"Tudo e nada, andam muito perto, muito próximo;
Como o amor, e o ódio;
Ou como a lembrança, ou o esquecimento;
Como o querer, e o não querer;
O desejo e o desgosto de ter;
Quando damos conta que tudo é tão frágil;
Vale a pena viver..."AMANDA MENEZES
Saio daquele elevador que nem uma louca, escutei a recepcionista me falando algo sobre me ligar de volta, e é claro que ela não vai me ligar de volta, o babaca deixou bem claro com aquela entrevista que não me queria trabalhando para ele, e eu não o julgo porque misturar trabalho e vida pessoal é do caralho.
Vou até aonde deixei o carro com um ódio que não sei da onde saiu, perdi a minha melhor oferta de emprego. E arrumar um emprego para mim como vocês já sabem é uma agulha no palheiro, entro no carro e começo a lembrar da entrevista... do jeito que o Henrico vulgo "desconhecido que eu transei" me olhava, seria coisa da minha cabeça ou teria fogo por trás de toda arrogância e frieza?
Olho o relógio e ainda eram 9:30 então resolvo andar por São paulo e pesquisar sobre empregos novos, ficar parada não é meu forte. Mando mensagem para o Biel perguntando se ele pode almoçar comigo, e ele responde que sim, ótimo, tenho até 12:30 para ver alguns lugares...
— Segunda-Feira / 12:30 —
Estou na frente do restaurante que o Biel me disse para o esperar, era um dos mais caros de São Paulo, e eu estou aqui entre a cruz e a espada, ele estava tão decidido de que eu conseguiria o emprego que talvez esteja se precipitando, ou talvez ele tenha sido promovido... Só sei que essas duas opções me dá nos nervos, ele ser promovido significa para mim ser "cobaia" por mais horas, e quem sabe, dias. Meu celular notifica uma nova mensagem e eu pego o mesmo verificando.
[Melhor amigo❤️:Deixei uma mesa reservada no seu nome, vou me atrasar dez minutos, pode entrar e fazer os pedidos, tô indo voando nega😚]
[Eu: Não vai me dar o bolo né Gabriel? ]
[ Melhor amigo❤️: Lógico que não! Já estou chegando bobona, bayyy.]
Ótimo, mais essa agora. Entro no restaurante e a recepcionista me leva para mesa que está em meu nome reservada, me sento analisando o cardápio e eu peço só uma salada de entrada, vou decidir com o Biel o que comeremos, o garçom se retira e eu começo a analisar o interior. Muita gente importante, imagino, pessoas engravatadas e chatas falando ao celular com ar esnobe, uma mesa cheia de o que me parece, advogados e por aí vai, até que paro meu olhar em uma mesa específica... eu já disse que o universo me odeia? Pois, é gente, é de lascar, o tal do "Henrico" está nessa mesa com a Katherine do seu lado e mais dois homens à sua frente, ele tinha a expressão indecifrável, mas a mesma carranca de sempre, ele para de falar e eu posso jurar que seus olhos me caçam no restaurante, como se ele pudesse sentir que eu o observava, até que ele bate seus olhos em mim e me encara por longos segundos novamente, da mesma forma que fez mais cedo, da mesma forma na boate...
— Senhorita, sua salada — O garçom diz colocando meu prato na minha mesa e me "salvando" do olhar matador daquele homem.
— Obrigada. — Sorrio para ele.
Dou algumas garfadas na minha salada, mas aquela sensação de estar sendo observada estava me engolindo, olho meu relógio e já era meio-dia e cinquenta, aonde aquele viado filha de uma puta está? Que raio de dez minutos é esse que demora dois anos? Mando umas mil mensagens para ele e ele não vê, ligo para ele, mas só da caixa postal... merda Gabriel que merda!
— Não me mata! — O bonitinho do Gabriel fala sentando na cadeira da frente com a mão no peito e ofegante, como se tivesse corrido uma maratona para chegar aqui. — O trânsito estava de matar princesa.
— É mesmo Gabriel? Bom, que se foda, eu tô indo embora. — Digo me levantando e pegando a minha bolsa.
— Calma calma margarida, nada disso de ir embora, você tem que me contar como foi na entrevista e eu tenho que te contar da minha novidade. — Disse animado.
Lembra daquelas duas opções que falei mais cedo? E lembra de que eu estava torcendo para não ser nem uma, nem a outra? Pois é, para minha grande sorte é às duas de uma vez só, perfeito.
