais rápido de casa chegando na empresa às 07:00 da manhã, e desde então fiquei até às 8h adiantando papeladas. Peço que Katherine traga a candidata das 8h e espero já decepcionado, sei que vai me custar muito achar alguém bom o suficiente, já é o décimo dia de entrevistas e enjoei de ouvir as mesmas coisas todas as vezes. Leio o currículo da candidata e confesso que fiquei interessado, é bom até demais. Parece até mentira, sabe falar 4 línguas, cursou na melhor universidade, melhores notas, último emprego atuou tão bem que a empresa só não faliu por conta dela, ela já está contratada antes mesmo de entrar por aquela porta, mas é claro que eu tenho que ver se é realmente tudo isso que está no papel, e como que tudo que é bom dura pouco, ela bateu na minha porta, digo um "entre" e aí que eu vejo meu mundo desabar, era ela...

  Ela parece ter me reconhecido também, e assim que ela entrou eu precisei me controlar para não a beija-lá e depois a confronta-la por ter me deixado sem ao menos me dizer um adeus. Os minutos com ela naquela sala foram agonizantes, e quando ela finalmente saiu eu pude respirar de verdade.

Lembro da roupa que ela estava usando, a maneira que seus lábios se apertavam em sinal de nervosismo, mas da forma como suas palavras, e seu tom de voz pareciam inabaláveis, mesmo seus olhos aparentando puro desespero... ela tinha um jeito meigo mas ao mesmo tempo fatal, usava uma máscara de mulher perigosa...
Agora eu tenho seu nome, telefone, endereço e posso ter muito mais, se eu quiser ter.

Sinceramente um currículo como aquele não se acha em qualquer lugar, e é claro que eu menti quando eu disse que eu nunca erro, na verdade, isso é verdade. Mas eu nunca julguei que ela não seria útil, e muito menos não seria a candidata perfeita para exercer o cargo, mas confesso que ver até onde sua paciência vai me deixou muito curioso, queria saber até onde ela aguenta.

Eu nunca misturei trabalho com vida pessoal e dessa vez não será diferente, não posso a colocar aqui, se não ela vai acreditar ser por conta de que transamos, ou algo do tipo, e Deus me livre ela querer algo a mais.

Tento focar no trabalho mesmo sendo inútil, ela me vem à cabeça e com ela varias memórias da noite em que transamos, e aquele seu ar de durona não cola comigo.

Saio para almoçar com a Katherine, ela não é bem uma secretária, mas ela faz o que pode para me ajudar, e confesso que ela é ótima em tudo, o trabalho dela na empresa é com o marketing, mas ela quebra muitos galhos... Principalmente agora que preciso de alguém para me ajudar com esse "almoço" com 2 acionistas.

Eu estava indo bem, concentrado e com um objetivo fixo; que era fechar aquela negociação o mais rápido possível, mas eu a vi sentada na mesa próxima à minha no restaurante roubando totalmente minha atenção.

Quando a vi indo em direção aos banheiros resolvi que seria uma grande chance de a vê-lá mais de perto mais uma vez, mas esse "mais de perto" acabou sendo perto até demais, e depois desse pequeno acidente, e de algumas alfinetadas e olhares de ódio dela direcionado à minha pessoa, eu voltei a mesa e tomei uma decisão que mudaria minha vida, e eu nem sabia disso ainda.

— Contrate a última candidata para ser minha secretaria. — digo perto do ouvido da Katherine.

Por mais que eu não gosto de misturar sexo e trabalho, eu não iria voltar atrás, não tem volta agora, quer dizer, até tem, mas eu não quero, eu a quero pra mim e eu a terei.

Saímos do restaurante e recebo uma ligação do Matheus, a porra do pé no meu saco

— Henrico, você fechou o contrato com os acionistas? — Disse nervoso na outra linha.

— Com toda certeza irmão, o que houve?

— Papai quer nós ver hoje a noite... E a mamãe disse que se você faltar te deserda da família.

— Outro jantar em família? É uma porra, diga a eles que irei. Agora preciso desligar. — Digo desligando e discando o número do Ryan.

— Ryan, tenho nome e endereço da mulher que fugiu de mim, te mandei por e-mail todas as informações, procure tudo sobre ela, quero saber de tudo agora mesmo!

𝓕𝓲𝓸 𝓿𝓮𝓻𝓶𝓮𝓵𝓱𝓸 - 𝓞 𝓹𝓪𝓼𝓼𝓪𝓭𝓸Onde histórias criam vida. Descubra agora