𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟗 - 𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐦𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐢𝐬𝐜𝐮𝐬𝐬𝐚̃𝐨

849 105 110
                                    

Quando nascemos nossos pais criam expectativas sobre nós. Crescemos sob o peso de orgulhá-los e,a maioria das nossas decisões à seguir, consequente é em uma tentativa falha de agradá-los.

As vezes fracassamos, na verdade, na maioria dos casos não vamos conseguir passar naquela prova que nos daria uma vaga em uma boa faculdade, ou não vamos tirar a carteira de habilitação de primeira.

Fracassar. Quando lemos aquelas frases de efeito que dizem para a gente ser forte sabemos que é tudo mentira. Quando uma situação de fato acontece nos obrigando a lutar em momentos em que estamos quebrados não é assim, as vezes queremos apenas deitar e mandar nosso chefe se foder.

Revirar os olhos e mandar aquele colega de trabalho que fica te cercando ir à merda.

Ou então cair na porrada com aquela colega de trabalho que faz de tudo pra transformar sua vida profissional num verdadeiro inferno.

Nunca conseguiria de fato orgulhar minha mãe, se ela estivesse aqui. Nunca tentei uma faculdade, nunca tentei sair da minha bolha, me fechei para amigos e depois de um coração partido me fechei para amores também. Foquei exclusivamente em trabalhar pra sobreviver às responsabilidades, amadureci quase que do dia pra noite, aprendi a prender o choro principalmente nos primeiros meses que minha mãe simplesmente me abandonou.

Aprendi a lidar com o frio até ter dinheiro pra comprar meu primeiro cobertor, aprendi a diminuir as porções de refeições até pelo menos ter dinheiro o suficiente para comer decentemente. Aprendi a forçar um sorriso quando meus irmãos me ligavam por Skype pois não queria preocupá-los com o fato das coisas estarem muito difíceis para mim.

Mas nenhum dos obstáculos que enfrentei até aqui me preparou para o que estava acontecendo em meu peito. Eu já estava tão acostumada a levar pancada que acreditei que nada mais me afetaria, mas eu me acomodei. Permiti-me sonhar com coisas que jamais aconteceriam e, eu sonhava tudo enquanto estava deitada nua no peito de Cole, com as respirações ofegantes, nos recuperando de um intenso orgasmo.

Quando acordei ainda estava deitada no chão, meu corpo doía, o mal jeito que eu dormi resultou em várias partes doloridas. Minha cabeça latejava assim que me movi e coloquei-me de pé. Não ouvia nenhum ruído lá fora, então caminhei até o banheiro e me olhei no espelho.

Eu estava um bagaço, meus olhos estavam inchados, meu nariz vermelho e havia alguns rastros de lágrimas secas pelo meu rosto. Tomei um banho quente e relaxante, hoje era visível pela primeira vez ver uma ainda que pequena protuberância em meu corpo.

Lavei meus cabelos e os sequei alí mesma enrolada em um roupão, caminhei até o closet e vesti uma lingerie, a temperatura havia caído mas o aquecedor da cobertura era potente fazendo-me optar por um cropped que deixava novamente minha barriga à mostra e um moletom que escondia a gravidez de certa forma.

Respirei fundo antes de destrancar a porta e sair do quarto, já havia anoitecido e as luzes da sala estavam acessas. A paisagem lá fora era linda mesmo de noite e alguém estava sentado na poltrona, quando me viu pôs-se de pé me olhando.

- Graças a Deus... - Cole estava um trapo. Apenas com a camisa social desajeitada para fora da calça, seus cachos estavam bagunçados eu só vi ele daquele jeito uma vez.

- Você bebeu? - Perguntei.

- Não, não, não. - Respondeu rapidamente. - Estou te esperando, pra gente conversar, eu estou sóbrio, juro. - Parecia uma criança tentando convencer os pais que era inocente e que não havia aprontado.

- Não tem o que conversar, Cole. - Respirei fundo, não choraria mais por aquela situação, Cole parecia que tinha sido gravemente ferido pois me olhava como se eu o tivesse feito.

❦𝗨𝗺𝗮 𝗣𝗿𝗼𝗽𝗼𝘀𝘁𝗮 𝗜𝗻𝗲𝘀𝗽𝗲𝗿𝗮𝗱𝗮❦ [𝐂𝐨𝐧𝐜𝐥𝐮𝐢́𝐝𝐚]Onde histórias criam vida. Descubra agora