𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟔 - 𝐎 𝐫𝐞𝐥𝐚𝐭𝐨 𝐬𝐢𝐧𝐜𝐞𝐫𝐨

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Encarava meu reflexo no espelho. O que foi que eu me tornei. Lingerie branca cara, saia de couro sintético colada e curta, cropped que acomodavam apenas meus seios. Alí tinha alguns milhares de dólares. Espantei meus pensamentos quando Cole me chamou.

Acompanhei ele e quando adentrei a sala ele sorriu olhando-me da cabeça aos pés.

- Porra, Lili... - Sorriu. - Você é linda.

- Digo o mesmo. - Sorri e caminhamos até o elevador, ele vestia seu terno preto juntamente com sua camisa e sua gravata de mesmo tom. Dessa vez ele dirigiu enquanto atrás de nós os seguranças seguiam.

Quando entramos no restaurante todos os olhares estavam em nós. Sentamos num canto mais reservado enquanto ele fazia os pedidos.

- Está pronto pra me contar alguma coisa da sua vida? - Perguntei logo após o garçom servi-nos vinho, ele travou o maxilar.

- Quer mesmo estragar esse jantar maravilhoso? - Deu um gole em sua bebida quando voltou a me encarar.

- Eu confio tanto em você e sinto que não é recíproco. - Desabafei. Foi uma informação que pulou dos meus lábios e eu vi que o afetou.

- Mas eu confio em você.

- Não Cole, você não confia. É nítido isso porque não sei absolutamente nada de você. - Suspirei. Era uma contradição até por quê se eu procurasse, certeza que encontraria sua vida completa no google, mas preferia ouvir tudo dele. Ele suspirou. - Você me tem em suas mãos, eu sei, mas eu não tenho você.

- Você tem. - Ele respondeu quase que profundamente. - Porra, como você tem, Reinhart. - Arregalei os olhos enquanto ele se reencostava no encosto da confortável cadeira. - Se soubesse o quanto... - Deixou sua frase no ar fazendo-me arfar. - Eu e meu irmão não mantemos contato. - Explicou vagamente.

- Por que? - Perguntei curiosa. Ele hesitou, pegou sua taça e levou à boca, hesitou novamente antes de finalmente colá-la ao lábios e despejar o líquido alí, quando voltou o objeto à mesa parecia criar coragem pra dizer.

- Eu e Dylan sempre fomos amigos. - Começou. - Até determinada idade, eu diria que quando saímos de Cancún éramos inseparáveis. - Suspirou, parecia triste com suas palavras.- Mas alguma coisa mudou radicalmente quando tivemos que começar a lidar com as responsabilidades. Eu não culpo minha família, isso existe em todas, mas eu acredito que conosco foi só mais um gatilho ou motivo para nos odiarmos.

O silêncio que se seguiu pareceu me esmagar, ele levantou os olhos da sua taça e me olhou com evidente desconforto. Vi um Cole vulnerável, alguém que se sentia mal consigo mesmo.

- Era sempre uma competição. Quem tirava as melhores notas, quem pegava as garotas mais lindas da escola, ou quem tinha os melhores amigos. - Ele suspirou. - Eu ganhava todas essas. - Fez uma pausa brincando com a taça nas mãos. - Quase todas. Ele tinha a garota mais linda da escola e se gabava todos os dias por isso. Nessa época sabíamos que um queria ser melhor que o outro e tínhamos apenas 15 anos. - Ele parecia se odiar.

- Meu Deus... - Sussurrei enquanto ele se preparava pra continuar.

- Dylan gostava mesmo dela. Eles namoraram por muitos anos, até chegar o momento de irmos pra faculdade. Ambos escolheram administração e começamos a nos aplicar a isso. Mas como se não bastasse Elisa começou a dar em cima de mim. - E eu imaginei o que viesse à frente. - Foram várias investidas, à princípio eu nem me importei, nunca me importei muito com esse caso deles, nunca me interessei de verdade por ela, até agora.

- Vocês transaram? - Perguntei prendendo a respiração e ignorando a pontinha de ciúmes que se formava.

- Várias vezes. - Ele parecia se odiar com o relato. - Na faculdade eu era o que pegava todas e ele o mais certinho, se recusava à ir nas festas pra ficar com ela. E quando ele descobriu... - Fez uma pausa. - Eu nunca vi ele transtornado daquele jeito. Ele me bateu e, mesmo eu sabendo que estava errado revidei. Rolamos o gramado da faculdade aos socos e só paramos quando a polícia chegou e encontrou dois caras com a cara encharcada de sangue.

❦𝗨𝗺𝗮 𝗣𝗿𝗼𝗽𝗼𝘀𝘁𝗮 𝗜𝗻𝗲𝘀𝗽𝗲𝗿𝗮𝗱𝗮❦ [𝐂𝐨𝐧𝐜𝐥𝐮𝐢́𝐝𝐚]Onde histórias criam vida. Descubra agora