RaBia: Je suis ici

Independência

Olá, rabias 🗼 ! Como cês tão ?

É bom lembrar que apesar de alguns links com a realidade, todo o enredo e os personagens são pura ficção.

E eu mudei o nome e as características da mãe da Rafaella na fic, aqui é Marta, tá ? Não quis associar d. Genildinha Furacão (maravilhosa) ao personagem. Espero que entendam.

E VAMOS DE FOGO NA ERA CLEAN ?! 🔥 🔥 🔥

Divirtam-se

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POV BIANCA ANDRADE

O colonialismo é uma forma de dominação de um povo sobre o outro. Na história, foi motivado por interesses econômicos, mas na verdade, ia bem além disso, já que controlavam o idioma, a religião, a arte... basicamente a forma de viver. Diante de tanta tirania, inevitavelmente os colonos se mobilizavam em busca de independência. E a forma mais utilizada para alcança-la era a guerra. Bom... como mulher e oriunda de periferia, Bianca aprendeu desde cedo a travar suas batalhas e foram muitas. Entretanto, a luta pela independência, o que Rafaella vivenciava, Bia não entendia. Nunca passou por nada parecido. Porém, a carioca sabia que a independência não se faz com um grito, com um ato. É todo um processo lento e demorado para se estabelecer uma identidade, uma autossuficiência e uma solidez. É preciso tempo para transformar os traços e marcas do colonizador em algo próprio. Então naquele encontro inesperado no apartamento da mineira, Bianca tinha certeza que a guerra de Rafaella estava apenas começando.

- RAFAELLA, O QUE BIANCA ANDRADE ESTÁ FAZENDO AQUI ? - a voz da figura alta, grisalha e de expressão carrancuda ecoou firme pela sala até a ilha da cozinha americana, atingindo Bianca que empalideceu imediatamente. Já conseguia prever o embate que se sucederia e que não havia a menor chance de Rafa sair ilesa.

- Mãe... - a voz da mulher era trêmula e apavorada, parecia perdida em suas próprias palavras. Era evidente que aquela reação insegura só a comprometeria ainda mais, porém Bia imaginava que era inevitável para Rafa não se sentir aterrorizada.

- Meu amor - sua voz e sua postura mudaram imediatamente, tornando-se suaves e acolhedoras - Essa garota é uma depravada e imoral... uma péssima influência para você, meu anjo - cochichou para a filha, entretanto, seu tom era propositalmente alto o suficiente para que a carioca não deixasse de ouvir aqueles insultos - e de fato, Bia escutou cada palavra, mas aquilo não provocou a reação que a senhora desejava. A morena permaneceu imóvel com a xícara na mão. Já havia ouvido aquilo e coisas até piores muitas vezes antes e sabia que ainda ouviria algumas vezes depois, então não se permitia atingir por essas ofensas. Não vindo daquela mulher que não a conhecia. Entretanto, não suportaria, caso Rafaella, a quem tinha se exposto de todas as formas, validasse aquele discurso - Minha filha, além de tudo, ela ainda pode sujar sua imagem !

- Pelo amor de Deus, mãe, para ! - suplicou chorosa apertando as mãos em prece com quase tanta força quanto segurava as lágrimas - Vamos manter o mínimo de respeito aqui !

- Ela não é aquilo lá ? Que pega homem e mulher e sabe lá Deus o que mais... - seu tom despejava uma falsa inocência - Como chamam mesmo ? Bi, né ? Ela é bi ?

- Sou ! - Bianca se pronunciou pela primeira vez, atraindo atenção da senhora para si. Não tinha a menor intenção de ser agressiva, não queria piorar as coisas para Rafaella. Entretanto, precisava deixar claro que não se intimidaria ali, por isso usou sua melhor arma: ironia - Sou Bi, Bianca, Bibi, Biazinha... Mas eu prefiro que a senhora me trate por Bianca mesmo.

- Bianca ! - a mulher se aproximou da bancada da cozinha, projetando seu corpo para frente. Tinha um sorriso grande e cínico nos lábios - Sabe... longe de mim querer te expulsar daqui. Jamais seria rude com você, querida - toda aquela falsidade começou a fazer o sangue de Bia ebulir. Precisava reunir todo seu autocontrole para não avançar naquela velha maldita - Mas a Rafaella vai receber o namorado aqui em algumas horas, então ela precisa se arrumar para o jantar - direcionou uma piscadela para a carioca que precisou iniciar um mantra mental.