Intimidade

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Olá, rabias 🗼 ! Como cês tão ?!

Esse cap continua exatamente de onde o anterior parou, okey ?

Divirtam-se

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POV BIANCA ANDRADE

Romantiza-se bastante a Europa do século V a XV. Há uma glamourização dos castelos, dos cavaleiros, das espadas, das batalhas, mas, na verdade, o período era uma merda. Repleto de violência, guerra, injustiça social, doenças contagiosas... a expectativa de vida beirava os 30 anos. E uma das principais formas de organização social na época era vassalagem. Basicamente homens ricos e poderosos ofereciam suas terras a homens menos ricos e poderosos, que em troca deviam pagar-lhes tributos. Até ai tudo bem, né ? Parece bastante com um contrato de aluguel. O problema é que esse acordo não se restringia a aspectos econômicos. Basicamente o vassalo entregava tudo ao suserano. E tudo é tudo mesmo... a escolha do casamento dos filhos, a decisão da colheita, o círculo social. Há relatos de senhores que tomavam até as esposas dos vassalos... Agora que acordo injusto do caralho é esse ? Entregar toda autonomia em troca de abrigo, proteção, cuidado e status social ?! Hoje isso é tão absurdo quanto pensar que, por morar em um propriedade e participar de um núcleo, abre-se mão de decidir as roupas, a faculdade, os amigos e o namoro. Absurdo, né ? Nem tanto. Acontece o tempo todo em algumas casas e em algumas famílias. Infelizmente educação familiar e hierarquia parental se confunde muito com as relações de vassalagem. Isso é injusto e violento. E o que Bianca estava presenciando na casa de Rafaella era injusto e violento. Ao ouvir a mineira falar no telefone, nada parecia uma conversa entre mãe e filha, mas sim entre um suserano e um vassalo.

Bianca amava sua família. Certo que sua família se resumia a sua mãe, sua irmã e seu padrasto e isso facilitava as coisas. Menos gente é igual a menos confusão, intriga e fofoca. Todas as outras pessoas com quem possuía vínculo sanguíneo, Bia classificava como parentes e a eles, não devia qualquer satisfação nem aceitava cobranças. Assim funcionava a família de Bianca Andrade, mas ela entendia que há várias outras formas de organização familiar. Família assim como o amor é muito única e peculiar, é difícil (talvez impossível) encontrar uma definição que abranja tamanha diversidade. Entretanto, é possível (e válido) definir o que não é amor e o que não é papel da família. Amor não é posse, não é controle, não é dominação. E nada disso também é papal da família. Condicionar o afeto ao atendimento das próprias expectativas não é amor. Oferecer proteção, abrigo e segurança apenas se o indivíduo atender as demandas e desejos do outro não é amor. E aparentemente Rafaella não conseguia entender isso muito bem quando se tratava da própria família.

A mãe da mineira interrompeu o jantar das mulheres com inúmeras ligações e mensagens. E mesmo após a loira explicar que não conversaria naquele momento, Genilda insistiu com mais ligações e mensagens. Quando ameaçou aparecer imediatamente no apartamento da filha, Rafa não viu outra saída a não ser atender a chamada da mãe. Bianca assistia a tudo de maneira atônica e assustada, nunca em seus 25 anos de existência passara por nada semelhante. Era simplesmente absurdo e revoltante ouvir Rafaella choramingar no telefone e se desculpar por ter colocado fim no próprio namoro. Presenciar aquilo sentada no sofá fazia os sentimentos de Bia variarem de ira a tristeza a cada segundo. Ela queria colocar Rafa no colo e afaga-la. Ela queria também gritar e xingar a mãe da mulher. Entretanto, Bianca sabia que não podia fazer nada, por isso esperava atentamente Rafaella terminar aquela maldita ligação.

- Rafa ? Tá tudo bem ? - a mineira surgiu na sala com os lábios trêmulos e olhos marejados. Não disse uma palavra sequer, apenas assentiu positivamente. Mas Bia sabia que ela não estava bem e não sabia se sua presença ali ajudava ou piorava as coisas - Você prefere que eu vá embora ?

RaBia: Je suis iciOnde histórias criam vida. Descubra agora