— Olha só Gabriel eu não tô com cabeça para falar disso, essa história de restaurante foi péssima.
— Se você sair e me deixar aqui sozinho vou me sentir abandonado Amanda, você sabe o tanto que sofri para dar certo com isso, agora vai me deixar aqui e sair? Não não, não, pode sentar — Disse me puxando para me sentar pela mão. — E nem precisa me falar que foi um desastre a sua entrevista, sua cara já te denuncia, sei que você odeia fracassar, mas imagino que você teve que matar uma onça e muito mais, então desembucha.
Respirei fundo e contei detalhe por detalhe para ele, quando terminei a boca dele abriu em um perfeito "0"
— E tem mais, disfarça porque ele está a algumas mesas atrás de nós. — Digo apontando discretamente com a cabeça para a mesa dele.
E o Gabriel vira a cabeça dele em 360° olhando para o local aonde apontei, ele fica encarando a mesa e eu dou um chute bem-dado na canela dele.
— Qual parte do disfarça você não entendeu Gabriel? — Digo irritada.
— Não acredito, não acredito que você dormiu com um Bennet, p.a.r.a t.u.d.o — Gabriel fala tão alto que até a China está ouvido o que ele está dizendo — Ainda por cima o gostoso vai ser seu chefe, eu trabalharia de graça só para ter a presença dele. — Ele fala tudo isso olhando e babando em direção a mesa.
— Hellow? — Digo estalando meus dedos na frente do seu rosto — Da pra você parar de babar no cara? E será que dá pra parar de gritar aos quatro ventos que transei com ele? — Digo num tom mais irritado.
— Me crucifique — Ergueu as mãos para cima em sinal de rendição — Nós meros mortais não conseguimos ter uma vista dessas do gostoso do Bennet, quem dirá transar com ele. Você não exagerou quando disse que ele era marcante e intenso, olha aquele corpo...
— Já chega Gabriel! Será que dá para pedirmos e dar o fora daqui?
Ele me olhou percebendo que não tô para brincadeira e chamamos o garçom realizando nossos pedidos. O Gabriel me contou sobre a sua promoção super animado e é claro que ver meu amigo bem me deixou muito feliz por ele, ele merecia, o garçom voltou com os pedidos e eu me concentrei o máximo para não olhar em uma certa mesa.
Comemos e eu resolvo ir ao banheiro retocar o batom e fazer xixi, deixo o Biel na mesa após ter feito o mesmo jurar que não iria ficar babando em cima dos pratos olhando para o Henrico, ele prometeu que não, mas eu sabia que ele faria da mesma forma.
Pego meu blush e vou olhando no mini espelho para ver se tá tudo ok enquanto saio do banheiro, pasmem, eu tenho que prestar mais atenção enquanto ando ou é mesmo um preconceito do mundo, universo, destino comigo, algum desses com certeza é, porque acabei de bater em uma pessoa que eu já imagino pela minha "sorte" quem seria, o mesmo me segura pela cintura e eu nem precisei olhar nos teus olhos para saber que era ele, o seu toque na minha cintura me segurando já me fez lembrar da noite em que dormimos juntos, da boate... tudo.
— Você não olha por onde anda não? — Diz naquele mesmo tom arrogante de hoje cedo e eu sou obrigada a encara-ló.
— Não sei se você sabe, mas eu só tenho dois olhos, e esses dois olhos estavam ocupados — Digo no mesmo tom.
— E então quer dizer que você sai esbarrando por aí em qualquer um? — Disse erguendo uma sobrancelha
— Não, é que tenho uma certa sorte com idiotas. E os teus olhos estavam aonde quando você esbarrou em mim? — Digo cruzando meus braços o olhando.
— Você é patética — Dá uma risadinha e sai me deixando sozinha.
Filha da puta, você vai me pagar Henrico, ah se vai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝓕𝓲𝓸 𝓿𝓮𝓻𝓶𝓮𝓵𝓱𝓸 - 𝓞 𝓹𝓪𝓼𝓼𝓪𝓭𝓸
RomanceDizem que o dinheiro compra tudo, porém alguns sentimentos como: afeto, amor, felicidade não é possível comprá-los. Amanda Menezes vive uma vida um tanto quanto perturbada desde quando nasceu. Uma menina que antes era frágil e dócil, se transformou...